sábado, 28 de fevereiro de 2015

Lagoa do Campelo atinge sua pior seca e entra em falência hídrica


César Ferreira/Armando Barreto - Ascom

Força tarefa foi montada para realizar intervenções emergenciais 
no Canal do Vigário


Moradores da localidade de Mundéus, zona rural de Campos, estão preocupados com a situação da Lagoa do Campelo, que por causa da estiagem que atinge a região desde o ano passado, vem passando pela pior seca de toda sua história. O problema é tão sério, que a água tem evaporado rapidamente, e caso não haja intervenção em até 10 dias, especialistas acreditam que a lagoa poderá entrar em fase de falência hídrica, ficando completamente seca.

A mortandade de peixes também vem alarmando a população, que teme ficar sem renda após o fim da piracema, prevista para o próximo dia 01 de março.

Segundo os pescadores, cerca de 70 famílias dependem exclusivamente da pesca, mas devido a seca, os pescados ficam presos na rachadura do solo e na lama presente no fundo da lagoa e morrem.

O presidente da Associação dos Pescadores Artesanais da Lagoa do Campelo, Amaro Ferreira Flor, 64 anos, disse que a falta de chuva não é a causa principal da seca da lagoa. “O fechamento das comportas do Canal do Vigário, nas proximidades da extinta Usina São João, pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), impediu que a água chegasse ao local. Se as comportas tivessem sido abertas durante a cheia do Paraíba do Sul, a lagoa hoje estaria com água. Hoje, com esta seca, aberta ou fechada, não faz diferença”, avalia Amaro.

Segundo dados da Associação, quando ainda existia vida na lagoa, a renda familiar chegava a R$ 1.200 por mês e era possível viver de várias espécies de peixes, entre eles, robalo, camarão pitú, tilápia, carpa e sairú.

O superintendente regional do Inea, em Campos, René Justen, informou que sete quilômetros do Canal do Vigário já foram limpos. “Se tivesse aberto as comportas alagaria as propriedades rurais. Sobre o aterramento, quando a passagem é desobstruída, não tem como não aterrar”, alega o superintendente.



CORRIDA CONTRA O TEMPO
Uma força tarefa foi montada para realizar intervenções emergenciais no Canal do Vigário, a fim de salvar a Lagoa de Campelo e outros pontos da rede hídrica de Mundéus e localidades próximas, e também assistir pescadores artesanais e produtores rurais.

Conforme informou o secretário municipal de Agricultura, Eduardo Crespo, foram definidas quatro ações emergenciais. A primeira delas foi realizada nesta quinta-feira (26/02) na ponte sobre o Canal do Vigário, junto ao Assentamento Zumbi dos Palmares, com a retirada de materiais utilizados na obra de construção do mineroduto. A segunda ação será a limpeza da Lagoa do Vigário nos pontos mais críticos, para facilitar a vazão de água por todo o canal.

“Na segunda-feira (02/02) vamos deslocar máquinas para essa limpeza e solicitar o apoio do governo federal para dar continuidade à limpeza do canal. Já na terça (03/02), teremos reunião do Comitê da Bacia Hidrográfica do Vale do Paraíba, para apontar intervenções necessárias em outros canais”, acrescentou o secretário informando que a quarta ação emergencial será apresentada, em reunião, à secretaria da Família e Assistência Social e também encaminhada ao governo federal.


De acordo com o membro da Rede Rio de Territórios da Cidadania, José Armando Barreto, uma grande mobilização tem sido feita pelos agricultores familiares e pescadores artesanais, que estão preocupados com a situação da lagoa. Ele também disse que a Prefeitura de Campos tem entendido a necessidade e urgência da situação e colocou a disposição da população máquinas para as intervenções no local.

“Não há tempo que se perder, pois a situação está crítica, o lençol freático está comprometido e a população desesperada. O que iremos fazer e a Prefeitura se dispôs a isso, será deslocar uma bomba do Rio Paraíba para o Vigário para ver se ameniza a situação”, ressaltou José Armando.

Além de Armando e do secretário Eduardo Crespo, participam da força tarefa a Secretaria de Pesca, Associações de Pescadores Artesanais e de Produtores de Assentamentos Agrícolas, além de produtores independentes, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Vale do Paraíba.



Postado por: KELLY MARIA/Ascom/Show Francisco



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