sábado, 1 de dezembro de 2012

Dia Mundial de Luta Contra à Aids sem muito a comemorar em Campos

Cresce casos da doença entre jovens de 14 e 25 anos e da terceira idade
Fotos: Vagner Basilio/ Carlos Grevi

Cresce casos da doença entre jovens de 14 e 25 anos e da terceira idade

 Celebrado desde o final dos anos 80, o Dia Mundial de Luta contra à Aids, comemorado neste sábado (01/12) vem conscientizando milhares de pessoas em todo o mundo. Em Campos, embora a procura por testes de diagnósticos do vírus seja grande, a incidência da doença no município ainda é preocupante. A equipe do site Ururau conversou com a psicóloga Nadia Paes, uma das profissionais que prestam assistência ao Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), onde inúmeros exames e tratamentos são realizados durante todo o dia.

Segundo ela, foi grande a procura para a realização do Teste Rápido de Diagnóstico (TRD), durante todo o dia desta sexta-feira (30/11). “Tivemos uma demanda muito alta, principalmente hoje, pois tem muita gente que tem dificuldade para vir depois apanhar o resultado, e o teste da campanha é rápido, em 15 minutos fica pronto”, ponderou.

Nadia ainda comentou que, até fora da campanha (realizada nesta sexta em comemoração a data) a procura tem sido grande. No entanto, o que é esperado pela equipe, é que essa demanda seja espontânea, ou seja, aquela pessoa que venha por vontade própria, sem ser por pedido médico, ou outra ocasião.

“Nós atendemos de segunda a sexta em dois turnos: das 07 às 12h e a partir das 18h. A gente disponibiliza no total, por dia, de 45 a 50 senhas. Na parte da tarde são realizados os tratamentos”, convidou.

Outra preocupação da psicóloga é com relação ao aumento da incidência da doença no município de Campos. Segundo ela, talvez pelo fato de algumas pessoas ignorarem a doença, ou até mesmo, acharem que o coquetel represente a cura da patologia, isso tudo leva a comportamentos de riscos, e consequentemente, ao vírus HIV. A utilização de drogas, como o álcool, por exemplo, que é mais acessível à população, também pode acabar atrapalhando na prevenção.

“A gente notou um aumento da incidência da doença na cidade. Antigamente os soropositivos eram vistos como pessoas que pertenciam aos grupos de risco (homossexuais, usuários de drogas injetáveis e profissionais do sexo). Hoje em dia esse grupo já não existe mais. O que se tem são comportamentos de risco. Houve um aumento na população composta pela terceira idade, e principalmente, entre os jovens de 14 a 25 anos e casais heteros”, explicou a psicóloga exemplificando:

“Eu posso ser heterossexual, mas ter uma relação fora do meu casamento. E isso, certamente, irá trazer esse risco para dentro da minha casa”.

Outro exemplo apontado pela psicóloga foi o fato de muitos homens, por pensarem que se o teste das suas parceiras deram negativos, automaticamente, os deles também serão. “É dessa forma que muitos homens se enganam. Pois existem muitos casos de casais que são soro discordante (onde um dos dois tem o vírus e o outro não). Então se a esposa fizer, é importante que o parceiro também o faça, e vice e versa. Isso vale para casais homossexuais também”, reforçou.

Os testes de HIV são realizados por duas vezes, pois há uma chance considerável do primeiro ser detectado como sendo falso negativo ou positivo. “Aqui no CTA nós realizamos dois testes, e se o segundo for confirmado como sendo positivo, ai não tem jeito. É comum o primeiro exame dar falso positivo, por isso realizamos o segundo teste. Lembrando que essa pessoa, a partir desse momento, deverá ter um comportamento sem riscos. Por exemplo, se antes ela tinha uma relação sem preservativos, agora ela deverá ter, se antes ela fazia o uso de drogas compartilhando material, agora ela vai ter de usar seu próprio kit, e por ai vai”, recomendou.

A pessoa que recebe um resultado positivo ela não sai desamparada. Segundo Nadia, há toda uma equipe multidisciplinar composta por enfermeiros, psicólogos, assistentes sócias, técnicos de enfermagem, dentre outros profissionais que auxiliam esses indivíduos, dando apoio, e principalmente, coragem para enfrentar o tratamento.


“O início da epidemia Aids, na década de 80, ela veio carregada por muitos pré-conceitos. São hemofílicos, profissionais do sexo ou homossexuais. Hoje em dia as pessoas não conseguem desvincular a doença a esses indivíduos.  E é muito difícil fazer com que as pessoas entendam que há um risco e que é eminente. Então mesmo se aquela pessoa tiver tido uma única relação sexual sem proteção, ela está correndo riscos de contrair o vírus sim”, afirmou a psicóloga acrescentando:

“Então quando vem uma pessoa que acabou de contrair uma sífilis, por exemplo, a janela também está aberta para o HIV. E muitos indivíduos se espantam. As pessoas estão brincando muito. É muita festa, shows, muita liberdade e tudo isso associado com muito álcool e drogas, Isso tudo facilita a contaminação pelo vírus, não só da Aids, mas pelo HPV, sífilis, hepatite B, dentre outras patologias”, lamentou.


Kelly Maria

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