terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Integrantes do MST deixam fazenda que foi ocupada em Campos

Mais de 400 famílias acamparam na propriedade Santa Luzia que faz parte da Usina Sapucaia (Coagro) na segunda-feira

Integrantes do MST na fazenda ocupada em Campos (Reprodução)

Os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) deixaram a fazenda Santa Luzia, em Campos dos Goytacazes, na noite de segunda-feira (10). Mais de 400 famílias acamparam na propriedade que faz parte da Usina Sapucaia (Coagro) no início da manhã. A alegação do grupo era pressionar o governo federal e o Incra por reforma agrária na região. A direção da usina repudiou a ação considerada como invasão. Entidades de classe e vereadores fizeram um manifesto criticando a ocupação.

Na noite de segunda-feira (10), o MST emitiu nota por meio de redes sociais. Segundo a assessoria da organização, houve pressões políticas e policial para a retirada do acampamento:

“As 400 famílias acampadas do MST deixaram a ocupação da Fazenda Santa Luzia, da Usina Sapucaia, em Campos dos Goytacazes, de forma pacífica diante das ameaças de um contingente policial desproporcional, incluindo mais de 20 viaturas, três ônibus e a tropa de choque da Polícia Militar, orientados a expulsar trabalhadores, crianças e idosos do terreno sob qualquer circunstância e sem a decisão judicial”.

Ainda segundo o MST, diversos parlamentares e representantes de órgãos públicos fizeram contato direto com o governador Cláudio Castro em busca de diálogo e negociação, incluindo a deputada estadual do Rio de Janeiro Marina do MST (PT), os deputados federais Lindbergh Farias (PT) e Jandira Feghali (PCdoB), o ministro Paulo Teixeira do Ministério do Desenvolvimento Agrário, além do Incra, do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública.

“O governador Cláudio Castro, no entanto, preferiu tratar a questão social como caso de polícia. As áreas em questão estão em processo de adjudicação devido a dívidas superiores a R$ 200 milhões, incluindo mais de R$ 90 milhões em débitos previdenciários não pagos aos trabalhadores. Atualmente, as áreas são arrendadas pela Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), empresa do vice-prefeito de Campos, Frederico Paes, que também deve mais de R$ 3 milhões em FGTS não pago aos trabalhadores da Usina. As famílias acampadas deixam as terras da Usina hoje com a certeza de que a luta continua e com a confiança de que as autoridades competentes se empenharão em concluir o processo de adjudicação nos próximos meses para a conquista da posse definitiva. Este é um compromisso firmado pelo ministro Paulo Teixeira, que garantiu que “vai adquirir essa área por adjudicação para a Reforma Agrária”.

Nota da Coagro


Na manhã de segunda-feira (10), logo após tomar conhecimento da ocupação da fazenda Santa Luzia, a direção da Coagro emitiu um comunicado em que repudiou a ocupação da propriedade feita pelos integrantes do MST, considerada como invasão de terra:

“A COAGRO repudia veementemente a invasão de terras produtivas pertencentes à Usina Sapucaia e arrendadas à cooperativa desde 2013. Essas áreas, arrendadas em processo judicial, são fundamentais para a geração de empregos e o sustento de milhares de famílias em Campos e Região.

A ocupação indevida, de terras regularmente subarrendadas a cooperados, coloca em risco a produção em curso, prejudica os cooperados e ameaça a segurança dos trabalhadores.

Diante desse grave cenário, todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas para garantir a integridade das atividades e os direitos assegurados em lei da COAGRO e de seus cooperados.

A COAGRO é uma cooperativa de produtores de cana-de-açúcar constituída há 22 anos, com mais de 10 mil pequenos cooperados, gerando três mil empregos diretos e indiretos.

Confiamos na Justiça e nas instituições para a rápida reversão da situação e reafirmamos nosso compromisso com o desenvolvimento do setor e o respeito à lei”.
Fonte:J3News

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