O tempo passa, o mundo globalizado evolui, novas tecnologias surgem, mas a mentalidade, pelo menos para muitas e muitas pessoas, ainda continua a mesma quando o assunto é doenças sexualmente transmissíveis, principalmente Aids. Essa mentalidade que nega o preservativo com a velha história de que “é como chupar bala sem tirar o papel” ou, ainda, de que não é necessário se fazer pré-natal corretamente, acaba fazendo com que mais e mais pessoas se infectem e mais e mais crianças nasçam com o vírus HIV. O pior é que o preconceito, que também mata, não é diretamente com a doença e, sim, com a origem, que é o sexo.
Que o diga o Programa Municipal DST/Aids e Hepatites Virais – Centro de Doenças Infecto-Parasitárias (Cedip 2), ligado à Secretaria de Saúde, que funciona na rua 1º de Maio, no Centro, onde os números não param de crescer de um ano para outro, incluindo homens, mulheres, jovens e idosos, além de inúmeras crianças. O coordenador do programa, o farmacêutico de carreira da prefeitura, Alexandre Farias Sereno, reforça a tese do velho preconceito, afirmando que muitas pessoas ainda têm vergonha de entrar no prédio do Cedip e outras chegam até a mudar de calçada quando lêem a placa no prédio. E essa história não é de 14 anos atrás quando ele começou no programa não. E de hoje!
Confira a entrevista:
Campos 24 Horas – Qual é a área de abrangência do Cedip?
Confira a entrevista:
Campos 24 Horas – Qual é a área de abrangência do Cedip?
Alexandre Sereno – Nós atendemos pacientes de Campos, São Fidélis, São João da Barra, São Francisco do Itabapoana e Cardoso Moreira. Mas também temos pacientes do Espírito Santo e outros estados e não podemos deixar de atender, porque o SUS é universal. Nosso ambulatório é referência, porque não tem esse atendimento especializado na rede do município, nem na região.
C24H – E quais os serviços ofertados aqui?
Alexandre – Atendemos crianças, jovens, adultos, idosos e gestantes. Temos o Centro de Testagem e Aconselhamento para a população fazer o teste para ver se é HIV ou não, além de ambulatório de doenças infecto-parasitárias, como Leishmaniose, Doença de Chagas e outras. E se após o teste der HIV, o paciente tem todo um acompanhamento durante todo o tempo necessário. Outro serviço ofertado é o de acidente biológico (acidente de trabalho, como o se furar com agulha de seringa, por exemplo).
C24H – E tem equipe multidisciplinar para esse acompanhamento todo em caso de teste positivo?
Alexandre – Sim. E os melhores profissionais, os mais competentes e dedicados à causa. Temos infectologistas, clínicos, ginecologistas, oftalmologistas, dermatologistas, nutricionistas, psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêuticos, técnicos de laboratório e pessoal administrativo. Todos os profissionais são no plural, porque a qualquer hora do dia e todos os dias, o paciente pode contar com eles aqui. Neste ponto não existe problema, não tenho dor de cabeça, porque eles são abnegados mesmo.
C24H – Vamos falar de números. De um ano para outro cresceu muito?
Alexandre – Infelizmente sim e do ano passado para este ano houve um aumento de cerca de 40% de casos. Em 2013 foram 102 casos HIV+, a maioria mulheres e, neste ano, já são 141 casos, com a diferença agora que a maioria é homem. Na faixa dos 60 anos em diante são este ano 149 casos. Neste total não está o número de crianças que, em 2013, na faixa de 1 a 4 anos, era de 7 e em 2014 é de 34. Já na faixa de 5 a 9 anos era de 9 e este ano chega a 12. Com esses números surgem também a Sífilis e as Hepatites B, C e D.
C24H – E quais os serviços ofertados aqui?
Alexandre – Atendemos crianças, jovens, adultos, idosos e gestantes. Temos o Centro de Testagem e Aconselhamento para a população fazer o teste para ver se é HIV ou não, além de ambulatório de doenças infecto-parasitárias, como Leishmaniose, Doença de Chagas e outras. E se após o teste der HIV, o paciente tem todo um acompanhamento durante todo o tempo necessário. Outro serviço ofertado é o de acidente biológico (acidente de trabalho, como o se furar com agulha de seringa, por exemplo).
C24H – E tem equipe multidisciplinar para esse acompanhamento todo em caso de teste positivo?
Alexandre – Sim. E os melhores profissionais, os mais competentes e dedicados à causa. Temos infectologistas, clínicos, ginecologistas, oftalmologistas, dermatologistas, nutricionistas, psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêuticos, técnicos de laboratório e pessoal administrativo. Todos os profissionais são no plural, porque a qualquer hora do dia e todos os dias, o paciente pode contar com eles aqui. Neste ponto não existe problema, não tenho dor de cabeça, porque eles são abnegados mesmo.
C24H – Vamos falar de números. De um ano para outro cresceu muito?
Alexandre – Infelizmente sim e do ano passado para este ano houve um aumento de cerca de 40% de casos. Em 2013 foram 102 casos HIV+, a maioria mulheres e, neste ano, já são 141 casos, com a diferença agora que a maioria é homem. Na faixa dos 60 anos em diante são este ano 149 casos. Neste total não está o número de crianças que, em 2013, na faixa de 1 a 4 anos, era de 7 e em 2014 é de 34. Já na faixa de 5 a 9 anos era de 9 e este ano chega a 12. Com esses números surgem também a Sífilis e as Hepatites B, C e D.
C24H – Mas por que este número gradativo de crianças se no pré-natal o exame é obrigatório?
Alexandre – A obrigatoriedade foi um avanço, mas ainda existem muitas mulheres que não fazem pré-natal adequado ou deixam de fazer o exame, achando que não precisam. Com o pré-natal há chance de não nascer mais criança HIV+, mas não é essa a realidade atual. Caso a gestante seja portadora do vírus, ela tomará os medicamentos durante a gestação e não poderá amamentar. E a criança também terá acompanhamento. Seria fácil se as mulheres tiverem essa mentalidade do pré-natal e exame comprovatório.
C24H – E qual é a importância da testagem de modo geral?
C24H – E qual é a importância da testagem de modo geral?
Alexandre – A prevenção com a doença. A partir daí fica mais fácil controlar, porque ela não é crônica, mais é possível se ter uma sobrevida. Tem paciente, por exemplo, que leva de 8 a 12 anos sem manifestar a doença. Aqui a testagem pode ser feita por indicação médica ou espontânea, às terças, quintas e sextas-feiras, de 8 às 12h. Temos o teste convencional que leva 15 dias para ter o resultado e o teste rápido que o paciente tem em mãos em 15 minutos.
C24H – Diante de tanta mentalidade atrasada e do preconceito velado, o que o Cedip faz para reverter esse quadro?
Alexandre – Temos um programa de educação continuada, onde fazemos palestras sempre que somos convocados, seja por empresas, escolas, instituições não governamentais, entre outros. Participamos também do Programa Saúde na Escola (PSE) e de Semanas de Prevenção de Acidentes nas empresas. Temos profissionais qualificados para isso. Sem falar que temos aqui um dispensário com preservativos e a pessoa pega quantos quiser. Também distribuímos para as Unidades Básicas de Saúde.
C24H – O que você atribui tanto preconceito em relação à doença e ao doente de Aids?
Alexandre – Quando se diz que uma pessoa tem o vírus HIV, muitos ainda associam à promiscuidade e não é isso. Temos aqui senhoras a partir de 60 anos que nunca tiveram outro parceiro a não ser o seu marido e foram infectadas por eles. Como já falei, o preconceito não é com a doença e, sim, com a origem, que é o sexo. Ainda é uma doença que julga caráter e, por isso, leva ao preconceito.
C24H – Quando se fala em Aids lembramos da Casa Irmãos da Solidariedade. Qual é a relação do Cedip com ela?
Alexandre – Muito boa. A gente, inclusive, manda os retrovirais para lá e todos os exames dos pacientes da Casa são coletados aqui (carga viral e CD-4). Eu disse a Fátima que ela já não tem nada por fazer na Casa, porque ela já é completa, uma estrutura excelente, assim como o trabalho desenvolvido.
Alexandre – Temos um programa de educação continuada, onde fazemos palestras sempre que somos convocados, seja por empresas, escolas, instituições não governamentais, entre outros. Participamos também do Programa Saúde na Escola (PSE) e de Semanas de Prevenção de Acidentes nas empresas. Temos profissionais qualificados para isso. Sem falar que temos aqui um dispensário com preservativos e a pessoa pega quantos quiser. Também distribuímos para as Unidades Básicas de Saúde.
C24H – O que você atribui tanto preconceito em relação à doença e ao doente de Aids?
Alexandre – Quando se diz que uma pessoa tem o vírus HIV, muitos ainda associam à promiscuidade e não é isso. Temos aqui senhoras a partir de 60 anos que nunca tiveram outro parceiro a não ser o seu marido e foram infectadas por eles. Como já falei, o preconceito não é com a doença e, sim, com a origem, que é o sexo. Ainda é uma doença que julga caráter e, por isso, leva ao preconceito.
C24H – Quando se fala em Aids lembramos da Casa Irmãos da Solidariedade. Qual é a relação do Cedip com ela?
Alexandre – Muito boa. A gente, inclusive, manda os retrovirais para lá e todos os exames dos pacientes da Casa são coletados aqui (carga viral e CD-4). Eu disse a Fátima que ela já não tem nada por fazer na Casa, porque ela já é completa, uma estrutura excelente, assim como o trabalho desenvolvido.
Campos 24 Horas/Show Francisco
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