quinta-feira, 31 de julho de 2014

Rio chega ao nível mais baixo

O nível mais baixo da história atingido pelas represas da bacia do rio Paraíba do Sul, que abastece 14 milhões de habitantes nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, tem deixado autoridades em alerta. No interior do Estado do Rio, as possíveis consequências da estiagem já preocupam. Segundo o ambientalista Aristides Soffiati, o período é uma manifestação de mudanças climáticas. Nessa quarta-feira (30), o rio Paraíba do Sul alcançou o nível de 4,81 metros, na altura de Campos, e de acordo com a Defesa Civil do município não há nada a ser feito com falta de água.

— Infelizmente, não tem o que fazer com falta de água. Quando se trata de enchente, até há medidas a serem tomadas para amenizar as consequências. Mas, nesse período de estiagem, o que resta é esperar chegar o período de chuvas. O fato de as represas da bacia do Paraíba terem atingido seus níveis mais baixos causa preocupação porque vem de lá o grande volume para o abastecimento de água — declarou o secretário de Defesa Civil de Campos, Henrique Oliveira.

Para Soffiati, o município deveria começar a tomar providências, como a confecção de um reservatório. “Esse período de estiagem já está afetando a agricultura e pecuária, o abastecimento público como ocorreu em São João da Barra (SJB) e também pode afetar a reprodução de peixes e a atividade pesqueira. Campos deveria começar a providenciar um reservatório de água, para evitar o gasto excessivo e desnecessário da água do rio Paraíba”, disse.

A equipe de reportagem entrou em contato com o presidente do Comitê de Bacia do Baixo Paraíba do Sul, Sidney Salgado, sem êxito.

De acordo com reportagem transmitida pelo “Jornal Hoje”, transmitido pela InterTV Planície, afiliada à Rede Globo, o nível dos quatro reservatórios que formam a bacia do Paraíba do Sul está em 23%. A quantidade de água é suficiente para garantir o abastecimento agora na estiagem, mas é pouco se for considerado que a chuva só deve aumentar a partir de novembro. Até lá, a previsão é de que o nível das quatro represas fique abaixo de 10%.

Mesmo assim, São Paulo quer transposição

Alegando preocupação com a queda do nível no Sistema Cantareira, que abastece a Grande São Paulo, o governo paulista propôs ao Governo Federal um plano para retirar parte da água da bacia do Rio Paraíba. A Agência Nacional de Águas (ANA) e o Comitê da Bacia do Paraíba do Sul têm prazo até setembro para dar uma resposta. No dia 18 de março de 2014, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, esteve reunido com a presidente da República, Dilma Rousseff (PT), para pedir autorização para a transposição. A proposta do governo paulista é retirar 5 m3/s do Paraíba do Sul e construir um canal de 15 quilômetros para interligar a represa do Jaguari, abastecida pelo Paraíba do Sul, com a de Atibainha, que faz parte do Sistema Cantareira.

Uma semana depois da reunião com Dilma, Alckmin esteve reunido em São Paulo com prefeitos que integram Consórcio de Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraíba (Codivap). Na oportunidade, o governador afirmou que o projeto não causaria prejuízos à região. No entanto, o então governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral, na ocasião disse claramente que o governo estadual não iria aceitar nenhuma decisão que prejudicasse a população fluminense.

Fonte: Folha da Manha/Show Francisco
Suzy Monteiro
Foto: Rodrigo Silveira



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