sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Familiares dos pescadores de SFI se desesperam após supensão das buscas

Bianca Alonso

Silesio Correa
“Todos os dias vou para a beira do mar e fico olhando na esperança de vê-los voltar. Está sendo muito difícil, não sei como vou fazer para superar esta situação”. Com essas palavras, Delpídio de Oliveira, de 73 anos, pai e avô de dois dos cinco pescadores desaparecidos de Barra do Itabapoana, relata o sentimento de não ter o filho e o neto por perto

Na última quarta-feira, após dez dias de buscas, a Marinha do Brasil divulgou a suspensão da procura pelos cinco homens. Segundo eles, o tempo estipulado de 72 horas foi ultrapassado e a possibilidade de encontrar os pescadores com vida é remota. Ainda de acordo com a Marinha, as buscas podem ser retomadas se algum fato novo aparecer.

Silesio Correa
Os familiares dos pescadores estão inconformados com a suspensão, segundo eles, nenhum corpo foi encontrado o que ainda é motivo para ter esperança. Para Dalva, mãe de Clayton de Oliveira Ventura, de 28 anos e irmã de Dídimo de Oliveira, de 49 anos, a vida nunca mais será a mesma.

— Toda vez que eles voltavam de dias de pesca era uma festa. A família e os amigos se reuniam para comemorar a boa pesca. Meu filho começou a pescar com 16 anos. Ele fez cursos, mas o grande sonho dele sempre foi ser pescador, tanto é que ele era visto como um grande pescador pelos mais antigos. Agora nunca mais vamos conseguir reunir todos para uma comemoração, em todo lugar que passamos lembramos-nos deles — contou.

De acordo com Dalva, os filhos de Clayton, um de oito e outro de cinco anos, apesar de novos, já sentem o que está acontecendo. “Quando falamos sobre o pai com o mais velho ele pede pra gente mudar de assunto, não gosta de falar. Já o mais novo repete várias vezes que quer mostrar ao pai o celular novo que ganhou. É uma situação muito complicada”, relatou.

Além de Clayton e Dídimo, também estavam no barco Ivan Lins Guimarães Curitiba, 22 anos, Rondinele Mota da Conceição, 32 anos e Claudemir Ferreira Mota (Mico), 41 anos. Eles desaparecem no último dia 14, eles saíram de Barra de Itabapoana, distrito de São Francisco. O último contato foi feito durante a madrugada com eles pedindo socorro pelo rádio. O casco da embarcação “Marimanda” foi encontrado no último domingo, dia 15, a cerca de 120 Km de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos.

"Não era para ele ir" - Dalva contou que Dídimo não queria mais ser pescador e esta era a última viagem dele para pescar. “Meu irmão disse que não queria mais essa vida, não era para ele ir nesta viagem. Quando ele me falou que tinha cansado desta vida de ir para o mar, eu consegui um emprego para ele perto da nossa casa, ele estava todo feliz. Ele combinou com outro rapaz para ir no lugar dele nesta viagem que já estava programada, como aconteceu um imprevisto e a pessoa não pôde ir no lugar dele, ele me disse que ia fazer a última pesca dele”, contou.

Os moradores de Barra do Itabapoana estão desolados com o caso dos cinco pescadores. Um grupo musical que estava programado para se apresentar no último final de semana, cancelou o show e declarou luto pelos cinco homens.

Pai de Dídimo e Avô de Clayton, Delpídio sempre foi uma pessoa alegre. Mesmo com 73 anos, era o responsável pela música das reuniões de família, já que canta e toca vários instrumentos.

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