quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Quarta vítima fatal é retirada de escombros de prédio no Centro


Rio - Os bombeiros retiraram, durante as buscas na tarde desta quinta-feira, mais um corpo de uma vítima do desabamento de três prédios na Avenida Treze de Maio, no Centro da cidade. Quatro mortes estão confirmadas pela Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil até o momento. Ainda de acordo com a Secretaria, o quarto corpo encontrado é de uma mulher. Equipes de busca e salvamento continuam no local e contam com o auxílio de cães farejadores.


Feridos recebem alta
Quatro vítimas, que foram hospitalizadas por conta do desabamento de três prédios receberam alta. Duas pessoas ainda estão internadas por conta de ferimentos no desastres. O Corpo de Bombeiros ainda procura por pelo menos 21 desaparecidos. Francisco Rodrigues da Costa, de 37 anos, teve ferimentos leves e foi liberado ainda no início da madrugada desta quinta-feira.
Alexandro da Silva dos Santos, de 31, também recebeu alta, ele não sofreu ferimentos após se salvar dentro do elevador do edifício Liberdade. André Luiz da Silva, de 37 anos, teve alta nesta quinta-feira, por volta de 16h30, ele deu entrada na unidade apresentado quadro de dores abdominais e ferimentos leves. Todos estavam internados no Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio.
Já uma mulher, não identificada, de iniciais M. M., de 48 anos, foi por conta própria ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha, na Zona Norte, apresentando escoriações. Ela recebeu alta, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.
Das vítimas que ainda estão internadas, Marcelo Antonio Moreira, de 50, que teve um trauma leve na face e lesão num dos olhos, tem previsão de alta ainda para esta quinta-feira do Hospital Souza Aguiar. Cristiane do Carmo, de 28 anos, foi transferida por volta de 15h para a Casa de Portugal, em Rio Comprido, na Zona Norte do Rio. Ela sofreu uma lesão no couro cabeludo, foi submetida a uma cirurgia e tem quadro estável, sem previsão de alta.
Vítimas fatais são identificadas
As três vítimas do desabamento do prédio no Centro já foram identificadas. Celso Renato Braga Cabral, de 44 anos, e Cornélio Ribeiro Lopes, de 73, morreram na tragédia. O catador de papel Moiséis Morais da Silva seria a terceira vítima, mas a informação não foi confirmada pela Polícia Civil. Os corpos estão no Instituto Médico Legal (IML), no Centro. O reconhecimento foi feito por amigos e parentes das vítimas.  
A Defesa Civil corrigiu, no início da tarde desta quinta-feira, o número de mortos no desabamento. De acordo com o orgão, três corpos foram encontrados. A informação anterior era de cinco corpos resgatados. Por volta das 20h30 desta quarta, um edifício de 20 andares desabou na Avenida Treze de Maio, 44, e, com a queda, os imóveis ao lado, um de oito e outro de quatro andares também ruíram.  

O Corpo de Bombeiros ainda procura por pelo menos 21 desaparecidos. O engenheiro, especialista em estrutura, Antonio Eulálio Pedrosa, disse pela manhã que a causa mais provável para a tragédia é alguma alteração estrutural feita no edifício maior. Eram realizadas obras no 3º e no 9º andar do prédio. "A empresa que realizava a obra pode ter retirado alguma viga a danificado toda a estrutura do prédio", afirmou. 
Corpos foram resgatados na manhã desta quinta-feira | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Seis pessoas ficaram feridas. Cinco delas foram levadas para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, e duas receberam alta. A sexta vítima procurou socorro por conta própria no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, e também já foi liberada.
Três dos seis feridos no desabamento seguem internadas no Hospital Souza Aguiar. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, Cristiane do Carmo, de 28 anos, sofreu uma lesão no couro cabeludo, foi submetida a uma cirurgia e está em estado estável, sem previsão de alta. André Luiz da Silva, 37, e Marcelo Antônio Moreira, 50, que seria o zelador do prédio de oito andares, seguem internados, mas devem ser liberados nesta quinta-feira.


O pintor de paredes Alexandro da Silva Fonseca, de 31 anos, conseguiu se salvar do desabamento porque se refugiou dentro do elevador. Ele seguia para começar o expediente no 9º andar e, após o desmoronamento, pediu socorro pelo celular para um amigo que estava fora do prédio.
"Achei que ia morrer. Lembrei que estava com o celular no bolso e liguei para o meu compadre, que estava perto. O telefone me salvou", afirmou Alexandro. Ele recebeu alta do Souza Aguiar e saiu sorridente ao lado de familiares. De acordo com o pintor de paredes, o elevador caiu e ficou preso entre os terceiro e quarto andares. O elevador caiu com a porta aberta.
Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Alexandro deixou hospital ao lado da mãe, Ioneide da Silva Fonseca Santos, de 60 anos | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Entre os desaparecidos do desabamento está o analista de sistema Amado Tavares da Silva, de 45 anos. "Não quero acreditar que perdi o amor da minha vida", diz Elizabeth Senna namorada do desaparecido. Muito emocionada, Elizabeth conta que não deixará o posto de atendimento da Defesa Civil aos familiares das vítimas do desabamento. "Ficarei aqui até receber notícias dele", disse já chorando muito.
No momento do acidente, Silva estava trabalhando na empresa Tecnologia Organizacional (TO) que ficava no sexto andar do primeiro prédio que desabou. Para o presidente da empresa, Roberto Monteiro, que acompanha os trabalhos das equipes de busca, o cenário é "triste e não há muita esperança".
"Ontem (quarta) à noite, eu tinha uma equipe de 12 pessoas em treinamento na empresa. O curso terminaria às 21h. De todos os funcionários, só Amado permanece desaparecido", explicou Monteiro. Para ele, a esperança de encontrar sobreviventes fica menor a cada momento.

Crea afirma não haver registro de obra em prédio
Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Equipes seguem as buscas no local da tragédia | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
O presidente do Conselho de Análise e Prevenção de Acidentes do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio (Crea-RJ), Luiz Antonio Cosenza, revelou na manhã desta quinta-feira que não há anotação no órgão de responsabilidade técnica nas duas obras que eram realizadas no prédio de 20 andares. Segundo ele, o último registro de comunicação de realização de reparos no edifício Liberdade é datado de 2008. 
Ao contrário do prefeito Eduardo Paes, que praticamente descartou a possibilidade do desmoronamento ter sido provocado por uma explosão de gás, Cosenza disse que nada está sendo descartado pelo Crea. "Já sabemos que duas obras eram realizadas no terceiro e no nono andar do prédio. Para nós esse desmoronamento é uma surpresa. Segundo nossos especialistas, esses prédios do Centro do Rio são antigos e não tem um estrutura frágil. Estamos apurando o que houve", afirmou. 
Ainda de acordo com Cosenza, o Crea tenta identificar o engenheiro responsável pela obra. O órgão quer saber que tipo de reforma estava sendo feita e o tipo de material usado. Caso não haja um representante técnico legal no comando da reforma, o dono da empresa pode ser denunciado por exercício ilegal da profissão, já que indiretamente teria assumido o risco.

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