Nomes como Cartola, Noel Rosa, Adoniran Barbosa, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Dona Ivone Lara, Arlindo Cruz, o saudoso portelense Chico Santana, Bezerra da Silva, Dicró Moreira, Zeca Pagodinho, dentre tantos outros bambas célebres do samba brasileiro, é que fazem do Dia Nacional do Samba, comemorado neste domingo (02/12), uma data mais que especial.
A equipe do Site Ururau conversou dois renomados conhecedores do estilo, o secretário municipal de Cultura, Orávio de Campos Soares e a cantora Lene Moraes, que contaram um pouco sobre a história do samba, incluindo os da planície Goitacá.
De acordo com Orávio, coincidentemente, o Dia Nacional do Samba é a data em que Ary Barroso, autor de "Aquarela do Brasil" visitou a cidade de Salvador (Bahia) pela primeira vez. De origem angolana, o samba, com o nome de "semba", segundo o secretário, é, sem dúvida, a marca da cultura brasileira e, também, sua representação mais significativa.
“Pesquisas sobre o assunto dão conta de que o samba surgiu em decorrência do jongo, que vem a ser o avô da mais importante manifestação cultural do povo brasileiro. A partir do samba de raiz, temos outras variadas manifestações, como o samba de roda, samba martelo, samba de terreiro, samba de enredo, samba-canção. A própria bossa nova tem origem nos sambas cariocas”, revelou.
Segundo contou o secretário, a cidade de Campos sempre foi um celeiro de bambas. O livro "Memória Musical de Campos dos Goytacazes", do professor Vicente Rangel, mostra a gama de bons sambistas nascidos no município, destacando Wilson Batista, RobertoRibeiro, Eli Miranda, Manoel Tancredo, Dalvino Costa, Rubens Pereira, Jorge da Paz Almeida, Claudinho da Hora, dentre outros músicos. E os que permanecem entre nós destacam-se, Geraldo Gamboa, Lene Morais, Maria Fernanda Crispin, Neguinho da União da Esperança, Sérgio Alvarenga, Luciano do Cavaco, Gigante do Pagode, etc.
“Podemos destacar a história dos sambas campistas, a partir das antigas batucadas, com destaque para a extinta "Companheiros Unidos de Guarus", "Unidos da Coroa", "Império do Samba", "Cruzeiro do Sul" e tantas outras. Merecem destaques as atuais Ururau da Lapa, Mocidade Louca, Ás de Ouro, União da Esperança, Onça no Samba, entre outras agremiações”, exemplificou Orávio.
O carnaval de Campos também ganha destaque no cenário do samba. Segundo o secretário, o estilo é mais antigo que a elevação da vila à categoria de cidade, pois remonta a 1834, segundo registros do extinto jornal do município Monitor Campista. O samba, praticamente, nasceu nas senzalas junto com os jongueiros, tanto nos terreiros de café como nos aceiros da cana de açúcar.
“Embora não concorde que uma simples visita de Ary Barroso à Bahia seja transformado numa data nacional, admitimos que precisamos festejar esta cultura, que se manifesta esplendorosa no carnaval, com o grande desfile das escolas de samba, com destaque para os desfiles do eixo Rio-São Paulo”, finalizou o secretário.
Com 27 anos de carreira, cinco discos gravados e muitos sucessos regravados de figuras renomadas, a sambista Lene Moraes contou como ingressou no cenário do samba, desde o início, quando cantava nas churrascarias do Rio de Janeiro, onde nasceu, até a consagração, como uma das principais representantes do samba campista.
Segundo Lene, no começo nada foi fácil, porém sua paixão pelo estilo e força de vontade, a fizeram sair de sua terra para tentar uma carreira em uma cidade do interior do estado. “Eu sempre digo que a música é minha vida e o samba a pulsação. São eles que me dão energia, alegria e esperança”, revelou.
Quando chegou à Campos, há exatos 10 anos, Lene contou que não havia espaço para o samba nas emissoras de rádio locais. Foi a partir daí que a cantora começou a pesquisar e encontrar figuras importantes, porém desconhecidas por muitos no município.
“Encontrei blocos de samba maravilhosos, os próprios sambistas e os bambas. Dos meus cinco discos, quatro são de regravações só com compositores campistas. Fiz isso justamente para que as pessoas pudessem conhecer e apreciar a riqueza do cenário musical que a cidade possui, mas que infelizmente, era desconhecida por muitos”, ressaltou.|
Kelly Maria
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