sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

21 de dezembro de 2012: O dia em que o mundo, mais uma vez, não acabou

Conheça a visão religiosa e o fascínio do homem pelo final dos tempos
Conheça a visão religiosa e o fascínio do homem pelo final dos tempos

 Se você estiver lendo esta matéria, certamente mais uma profecia catastrófica para o fim do mundo não se concretizou, e ao longo dos anos foram muitas, traçando a devastação total ou parcial da Terra, deixando pouca ou nenhuma possibilidade para a vida humana. Sobrevivemos ao ano 2000, que disseram
que nem chegaria, pelas profecias de Nostradamus, pelo seis de junho de 2006, pelo último dia 12, e pelo menos por enquanto, estamos resistindo ao fatídico 21 de dezembro de 2012, marcado pela profecia Maia.
Mas o que realmente diziam os Maias e o que levou à propagação desta profecia? O que líderes religiosos tem a dizer sobre o temido fim do mundo, seja por catástrofes ou tragédias e, principalmente, porque insistimos em datar a extinção do planeta e da espécie humana?
Investigações da BBC Mundo, divulgadas em matéria publicada no Portal Terra revelaram que as interpretações para as profecias Maias partiram da descoberta de dois monumentos ou colunas onde os eventos eram marcados, a Estela 6 e a Estela 1 de Cobá, acrescida ao fato de que esta sexta-feira (21/12/12) é o último dia do calendário criado por eles.
A Estela 6, descoberta entre os anos de 1957 e 1958, é também conhecida como "a Estela do fim de uma era" e a Estela 1 de Cobá somente menciona numa gasta inscrição de difícil interpretação o dia 21 de dezembro de 2012. Além disso, haveria uma referência à data "baktún 13 4 Ahau 3 Kankin"  que corresponde ao fim de um ciclo de 5.126anos. Traduzida para o calendário gregoriano, usado por nós, a data coincidiria com o 21 de dezembro de 2012.
Para engrossar o caldo supersticioso, ou não, as profecias Hopi, nação nativa americana que sobrevive até os dias atuais no estado do Arizona e a Hindu também preveem o fim dos tempos atuais através de grandes catástrofes naturais e tragédias inevitáveis.
O QUE DIZEM AS RELIGIÕES
O CATOLICISMO
O Bispo de Campos Dom Roberto Ferreria, explicou que para os cristãos, não ocorrerá extinção da humanidade, mas que tudo se renovará e um novo tempo sem dores e sofrimento se estabelecerá.
Para nós cristãos, nós temos um final feliz, um céu e uma terra nova. Para nós existe sim o fim do conceito de mundo com dor e pecado, para a Nova Jerusalém. Somos otimistas. O mundo não vai acabar, vai se transformar. O que nós estamos notando, ultimamente é que estão se aproveitando destas catástrofes para anunciar o fim, a destruição da raça humana, o que eu não concordo. Deus ama a espécie humana, criada à sua imagem e semelhança. Deus nunca desistiria de nós”, exclamou o Bispo acrescentando ainda que somente Deus conhece o dia em que se findará o ciclo de sofrimento da humanidade.
“A Bíblia não traz o dia ou a hora. Vai acabar esse ciclo que nós conhecemos, com dor, com pecado, com tristeza, esse mundo. Vai acabar sim, mas não quer dizer que seja a natureza, a criação, vai ser transformado em um céu e uma terra nova. Nosso Deus não é destruidor, é criador, é justo e é salvador. Ele quer a conversão, não a morte.”
O PROTESTANTISMO
O Pastor Robson Liberador Mattos, da Segunda Igreja Batista do Jardim Carioca, lembrou que são muitas as profecias humanas ao longo da história, mas revelou que a Bíblia esclarece alguns pontos para uma visão cristã. Segundo ele, o fim é traçado pelos homens e baseado no Sermão escatológico, onde Jesus é indagado pelos discípulos sobre quando aconteceria as coisas ditas por Ele e quais os sinais d sua vinda e do fim dos tempos, divergiu com a ideia de extermínio da raça humana.
“Os sinais são os que nós estamos vivendo, a questão das guerras, da falta de relacionamento, filho contra pai e ao meu ver o maior sinal desse fim escatológico, segundo a Bíblia, é a multiplicação da iniquidade e o amor esfriando. A gente vive a realidade de uma sociedade hedonísta, onde as pessoas só pensam nelas. Sobre a questão do fim, Jesus fala que nem os anjos, nem os homens sabem em que dia vai ser. Então, vai haver um fim, e esse fim é um fim segundo o propósito de Deus, não um fim de acabar com todas as coisas, mas um fim para renovação. A Bíblia não trabalha com a ideia de final de existência. Existe um fim para dar início a uma nova era e nós Cristãos entendemos que haverá um novo céu e uma nova terra, esse fim será o fim do sofrimento, das dores. Deus tem um plano para que o homem viva com ele e isso não é o fim, é eternidade”, concluiu o Pastor.
O ESPIRITISMO
O espírita André Luis Gomes de Araújo, um estudioso da doutrina espírita, relembrou que 
vários episódios da humanidade se findaram com o início de um novo ciclo como a Guerra Fria que terminou com o início da corrida espacial. André explicou ainda que a doutrina espírita, codificada por Alan Kardec é fundamentada na evolução da espécie humana e do espírito que antes tudo há uma programação por parte dos responsáveis pelo mundo espiritual e que acredita que os Maias possam ter previsto o final de um ciclo se fechando.
“No que diz respeito a doutrina espírita, nós temos uma evolução e dentro da evolução teríamos os mundos primitivos, provas e expiações que é a nossa realidade atual, mundos de regeneração, mundos felizes e mundos ditosos. Nessa oportunidade, nós estaríamos nessa fase de transição de provas e expiações para mundos de regeneração, mas também fala-nos que ainda é ma fase de transição. Eu acho que eles (os Maias) poderiam estar vendo o final deste ciclo. Será que agora que nos alcançamos um progresso todo esse esforço vai ser em vão? A própria luta de Jesus, um ser de tamanha evolução que se propõe a nascer e viver os seus ensinamentos.  Acredito que não seria esse o final de tanta luta, de tanto progresso. Talvez um ciclo para aqueles de nós que não estejamos nos adaptando aos ensinamentos de Jesus. O entendimento talvez é que nós estejamos tendo um tempo para realizarmos algo de útil, mas se não realizamos esse tempo se finda para cada um de nós. A doutrina espírita vem nos dando a visão de que nada acontece ao acaso, da mesma forma vem apontando pra nós que esse nosso entendimento ou chamado vem pelo amor ou pela dor”, finalizou André.
O MEDO DA MORTE
Para o psicólogo Luiz Antônio Cosmelli, diante da evolução da civilização Maia, é possível que eles tenham previsto que a permanência do comportamento humano em degradar a natureza pudesse levar à degradação total do planeta e inevitavelmente a extinção da espécie humana, mas enfatizou que a insistência do homem em datar o fim dos tempos, reflete o medo daquilo que ele não conhece e, por isso, não pode controlar.
“O que a gente está percebendo é que se vive de fato um período de transição. Um período em que alguns valores estão em cheque e como os valores estão em cheque, muita coisa radical e extrema pode acontecer no comportamento humano. E agora a gente está percebendo que muita coisa desse comportamento humano acaba tendo reflexo no planeta. Os Maias não previram o fim do mundo. Nós estamos construindo o fim desse planeta. Nós estamos assumindo uma posição de predador do planeta e da própria espécie. Esse medo, essa angústia é o medo da própria morte, da questão do fim. Uma coisa é você não ter certeza desse fim, há qualquer momento, a qualquer dia, daqui a alguns anos isso pode acontecer conosco, outra coisa é alguém datar isso. A verdade é que o que está no meio disso tudo, que nos assusta e que está sempre presente na nossa vida e que a gente não fala, é a questão da morte. A gente nunca fala da morte, parece que só vai acontecer com os outros, a gente nunca para pra refletir que a nossa existência é finita. Não se mexe com essa questã dessa suposta imortalidade. Isso assusta e algumas pessoas entram em parafuso mesmo. É o medo do incontrolável e inevitável”, finalizou o psicólogo.

Daniela Abreu

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