Muitas vezes
perguntam o que vem a ser
"Afinidades".
Afinidade é um sentimento
de difícil explicação.
Vamos tentar chegar
a algum lugar.
Coisas curiosas
às vezes acontecem
com a gente.
Vocês já notaram que,
com muita frequência
encontramos ou só conhecemos,
mesmo sem encontrar,
pessoas que nos
despertam de imediato
uma grande simpatia e,
por vezes
uma grande antipatia?
Perguntamo-nos o porque disso?
Não deixa de ser estranho tal fato.
O normal seria simplesmente
aguardar os acontecimentos
para saber se essa pessoa por
suas atitudes futuras
pode ou não merecer nossa amizade.
Mas...à primeira vista ?
A única explicação que encontro,
por vezes não tem concordância
de muita gente.
Trata-se pura e
simplesmente de reencontro
de vidas passadas,
com as cobranças e resgates naturais
de embates anteriores.
E isso ocorre
com muita frequência.
Puxem pela memória
e vejam quantas vezes vocês já
tiveram essa experiência.
Aquela sensação de,
à primeira vista,
pensar que determinada pessoa
pode ou não ser uma pessoa confiável,
de quem nós iremos gostar,
ou não.
Algumas vezes essa primeira
impressão é errônea,
mas é a que prevalece até que
tenhamos provas contrárias.
Vamos tentar definir o que vem
a ser essa Afinidade.
Pode não ser o mais brilhante,
mas é o mais sutil,
delicado e penetrante dos
sentimentos.
Não importa o tempo,
a ausência, a distância,
pois, em caso de afastamento,
qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa,
o afeto,
no exato ponto onde foi
interrompido.
Parece, na verdade,
não ter o sentido do tempo.
É muito raro manifestar-se,
mas quando ela existe,
não é necessária a criação de códigos
verbais para se manifestar,
pois, na verdade,
ela já existia antes mesmo
do conhecimento,
e permanece ainda que as
pessoas se afastem.
É o caso daquelas "presenças ausentes",
pois mesmo que os amigos estejam
longe ou afastados,
sempre são lembrados.
Quem não tem aquela
amizade inesquecível?
Aquela pessoa que mesmo longe,
sempre é lembrada com saudades,
devido à grande
semelhança de pensamentos,
idéias, sentimentos.
Mesmo longe,
sentimos a presença.
Sentimos simplesmente.
Nem contra, nem a favor,
muito pelo contrário.
Sentimos a presença,
sem ter necessidade de explicar
o que estamos sentindo.
É olhar e perceber.
Sem dúvida,
é um sentimento singular,
discreto e independente.
A presença pode ser detectada a
quilômetros de distância,
mas é percebida pela maneira de falar,
de escrever, de andar, de respirar...
Enfim... Está sem estar.
Quando existe uma afinidade,
a relação é retomada no tempo
em que parou,
pois ela é atemporal.
A amizade pode
ser destruída por muitas coisas,
muitas mágoas, mas a
afinidade a tudo resiste.
As pessoas sentem esse sentimento,
porque ele existe,
e não buscam explicações.
Procuramos motivos para
sermos amigos de alguém,
e o primeiro dos quais é,
se existe alguma afinidade entre nós.
Então,
para haver Amizade, é preciso
que haja Afinidade.
Para que possamos amar alguém,
então ela é imprescindível...
Não podemos amar ninguém
com que não tenhamos sentimentos
"afínicos".
No caso de Amor,
então, além da Afinidade,
também há que existir a Amizade.
Em casos de separação prolongada,
o amor pode desaparecer,
amizades podem ser esquecidas,
mas se existir Afinidade,
o esquecimento não existe,
porque para sua subsistência,
basta a vida.
A qualquer momento que se
dê o reencontro,
ele será gratificante,
porque,
tanto o tempo quanto
a separação,
na verdade nunca existiram.
Foi apenas a
oportunidade dada pelo tempo
para que a maturação
pudesse ocorrer
e que cada pessoa pudesse sentir
cada vez mais que realmente são
"afínicas".
Resumindo tudo,
Afinidade vem a ser a presença
do ausente.
Mesmo que não estejamos perto,
assim nos sentimos,
pois nossos sentimentos comungam,
nossas idéias "batem",
nossos pensamentos, enfim,
são "Afínicos".
Reside aí o princípio,
meio e fim de lindas amizades.
TEXTO DE: Marcial Salaverry