quarta-feira, 15 de abril de 2015

Maternidade é alvo de acusação


A família de uma adolescente de 17 anos, que estava grávida de cinco meses, denunciou suposta negligência no atendimento da maternidade da Santa Casa de Misericórdia de São João da Barra (SJB). O caso teria acontecido há cerca de quatro meses — em um mês, essa é a segunda reclamação sobre o atendimento no local. A mãe da adolescente, a gerente Ana Paula Pereira, de 33 anos, informou que o caso teria acontecido do dia 24 para o dia 25 de novembro último. “Dez dias antes, ela tinha feito exame e estava tudo bem com ela e com o bebê. Ela teve um sangramento. Foi à UPA, mas transferiram para a Santa Casa de lá (SJB). Ela entrou meia-noite (Santa Casa) e quase às 4h da manhã bati na porta para saber como estava. Só tinha a médica e a anestesista na sala. Não tem estrutura hospitalar. Primeiro tentaram parto normal e depois a cesárea. Não poderia fazer isso porque lá não tem UTI neonatal”, afirmou Ana Paula, completando: “Perguntei como o estado dela estava e falaram que estava estável. Depois informaram que estava com hemorragia. Antes disseram que não tinha ambulância, porém, depois da cirurgia chamaram o resgate. E só depois, na Santa Casa, informaram que o bebê tinha morrido. Ela foi transferida para o Hospital Plantadores de Cana (Campos), com a pressão muito baixa, precisou de transfusão. Ficou na UTI e só teve alta no dia 11 de janeiro (último). Passou por três cirurgias. A última, em dezembro, foi a histerectomia (cirurgia para a retirada do útero). Tentaram preservar, mas não teve jeito. Até hoje ela vai ao hospital três vezes na semana para fazer curativo”, afirmou a mãe da jovem.

Ainda de acordo Ana Paula ninguém da Santa Casa e da Prefeitura se pronunciou. “Em janeiro quando fui até a Santa Casa fazer o requerimento do prontuário dela disseram que a maternidade é da Prefeitura. Fizemos registro na delegacia”, disse, acrescentando que a cicatriz é grande. “Queremos justiça e que outras pessoas não passem pelo o que ela passou. Ela não poderá ter mais filhos. A cicatriz do coração é muito maior. São João da Barra não tem estrutura”, lamentou. A adolescente também criticou: “O que passei não desejo para ninguém. O sentimento de dor é grande”, desabafou.

O provedor da Santa Casa de SJB, Renato da Silva Batista informou que “a maternidade está locada na Santa Casa, mas é de responsabilidade da Prefeitura”.

A Folha da Manhã entrou em contato com a secretária de Saúde, Denise Esteves, na última sexta-feira (10), na segunda (13) e terça (14), para que se pronunciasse sobre a denúncia. A secretária informou, por telefone, que ainda não tinha em mãos informações sobre a situação e argumentou que nenhuma denúncia havia chegado à Ouvidoria do órgão.

Escassez de profissionais compromete serviço

No último dia 20, a Folha publicou matéria informando que a maternidade da unidade estava atendendo com equipe reduzida nos finais de semana. Na ocasião, a secretaria de Saúde da Prefeitura sanjoanense, que administra a maternidade, informou que diariamente o setor conta com dois obstetras, um pediatra e um anestesista. Para compor a equipe do sábado, o órgão ainda estava buscando novos profissionais para tentar resolver o problema. A secretária municipal de Saúde, Denise Esteves, havia informado, na ocasião, que um obstetra recentemente contratado não pôde assumir o plantão do sábado alegando problemas pessoais. Neste plantão específico (07/03/2015), uma gestante, moradora de Grussaí, não teria conseguido atendimento na maternidade da Santa Casa. Tudo porque na porta estaria um cartaz afixado informando que não havia médicos. A reclamação foi divulgada em matéria da Folha da Manhã no dia 11/03/2015.

Na quarta-feira (11/03), após a reclamação da gestante, a secretaria de Saúde de SJB, procurada pela reportagem, argumentou que o problema existe atualmente porque a Prefeitura teria recebido ordem do Ministério Público para abrir concurso público, o que gerou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) visando a realização de Processo Seletivo e posterior contratação de profissionais de saúde em caráter emergencial, até a promoção do certame. No entanto, ainda segundo o órgão, mesmo com a autorização, a dificuldade maior era encontrar profissionais disponíveis.


Folha da Manhã/Show Francisco
Carolina Barbosa
Foto: Michelle Richa 





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