Dulcides Netto/Foto: Valmir Oliveira
Apesar da Agência Nacional de Águas (ANA) ter publicado na terça-feira (23), no Diário Oficial da União, que manterá a redução temporária atual de vazão mínima na barragem de Santa Cecília, no rio Paraíba do Sul. Os impactos da seca contuinuam sendo sentidos em todo o estado do Rio. Exemplo disso, é o que ocorre no reservatório do Funil, localizado em Resende, que integra o sistema do Paraíba, que começará a operar com o volume morto no início de janeiro.
A avaliação foi feita nessa semana, durante reunião do Grupo Técnico de Acompanhamento de Operações Hidráulicas (GTAOH). A Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul também é composta pelos reservatórios de Paraibuna, Santa Branca e Jaguari, que atende diversas cidades, inclusive a região metropolitana do município do Rio de Janeiro.
— Os reservatórios de Paraibuna e Santa Branca, localizados em São Paulo, estão totalmente zerados. Com essa situação desastrosa, a redução na barragem de Santa Cecília, localizada em Barra do Piraí, deverá ser aprovada. Com a vazão mínima em 140m/s, 2/3 serão distribuídos para o abastecimento da cidade do Rio do Janeiro e 1/3 deverão ir para as regiões norte e noroeste fluminense. Desde maio, o GTAOH realizou 18 reuniões para debater as questões da seca nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais — declarou o membro do comitê do Baixo Paraíba do Sul João Siqueira
Mesmo com a prorrogação da ANA até 31 de janeiro do próximo ano, mantendo a dimunição temporária da atual de vazão mínima na barragem de Santa Cecília, João Siqueira acredita que uma nova redução deverá ocorrer em breve. De acordo com ele, a vazão que passou de 190m/s para 160m/s, em setembro deste ano, deve baixar para 140m/s. Enquanto isso em Campos, o rio Paraíba do Sul continua baixando o seu nível diariamente, preocupando a Defesa Civil municipal.
O secretário de Defesa Civil de Campos, Henrique Oliveira, informou que a medição do rio Paraíba do Sul, nesta terça-feira, estava em 5m e na segunda-feira, a cota foi de 5m20. Segundo ele, a previsão de chuvas para hoje, no município e região, porém a quantidade não será muito grande, e não afetará o nível do rio. “Ontem, o Instituto Estadual do Ambiente emitiu alerta de chuvas para a região. O nível do rio está baixando e isso é preocupante. Espero que o mês de janeiro seja chuvoso, e os riscos amenizados”, relatou.
O ambientalista Aristides Soffiati destacou que uma nova redução na vazão da barragem de Santa Cecília não será suficiente para solucionar o problema do reservatório do Funil. De acordo com ele, seria necessário em reflorestamento em toda a região, que já foi anunciado pelo governado Luiz Fernando Pezão, e a poluição no rio Guandu deveria ser contida. “A situação dos estados do Rio e São Paulo está ficando cada vez pior. Em Campos, as chuvas no período do verão não serão suficientes para amenizar os prejuízos da seca, mas vai garantir que o abastecimento da cidade não seja prejudicado. Espero que os órgãos estejam atentos em relação a isso, e busquem uma solução para o problema”, disse o ambientalista.
Sobre a operação do volume morto do reservatório de Funil, Soffiati declarou ser uma manobra complicada e de risco, uma vez que o tratamento da água é mais caro e pode ser prejudicial à saúde. “O uso do volume morto também prejudica o lençol freático e a água é de péssima qualidade. A captação precisa ser revista”, finalizou.
Volume Morto
O que é – água que fica no fundo das represas, abaixo do nível de captação das comportas e que acumula sujeira, sedimentos e até metais pesados.
Como deve ser tratado – O processo normal de tratamento da água inclui filtrar, decantar (processo de separação) e colocar cloro, cal, sulfato de alumínio e flúor. Para ser potável, o volume morto precisa passar mais vezes por essas etapas e exige maior quantidade dos produtos químicos, dependendo de análise de água. Segundo especialistas, esse tratamento não elimina possíveis metais pesados (chumbo, mercúrio, Cadmo e etc) presentes na água.
Consequências do uso – (corpo humano – metais pesados podem causar problemas no sistema nervoso, fígado, rins, dores abdominais, inflamação dos pulmões, paralisia nas mãos, perda da visão e câncer). (bolso – o custo do tratamento da água do volume morto é maior do que o volume útil, podendo ser até 40% mais caro).
Fmanha/Show Francisco
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