São Paulo -  Em meio à cachoeira de escândalos que mancha a política brasileira e turva o clima em Brasília, o Baixinho Romário ganhou um ‘Peixe’ de peso para seguir na sua nova carreira e aportar no Rio em 2014: Luiz Felipe Scolari. Ontem, o técnico pentacampeão mundial em 2002 disse a O DIA que confia no caráter do atacante que ajudou a classificar o Brasil para a Copa do Mundo da Coreia e do Japão. E fez uma previsão: em pouco tempo, o hoje deputado federal será destaque absoluto na classe e poderá até mesmo almejar uma candidatura majoritária, levando sua irreverência e conhecida competência de dentro dos gramados para o Palácio Guanabara.
Foto: Luiz Fernando Menezes / Agência O Dia
Foto: Luiz Fernando Menezes / Agência O Dia
“Ele tem tudo para ser governador do Rio de Janeiro”, disse o técnico, que anda decepcionado com a classe política no Brasil e aposta no craque do PSB, partido pelo qual é deputado federal.
Felipão fez as declarações no Centro de Treinamento do Palmeiras, na Barra Funda, em São Paulo.

“Sou amigo do Romário e recentemente nos encontramos. Se engana quem pensa o contrário”, disse ele, que apoia a cruzada do Baixinho pela moralização dos gastos relativos à realização da Copa do Mundo. Com experiência na organização da Eurocopa de 2004, em Portugal, quando ajudou os políticos da terrinha, ele teme pela imagem do Brasil durante a realização do Mundial aqui, em 2014. Para Felipão, a Copa no Brasil será a ‘Copa do improviso’.
“As estradas estão ruins, os aeroportos estão sendo feitos a toque de caixa. Falei que era preciso arregaçar as mangas em 2007, quando fomos escolhidos. Infelizmente não ouviram”.
Romário sorri durante entrevista | Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia
Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia
A tese do técnico é simples: “Criam dificuldades para vender facilidades”.
Por estas e outras, Felipão é Romário e mais 10. Na política. “Romário pode ser o melhor político do Brasil e dar a esperança que sempre sonhamos em dar para nossos filhos, nossos netos. Aposto nele”, disse.
 
Teixeira não se esforçou contra barração
A polêmica sobre o corte de Romário antes da Copa do Mundo de 2002, quando o Baixinho se disse traído por Ricardo Teixeira e prejudicado por Felipão, foi esclarecida ontem pelo técnico. Segundo Scolari, Ricardo Teixeira pôs na mesa os prós e os contras de convocar o Baixinho. E Felipão decidiu deixá-lo no Brasil por uma questão tática. E nada mais.
“Em nenhum momento o presidente Ricardo Texeira me pediu que eu convocasse o Romário. Ele pôs os prós e os contras na mesa...”, disse o treinador, dando a entender que Teixeira não fez o menor esforço para que o atacante, herói da classificação brasileira nas Eliminatórias, fosse ao Mundial da Coreia e Japão.
“Fiz as contas e deixei Romário de fora porque eu precisava de um atacante de movimentação na área”.
 
Feliz da vida, deputado só perde a paciência com o PSB
Em entrevista a O DIA em abril, Romário admitiu que tomou gosto pela política. “Me fez muito bem”, disse. Animado com a possibilidade de fazer algo pelas pessoas com deficiência, crianças e jovens, o ex-jogador só fica mal-humorado quando fala do próprio partido, o PSB.
“Os grandes do meu partido não me atendem. O presidente do meu partido (o governador de Pernambuco, Eduardo Campos), estou há sete meses pra falar com ele, não consigo falar nem ‘bom dia’”, reclamou.
Romário não traçou nenhuma meta para seu futuro político, prefere dar tempo ao tempo. Mas respondeu na lata à pergunta “em quem você nunca votaria de jeito nenhum?”: “Sérgio Cabral”.
Por que, deputado?
“Particularmente? Pelo nosso Maracanã. O que o cara fez com o Maracanã... Isso aí não tem volta. P...! Desfigurou o Maracanã. Deu mais de R$ 1 bilhão num estádio igual ao Maracanã. Não votaria nele nunca mais. R$ 1 bilhão é dinheiro pra c... Vai ficar bonito? Vai ficar lindo, só que não vai ser mais o Maracanã.”