domingo, 2 de dezembro de 2012

Dia Nacional do Samba contado e cantado em uma data especial

Bambas da planície são revelados na voz da cantora Lene Moraes
Carlos Grevi / Leonardo Berenger

Bambas da planície são revelados na voz da cantora Lene Moraes


 Nomes como Cartola, Noel Rosa, Adoniran Barbosa, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Dona Ivone Lara, Arlindo Cruz, o saudoso portelense Chico Santana, Bezerra da Silva, Dicró Moreira, Zeca Pagodinho, dentre tantos outros bambas célebres do samba brasileiro, é que fazem do Dia Nacional do Samba, comemorado neste domingo (02/12), uma data mais que especial.

A equipe do Site Ururau conversou dois renomados conhecedores do estilo, o secretário municipal de Cultura, Orávio de Campos Soares e a cantora Lene Moraes, que contaram um pouco sobre a história do samba, incluindo os da planície Goitacá.

De acordo com Orávio, coincidentemente, o Dia Nacional do Samba é a data em que Ary Barroso, autor de "Aquarela do Brasil" visitou a cidade de Salvador (Bahia) pela primeira vez. De origem angolana, o samba, com o nome de "semba", segundo o secretário, é, sem dúvida, a marca da cultura brasileira e, também, sua representação mais significativa.

“Pesquisas sobre o assunto dão conta de que o samba surgiu em decorrência do jongo, que vem a ser o avô da mais importante manifestação cultural do povo brasileiro. A partir do samba de raiz, temos outras variadas manifestações, como o samba de roda, samba martelo, samba de terreiro, samba de enredo, samba-canção. A própria bossa nova tem origem nos sambas cariocas”, revelou.

Segundo contou o secretário, a cidade de Campos sempre foi um celeiro de bambas. O livro "Memória Musical de Campos dos Goytacazes", do professor Vicente Rangel, mostra a gama de bons sambistas nascidos no município, destacando Wilson Batista, RobertoRibeiro, Eli Miranda, Manoel Tancredo, Dalvino Costa, Rubens Pereira, Jorge da Paz Almeida, Claudinho da Hora, dentre outros músicos. E os que permanecem entre nós destacam-se, Geraldo Gamboa, Lene Morais, Maria Fernanda Crispin, Neguinho da União da Esperança, Sérgio Alvarenga, Luciano do Cavaco, Gigante do Pagode, etc.

“Podemos destacar a história dos sambas campistas, a partir das antigas batucadas, com destaque para a extinta "Companheiros Unidos de Guarus", "Unidos da Coroa", "Império do Samba", "Cruzeiro do Sul" e tantas outras. Merecem destaques as atuais Ururau da Lapa, Mocidade Louca, Ás de Ouro, União da Esperança, Onça no Samba, entre outras agremiações”, exemplificou Orávio.

O carnaval de Campos também ganha destaque no cenário do samba. Segundo o secretário, o estilo é mais antigo que a elevação da vila à categoria de cidade, pois remonta a 1834, segundo registros do extinto jornal do município Monitor Campista. O samba, praticamente, nasceu nas senzalas junto com os jongueiros, tanto nos terreiros de café como nos aceiros da cana de açúcar.

“Embora não concorde que uma simples visita de Ary Barroso à Bahia seja transformado numa data nacional, admitimos que precisamos festejar esta cultura, que se manifesta esplendorosa no carnaval, com o grande desfile das escolas de samba, com destaque para os desfiles do eixo Rio-São Paulo”, finalizou o secretário.

Com 27 anos de carreira, cinco discos gravados e muitos sucessos regravados de figuras renomadas, a sambista Lene Moraes contou como ingressou no cenário do samba, desde o início, quando cantava nas churrascarias do Rio de Janeiro, onde nasceu, até a consagração, como uma das principais representantes do samba campista.
Segundo Lene, no começo nada foi fácil, porém sua paixão pelo estilo e força de vontade, a fizeram sair de sua terra para tentar uma carreira em uma cidade do interior do estado. “Eu sempre digo que a música é minha vida e o samba a pulsação. São eles que me dão energia, alegria e esperança”, revelou.

Quando chegou à Campos, há exatos 10 anos, Lene contou que não havia espaço para o samba nas emissoras de rádio locais. Foi a partir daí que a cantora começou a pesquisar e encontrar figuras importantes, porém desconhecidas por muitos no município.

“Encontrei blocos de samba maravilhosos, os próprios sambistas e os bambas. Dos meus cinco discos, quatro são de regravações só com compositores campistas. Fiz isso justamente para que as pessoas pudessem conhecer e apreciar a riqueza do cenário musical que a cidade possui, mas que infelizmente, era desconhecida por muitos”, ressaltou.|

Kelly Maria

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