sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Prisão no caso ‘Meninas de Guarus’: Nahim fala em ‘manobra política’

 Foto: Saulo Garcez / Campos 24 Horas

Acompanhado da mulher e dos filhos, o ex-presidente da Câmara Municipal e da Fenorte, Nelson Nahim chegou ao antigo comitê de campanha, no Centro de Campos, por volta das 9h30 desta quinta-feira(06) para conceder entrevista coletiva sobre o caso “Meninas de Guarus”. Ele foi recebido por lideranças políticas que o apoiaram na eleição do mês passado, quando foi candidato a deputado federal.
Nelson Nahim teve prisão decretada por 30 dias e foi preso no dia 17 de outubro por acusação de envolvimento no caso “Meninas de Guarus”. Ocorre que, seu advogado conseguiu que um habeas corpus no início desta semana no Tribunal de Justiça e ele saiu da prisão para responder o processo em liberdade.

Nahim nega participação no caso que teve grande repercussão, envolvendo abuso sexual de menores e até de crianças. Ele afirma que nunca foi ouvido no inquérito policial do caso, e destaca não ter sido reconhecido por nenhuma das pessoas que deram depoimento durante a investigação. E ainda ressaltou que sua prisão pode ter sido motivada por manobras políticas. Perguntado se a ingerência política poderia ser alguém de seu partido, ele disse: “É leviano levantar nome de alguém quando não se tem prova”.

COLETIVA
Nahim cita um trecho do despacho da desembargadora que relaxou sua prisão.
“Fui colocado em liberdade pela desembargadora com letras claras. Um absurdo depois de cinco anos a inércia do Estado, através dos seus representantes, colocar preso alguém que sequer teve o direito de se manifestar”, afirmou.

Comentou também os transtornos para toda a sua família.
“Não prenderam a mim, prenderam minha família toda. A vida de todos parou. Minha filha largou a faculdade. Meus filhos foram para o Rio. Se tem uma coisa que eu não sou é perigoso para ser encarcerado sem ao menos ser ouvido”, disse.
Confira outros trechos das declarações de Nelson Nahim:

Apoio da família
“Estão comigo minha mulher, meus filhos e meus genros. Em tempo algum, ninguém da minha família teve dúvida que eu tivesse qualquer tipo de participação”.

Como ocorreu a prisão
“ Estava saindo para uma caminhada para pedir votos para Pezão, quando fui preso. Uma semana antes de ser preso, consegui reunir toda oposição. A minha prisão está ligada diretamente com a questão política.
Não posso citar nomes, pois o processo corre em segredo de Justiça. Muito embora algumas pessoas tenham banalizado este inquérito trazendo informações que deveriam ser mantidas em sigilo”.

Não sabia porque estava sendo preso
“Quando as pessoas foram me prender na minha casa, recebi com serenidade. Eu não sabia porque estava sendo preso. Não quero discutir a decisão da Justiça. A decisão judicial a gente tem que fazer duas coisas: cumpre e recorre dela. Foi o que eu fiz, recorri. E em segunda instância, a desembargadora examinou tudo que foi colocado e viu o absurdo que foi a minha prisão. Nunca fui ouvido em inquérito policial. Nunca fui chamado ao Ministério Público.
Não há uma linha em todo procedimento de alguém com quem eu tenha praticado qualquer tipo de crime. Estou indignado com isso, mas estou sereno”.

Conviveu com vários presos

“Convivi com alguns presos. E que isso sirva para a Ordem dos Advogados do Brasil. Fiquei sabendo de prisões absurdas que vem acontecendo. E no momento oportuno a OAB vai se manifestar sobre isso. E, como advogado, vou tomar providências nesse sentido. Porque eu acho que não podemos viver num país que mais se parece com o tempo da ditadura do que com a democracia em que vivemos.
Quando estudei Direito, entendi que, no mínimo as pessoas têm o direito de defesa. É um absurdo alguém ser encarcerado, podendo sofrer uma série de situações que podem acontecer no sistema carcerário, sem sequer ser ouvido ao longo dos anos, quando se deram os fatos. E ainda ter o entendimento que eu poderia ser uma pessoa perigosa”.

Não pode citar nomes
“Estou tranquilo em relação a questão jurídica, mas não tenham dúvidas: aqueles que eu não posso mencionar o nome e que contribuíram para isso, vão ter, mesmo que não tenham na justiça dos homens, porque alguns são covardes e não deixam as digitais, mas com certeza Deus que tudo vê, que acompanhou tudo isso ao longo desses anos, vai agir com certeza . Eu tenho misericórdia dessas pessoas, que elas não tenham que passar o que eu passei.
A questão legal, propriamente dita, eu não vou entrar no mérito. Não cabe a mim ficar fazendo comentários. Com certeza eu posso afirmar: houve por parte de pessoas uma manobra política para tentar me desmoralizar”.

Relembre
Ao todo, 20 homens foram denunciados por acusação de exploração sexual infantil e outros crimes, como ocultação de cadáver, em Campos.
Entre os denunciados, seis tiveram prisão preventiva decretada, dos quais cinco foram presos no dia 17 de outubro. Seis motéis também foram interditados.
A denúncia, assinada por seis promotores de Justiça, foi recebida pelo juiz da 3ª Vara Criminal de Campos. O processo tramita em segredo de Justiça.
Campos 24 horas/Show Francisco



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