terça-feira, 8 de abril de 2014

Cepop: “obra faraônica”



O Centro de Eventos Populares “Osório Peixoto” (Cepop) em Campos completou dois anos de inauguração no último dia 28, data de comemoração dos 179 anos de elevação de vila à categoria de cidade e sua construção ainda divide opiniões entre a população. De um lado, o local serviu como referência para grandes eventos, evitando mais transtornos ao trânsito da cidade. Do outro, a localização — distante da área central — gera queixas, apesar de a administração municipal disponibilizar linhas de ônibus durante a realização dos eventos. O empreendimento faz parte dos investimentos realizados pelo município nos últimos seis anos, de acordo com uma lista enviada pelo secretário de Governo, Suledil Bernardino, e publicada no blog Opiniões, do jornalista Aluysio Abreu, hospedado na Folha Online, no último dia 18. A lista foi uma resposta ao questionamento do vereador Marcão (PT), que usou a tribuna da Câmara, no dia 12 do mês passado, para cobrar explicações sobre a destinação do orçamento de R$11,7 bilhões que Campos teria somado nos últimos seis anos.

As obras para a construção do Cepop foram iniciadas em maio de 2010, com o orçamento inicial de R$ 69 milhões. A expectativa, segundo informou o então secretário de Obras e Urbanismo, César Romero, era inaugurar o espaço já no ano seguinte, com o desfile de blocos e escolas carnavalescas, mas não foi o que aconteceu. No dia 25 do mesmo mês, o Ministério Público Estadual (MPE) solicitou o embargo das obras depois de uma audiência pública realizada com representantes da Associação dos Adquirentes da Vila da Rainha (AADAVIVA) e de condomínios localizados no entorno do Cepop. Os moradores não queriam a execução das obras, alegando que Plano Diretor do Município e Estatuto das Cidades previam que o local era residencial. Dois dias depois, o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) foi apresentado ao MPE e o pedido de embargo foi suspenso.

O primeiro prazo para a finalização das obras era abril de 2011, mas ele não foi cumprido. Naquele ano, o desfile de Carnaval aconteceu na avenida Alberto Lamego, entre os dias 29 de abril e 1º de maio. O segundo prazo anunciado pela Prefeitura de Campos, para a inauguração do Cepop, foi julho de 2011. O prazo ainda foi adiado para agosto e dezembro do mesmo ano e, depois de descumprir quatro previsões, o Cepop foi inaugurado no dia 28 de março de 2012.

A reportagem da Folha tentou ouvir por e-mail a secretaria municipal de Obras, através da Comunicação Social sobre o valor do orçamento para a obra e a origem dos recursos, mas até o encerramento desta edição às 16h30, não teve resposta.

Palco fixo é o maior da América do Sul

As cinco arquibancadas do Cepop têm capacidade para acomodar 15 mil pessoas sentadas. Já na área reservada ao público no entorno do palco fixo, a capacidade é de oito mil pessoas em pé. O espaço conta com dois camarotes, que comportam 650 pessoas, segundo informações do site da Prefeitura de Campos. Ao todo, são 7.859,35 metros quadrados de área construída e a estrutura ainda possui espaço para comissão julgadora, posto médico, torre de transmissão, bilheteria, recuo de bateria, pista com 280 metros de extensão e estacionamento com capacidade para 520 veículos.

O Cepop ainda abriga o maior palco fixo para eventos públicos em países da América do Sul, segundo o site da Prefeitura. O palco inclinado tem 30 metros de diâmetro elevados a 13 metros de altura na parte da inclinação superior do piso.

Vigilância – O sistema de segurança do Cepop inclui na utilização de câmeras de monitoramento. As imagens podem ser analisadas em uma torre, em frente ao palco fixo, onde fica o Centro de Controle Operacional da Guarda Civil Municipal, que funciona em dias de eventos. As câmeras funcionam 24h por dia, garantindo a segurança no local também durante os outros dias.

Centro Popular ganha elogios e críticas

O investimento na construção do Cepop divide opiniões em Campos. Para uns, uma obra “faraônica” e para outros uma necessidade diante da expansão do município. A dona de casa Pâmela Souza, 44 anos, acredita que o município tem outras áreas prioritárias para investimento. “Esse Cepop pra mim foi uma obra ‘faraônica’, com muito dinheiro investido que precisava em outras partes. A gente precisa é de saúde, hospital sem gente no corredor, não é de lugar pra show não”, disse. Já o balconista José Augusto, 31 anos, criticou o local onde o empreendimento foi construído. “Eu até acho que seria bom ter um lugar grande para eventos e essas coisas, mas o Cepop ficou muito longe. Quando acaba um evento a gente não encontra ônibus”, explicou.

Já a diarista Rosângela Alves, 29 anos, afirmou que aprova a obra. “O Cepop foi feito pra acabar com aquele caos que ficava o Centro toda vez que fazia alguma coisa na Praça São Salvador. Ficou muito melhor mais longe, acabou com o tumulto”, disse.


Fonte: Folha da Manha/Show Francisco
Lohaynne Gregório
Fotos: Héllen Souza



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