Fotos: Reprodução / Carlos Grevi
Desde a década de 60, data cultua a resistência do negro à escravidão
A força do "espírito presente" traz consigo marcas de um passado e perpetua na consciência daqueles que conhecem a história. Nesta terça-feira (20/11) é comemorado o Dia Nacional da Consciência Negra e para tal importância se discute a luta pela inserção do negro na sociedade brasileira.
O dia passou a ser celebrado na década de 60 e cultua-se a resistência do negro à escravidão com a morte do grande líder Zumbi dos Palmares, em 1695. A partir de então, pretende-se resgatar as contribuições dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país. Mesmo assim, o passado traz consigo ranços sociais facilmente perceptíveis com as polêmicas discussões sobre a inserção do negro no mercado de trabalho e cotas universitárias. São muitos os nomes que fizeram história no mundo todo, na política, na música, no esporte e na cultura, como Nelson Mandela, Martin Luther King, Michael Jackson, Barack Obama, e claro, os nossos representantes — Pelé, Gilberto Gil, Djavan — que tornam o Brasil cada vez mais brasileiro. No cenário campista, o secretário de Cultura Orávio de Campos, cita o jornalista Luiz Carlos de Lacerda, como importante líder pela abolição da escravidão no município, que inconformado, resolveu fundar a Sociedade Campista Libertadora, juntamente com outros abolicionistas.
"Campos já chegou a ter 250 engenhos de açúcar, principal mercadoria de exportação, entre outros produtos provenientes da cana de açúcar, e por isso, tinha grande quantidade de escravos. Vale reviver o nome de Carlos de Lacerda porque se não fosse ele seríamos os últimos a libertar os escravos", disse o secretário.
Segundo o secretário, a primeira reunião do clube ocorreu em 17 de junho de 1881 tendo sido eleito o presidente João Alves de Souza Barreto Machado. No entanto, a ideia não foi à frente e Luiz Carlos de Lacerda a retoma quase três anos depois marcando a Primeira Conferência para o dia 25 de março de 1884 no teatro Empíreo. A data coincide com a data da libertação dos escravos no Ceará, ocorrida em 25 de março de 1881, o que animou o jornalista campista a continuar com sua luta libertária. Em primeiro de março de 1884, lança o Jornal "25 de Março", o primeiro jornal abolicionista da cidade. Em homenagem ao jornal, a Câmara Municipal decreta extinta a escravidão, 48 dias antes da Lei Áurea assinada pela Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888.
"O Dia da Consciência Negra é uma forma de se pensar e cultuar outras formas de liberdade. Estamos comprometidos com as transformações sociais do tempo?", indagou Orávio.
Para o presidente da Fundação Municipal Zumbi dos Palmares, Jorge Luiz Pereira dos Santos, manifestações e resistência, como a que culminou na morte de Zumbi, é uma oportunidade de pôr em questão, discussões sobre o negro, que são históricas e também sociais, na busca de novas conquistas.
O Dia da Consciência Negra é um feriado facultativo. Saiba quais cidades vão ter feriado no Dia da Consciência Negra.
PROGRAMAÇÃO SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRANa programação da Semana da Consciência Negra, o Conselho Municipal da Promoção de Igualdade Racial (CMPIR) realiza nesta terça-feira (20/11) um Culto Ecumênico que acontecerá no auditório da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, às 10h, com as presenças do padre Márcio André dos Santos Ribeiro e do pastor Carlos, da 7ª Igreja Batista do Parque Corrientes.
Já no dia 23, haverá a II Marcha pela Igualdade Racial, contando com diversas autoridades locais e a presença do responsável pela Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial, Carlos Alberto de Souza e Silva Junior. A Marcha terá concentração na Praça da Igreja Santo Antônio, em Guarus, seguindo em direção à Praça São Salvador.
De acordo com a presidente do CMPIR, Salvadora Ribeiro, o órgão visa desenvolver atividades priorizando, em caráter consultivo e de monitoração, políticas de promoção da igualdade racial, enfatizando a questão do negro.
“Apesar do caráter essencial e irrevogável das políticas universalistas de combate à pobreza e promoção de direitos, entende-se que são necessárias ações específicas, integradas num conjunto de ações pertinentes a um governo municipal e que tenham como público prioritário a população negra. A função desse conselho é de justamente efetivar essas políticas que tanto levam os negros, em sua maioria, à condição de desigualdade social em todos os aspectos, sejam eles econômico, social, político e cultural. E essa marcha servirá como reforço de nossas ações dentro de Campos”, destacou a presidente.
Também no dia 25 de novembro, às 10h, acontecerá uma disputa de remadores locais ligados ao Projeto Rema Campos, com apoio da Prefeitura, e de atletas vindos do Rio de Janeiro, no Cais da Lapa.
No dia 27 de novembro, às 18h, nas dependências do Museu Histórico de Campos, será realizado um Chá denominado “Minha Essência de Mulher”, contando com a parceria do Instituto de Desenvolvimento Afro Norte/ Noroeste Fluminense (IDANNF), que também se incumbirá de desenvolver o Desfile de Jovens Negras, no Shopping Boulevard, dia 30 deste mês, às 19h, com participação das alunas que cursam as oficinas de modelo do órgão.
SOBRE O LÍDER HISTÓRICOSegundo o site Brasil Escola, o nome "Zumbi" significa a força do espírito presente. Líder do Quilombo dos Palmares na resistência antiescravagista, ele era descendente de guerreiros angolanos. O nome Palmares foi dado pelos portugueses, em razão do grande número de palmeiras encontradas na região da Serra da Barriga, ao sul da capitania de Pernambuco, hoje, estado de Alagoas. Palmares constituiu-se como abrigo não só de negros, mas também de brancos pobres, índios e mestiços extorquidos pelo colonizador. Os quilombos, que na língua banto significam "povoação", funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais, além de local de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas.
Virna Alencar - Estagiária
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