sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A estranha comparação entre a Petrobras e o ebola

Imagine este escândalo da Petrobras acontecendo nos Estados Unidos ou o vírus ebola entrando no Brasil
A estranha comparação entre a Petrobras e o ebola (Foto: EBC)

Não existe equívoco maior do que fazer comparações entre o Brasil e os países mais desenvolvidos quando se discute temas como justiça, saúde, educação, logística ou costumes. Não deixa de ser um erro, mas é tentador.

Nossa Polícia Federal (o nosso FBI) acaba de encaixar a última peça do quebra-cabeça de apenas uma das transações do esquema de propina envolvendo a Petrobras, seus funcionários e o Governo numa fabulosa engrenagem que trouxe prejuízos ainda (!) incalculáveis ao país. O último elo de uma das tramoias – revelado por depoimentos dos delatores da maracutaia - era justamente o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que teria tratado um acerto lesivo em R$ 13 milhões num dos muitos mal feitos descobertos pela operação equivocadamente batizada de “Lava Jato” – uma vez que o correto seria “Lava a Jato”. Incontinenti, via assessoria de imprensa, Vaccari repudiou o que chamou de inverdades baseadas no depoimento de um dedo-duro – a despeito de todas as evidências da investigação dos policiais federais.

Comprovados os crimes de Vaccari, a tramitação de todo esse processo bem lembrará a novela do Mensalão – deflagrada em 2005, arrastada no Congresso e somente concluída no STF em 2013, graças ao esforço pessoal do ministro Joaquim Barbosa.

Agora chegou a hora da comparação. Menos de duas semanas depois do primeiro caso de ebola nos Estados Unidos, o Congresso de lá se mobiliza e quer respostas imediatas das autoridades de saúde para que expliquem os erros ocorridos no isolamento de pacientes com ebola em um hospital no Texas. Diferentemente daqui, lá ninguém pode se negar a depor ou se reservar o direito de ficar de boca fechada quando confrontado com verdadeiras autoridades. O diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas Anthony Fauci, já foi ouvido nesta quinta-feira pelo comitê. Em seu depoimento, Fauci declarou que a morte de Thomas Eric Duncan e a transmissão do vírus para duas enfermeiras de Dallas e uma atendente de saúde na Espanha "intensificam as preocupações sobre a ameaça global de saúde".

Dirá o leitor que estes são dois temas – Petrobras e ebola - muito diferentes. Ledo engano. São, na verdade, muito parecidos pois tratam da segurança, da seriedade das instituições, do respeito para com a população e, principalmente, de vergonha na cara.

Imaginemos quando da entrada deste vírus no Brasil – não duvide, pois isso ocorrerá – se o país já terá montado um plano de contingência ou um comitê de crise para cuidar exatamente dos temas citados no parágrafo anterior: da segurança, da seriedade das instituições, do respeito para com a população e, principalmente, de vergonha na cara.

Ainda mal comparando, imaginemos um escândalo como este da Petrobras afetando diretamente a imagem do presidente Barack Obama e de seu partido num ano eleitoral. No mínimo, o FBI já teria colocado preventivamente na cadeia a metade do Partido Democrata.

Mas não se assuste ou comemore. Foi somente uma comparação.

Fonte: Terceira Via/Show Francisco



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