A categoria realizou greve nacional nesta terça-feira por conta da redução do valor das bolsas de estudos realizada pelo MEC

Manifestantes se concentraram em frente ao Hospital dos Plantadores de Cana (Fotos: Carlos Grevi)
Um grupo de médicos residentes fez manifestação em frente aos hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde, em Campos, nesta terça-feira (3), protestando contra a redução de salários provenientes de bolsas de estudos autorizadas pelo Ministério da Educação. A categoria realizou uma paralisação em todo o país de 24 horas. A redução proposta pelo governo federal é de 14%. Atualmente, a hora trabalhada é de R$12,35, mas está prevista para valer R$11,93. Os residentes devem cumprir 60 horas semanais. Por mês, recebem R$2900 líquidos de benefício que passará para R$2700.
No Hospital Plantadores de Cana, vários médicos residentes compareceram à unidade, mas não atenderam pacientes. Com faixas e cartazes, eles manifetaram insatisfação com a redução do valor da proposta feita pelo governo. Só no HPC, trabalham cerca de 26 residentes nas áreas de pediatria, clínica médica, ginecologia e obstetrícia, dermatologia, oncologia e saúde da família. Em Campos, há cerca de 70 médicos residentes atuando em três unidades hospitalres: Hospital Escola Álvaro Alvim, Beneficência Portuguesa e Plantadores de Cana.

“Decidimos protestar e seguimos a convocação de greve nacional organizada e divulgada em redes sociais como o Instagram. Contamos com a adesão de todos os residentes do HPC e obtivemos apoio de sindicatos e conselhos ligados à medicina”, comentou Kiara Braga, residente na área de ginecologia e obstetrícia.
De acordo com a médica residente na área de pediatria, Alice da Silva, o movimento não é contrário a nenhuma instituição médica municipal. “Temos apoio da Prefeitura de Campos e dos hospitais para realizarmos nosso aprimoramento e aperfeiçoamento profissionais. A direção do HPC é solidária à nossa causa, pois desde 2015 não há reajuste do valor da bolsa, e, atualmente, o governo propõe reduzir”, queixou-se.

Outras organizadoras da manifestação, as médicas residentes Lara Laterça e Yohanna Peixoto, disseram que 24 horas após a paralisação, as atividades dos residentes prosseguirão normalmente. “Nós cumprimos toda a carga horária no local de trabalho, mas como protesto, decidimos não acompanhar os pacientes, a não ser em casos de emergência”, comentaram.
O presidente do Sindicato dos Médicos de Campos, José Roberto Crespo, compareceu à manifestação em frente ao Hospital dos Plantadores de Cana.
“Esta é uma luta nacional. A bolsa do residente está muito baixa. Ele mora praticamente no hospital. É uma mão de obra importante para o funcionamento das instituições. É preciso valorizar esses profissionais que têm no ideal a formação e a qualificação. Porém, o governo ao longo dos anos, tem diminuído o valor das bolsas. Isto contribui para profissionais mal-formados”, disse.
Dr. José Roberto Crespo, presidente do Sindicato dos Médicos apoiou a manifestação
O sindicalista reforçou o valor da bolsa de estudos de R$3200 sem descontos pago nacionalmente, estipulado pelo MEC. “Há também a preocupação da diminuição das vagas oferecidas para médicos residentes, estão fechando hospitais. Isto desmotiva, pois há uma defasagem salarial dos médicos e dos residentes em geral no serviço público”, conclui.
Terceira Via/Show Francisco