quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Previdência garante direitos de segurados não atendidos por causa das chuvas

 Brasília - O Ministério da Previdência Social vai manter o atendimento aos segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Minas Gerais e no Rio de Janeiro que, por causa da chuva, não conseguiram ser atendidos nas agências da Previdência Social (APS) na data agendada para o requerimento de um benefício. A medida vale para todos os municípios que decretaram estado de emergência.

Segundo o ministério, tanto os segurados que não conseguiram chegar às agências como os que não puderam ser atendidos em locais que tiveram seu funcionamento prejudicado terão a garantia da fixação da Data de Entrada de Requerimento (DER). Assim, valerá, para efeitos de concessão de benefícios, a data do primeiro agendamento. Nos casos em que o atendimento na APS não foi possível, o segurado deve ligar para a Central 135 e agendar nova data.

Enchente em Campos
O rompimento de um dique na Rodovia BR-356 em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, faz com que cerca de 4 mil pessoas sejam retiradas de suas casas nesta quinta-feira. De acordo com o secretário de Defesa Civil do município, Henrique Oliveira, uma cratera com cerca de 20 metros foi aberta na rodovia, que fica localizada entre o Rio Muriaé e o bairro Três Vendas, e serve como dique-estrada. 
Foto: Antônio Cruz / Folha da Manhã
Dique no bairro Três Vendas, em Campos de Goytacazes, rompeu e força da água destruiu um trecho da Rodovia BR-356 | Foto: Divulgação
"A água entra no bairro com muita violência. Os moradores deixam suas casas e seguem para um morro", disse Oliveira. Cerca de mil famílias que vivem no local são retiradas às pressas de Três Vendas, localizado em uma depressão geográfica, abaixo do nível do rio. Não há registro de feridos. Soldados do Exército e homens do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil trabalham na retirada da população.

Assim que possível os desabrigados serão encaminhados para colégios estaduais e municipais da cidade. A Rodovia BR-356 liga os municípios de Campos e Itaperuna. Henrique Oliveira disse que, em 2008, foram realizadas obras emergenciais na estrada, mas ela voltou a romper na mesmo local nesta quinta-feira.
Campos dos Goytacazes já estava sofrendo com a cheia do Rio Paraíba do Sul, cujas águas estão a 11 metros, três metros acima do nível médio. Pelo menos 600 pessoas estão desabrigadas por conta da cheia do Paraíba do Sul, em diversos locais como a Ilha do Cunha e Matadouro.
Foto: Alessa Oliveira / Folha da Manhã
Defesa Civil interdita a Ponte Barcelos Martins, em Campos, em caráter preventivo | Foto: Alessa Oliveira / Folha da Manhã
O transbordamento do Rio Paraíba do Sul, também em Campos dos Goytacazes, causou a interdição da Ponte Barcelos Matins. De acordo com a Defesa Civil Estadual, o transbordamento começou nesta quarta-feira devido às grandes chuvas que assolam o estado de Minas Gerais. A Defesa Civil disse ainda que a interdição foi feita em caráter preventivo, já que não se sabe se houve ou não abalo. A via seria apenas de passagem de pedestres. 

Situação caótica no Noroeste Fluminense
Bairros alagados, comércio fechado, hospitais esvaziados e mais de 24.500 pessoas fora de suas casas, invadidas pelas águas. Esse é o cenário no Noroeste do estado, afetado pelas chuvas: sete municípios — Laje do Muriaé, Santo Antônio de Pádua, Itaperuna, Italva, Cardoso Moreira, Aperibé e Miracema — decretaram estado de emergência. Em Italva, metade dos 16 mil moradores está sem água potável, segundo o prefeito Joelson Soares.
Foto: Antonio Cruz / Folha da Manhã
Em Pádua, carros e motos deram lugar a botes e barcos em ruas que viraram rios | Foto: Antonio Cruz / Folha da Manhã
A Defesa Civil organiza a distribuição de comida e água para áreas mais afetadas. A Secretaria Estadual de Saúde montará, em Itaperuna, uma base de apoio e distribuição de ‘kits de calamidade’, com medicamentos e insumos hospitalares. A Cruz Vermelha já aceita doações.

Nesta quinta-feira, o tempo fica instável e pode chover forte a qualquer momento no Noroeste e na Serra fluminenses. Nesta quarta, o Crea-RJ vistoriou três bairros de Friburgo, na Serra, e constatou que obras de prevenção a desastres como o de 2011 não foram feitas. “A enchente de janeiro foi a primeira e última. Não tenho mais nada e até hoje vivo de doações”, conta Cleia da Conceição, 77.

Em Campos, o Rio Paraíba do Sul passou de 6 a 11,4 metros e na noite desta quarta-feira começou a transbordar. Diversos bairros estão alagados e uma ponte no Centro foi interditada. Em algumas áreas, a água chega a dois metros.

Em Pádua, mais de um quarto dos moradores foi obrigado a sair de suas casas inundadas pelas águas do Rio Pomba, que transbordou. Segundo o vice-prefeito Ralph Kezen, 13 mil tiveram que deixar seus lares. Duas casas de saúde foram esvaziadas e 30 pacientes, transferidos para outros municípios. “Moradores de 13 bairros e dois distritos estão ilhados”, conta Kezen. Em Aperibé, 3 mil dos 10.215 habitantes estão desalojados e 70% da cidade está alagada.

Crea vê ‘caos’ em Friburgo
Engenheiros do Crea que vistoriaram nesta quarta-feira os três bairros de Nova Friburgo mais atingidos pela enchente do ano passado afirmaram que nenhuma das obras recomendadas pelo conselho foi implantada. Técnicos identificaram erro em construção de ponte de concreto sobre rio e classificaram a situação do município como “caótica”.
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
O representante do Crea percorreu bairros de Nova Friburgo | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
“A ponte deveria ter sido construída em arco, para não atrapalhar o fluxo d’água, mas fizeram uma obra para enxugar gelo. A qualquer chuva, a água vai passar por cima da ponte”, afirmou o engenheiro Adacto Ottoni.
Em Duas Pedras, a encosta que caiu derrubando casas na última enchente continua sem contenção. Em Córrego Dantas, o problema mais grave é a expansão desenfreada da largura do rio que corta o bairro. O problema já foi apontado pelo Crea no ano passado. “Avisamos que esse rio era um risco para o bairro. Pedimos a construção de barreiras no início do curso d'água, o reflorestamento da encosta e o saneamento. Mas nada disso foi feito”, diz Ottoni.

Cabral: recursos priorizaram aluguel social e Defesa Civil
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Há 1 ano água levou calçamento de Jd. Califórnia, Friburgo, e nada foi feito | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
O governador Sérgio Cabral afirmou nesta quarta-feira que, no ano passado, “priorizou” o pagamento de aluguel social às vítimas da Serra e investimento em sistema de alerta de chuvas da Defesa Civil com as verbas federais que recebeu. Este ano, dará ênfase a obras de infraestrutura, como contenção de encostas e dragagem de rios.
O governador não respondeu quando pagará as indenizações às famílias que vivem em imóveis condenados. Quase 5 mil aguardam o pagamento há um ano. Semana que vem, prometeu ele, começa a erguer 2.200 imóveis para vítimas de Friburgo e gastará R$ 300 milhões em dragagens e contenções de encostas.

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