terça-feira, 26 de agosto de 2025

Escutando as Crianças: A Importância de Acreditar no que Elas Dizem

A escuta ativa das crianças é uma ferramenta poderosa na prevenção e no enfrentamento do abuso infantil. Muitas vezes, a violência passa despercebida porque adultos não dão atenção ou desacreditam os relatos das vítimas. A criança que se sente ouvida e acreditada tem mais chances de buscar ajuda e se proteger, enquanto o silêncio imposto pelo descrédito perpetua o ciclo de abuso e sofrimento.

Por que acreditar na criança é essencial
Crianças são vulneráveis e muitas vezes se sentem intimidadas pelo agressor, que pode ser um familiar, vizinho ou pessoa próxima. Quando um adulto responde com desconfiança, dúvida ou punição, a criança tende a se calar, internalizando medo, culpa e vergonha. Acreditar em sua narrativa transmite segurança e validação emocional, permitindo que ela compreenda que seus sentimentos são legítimos e que não está sozinha.

Como ouvir de forma adequada
Escuta sem julgamento: é importante ouvir atentamente, sem interromper, criticar ou tentar adivinhar detalhes. Perguntas abertas, como “Você quer me contar o que aconteceu?” permitem que a criança fale no seu próprio ritmo.

Respeitar o silêncio: nem sempre a criança consegue relatar o abuso imediatamente. A paciência e a presença constante demonstram que há alguém confiável para apoiá-la.

Evitar prometer sigilo absoluto: Explique que buscar ajuda é uma forma de protegê-la e que certos passos precisam ser tomados para garantir sua segurança.

Observar sinais não verbais: choro, retraimento, medo, agitação ou silêncio prolongado também são formas de comunicação que merecem atenção.

Ações após ouvir a criança
Registro e documentação: anotar datas, relatos, mudanças de comportamento e sinais físicos sem modificar ou interpretar exageradamente a narrativa da criança.

Acionamento de autoridades: Conselho Tutelar, delegacia especializada e serviços de denúncia como o Disque 100 devem ser contatados imediatamente.

Apoio profissional: psicólogos e assistentes sociais podem oferecer acompanhamento emocional e estratégias de enfrentamento, evitando que o trauma se intensifique.

Educação e prevenção
Incentivar crianças a expressar sentimentos e relatar situações desconfortáveis desde cedo fortalece sua autoestima e autonomia. Programas escolares e familiares que ensinam sobre direitos, limites e casamento respeitoso aumentam a confiança da criança em buscar ajuda quando necessário.

Conclusão
Escutar e acreditar na criança é mais do que um ato de atenção: é um passo vital na proteção e no enfrentamento do abuso infantil. O adulto que acolhe, valida e age cria um ambiente de segurança, permitindo que a criança se recupere do trauma e que padrões de violência sejam interrompidos. A escuta ativa transforma o silêncio em voz, e a voz em proteção, garantindo que cada criança tenha a chance de viver com dignidade, confiança e bem-estar.


Fonte: Izabelly Mendes.

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