quinta-feira, 25 de junho de 2015

Suspeita de superbactéria em Campos

“A única medida tomada pela unidade de saúde é colocar um papel em cima da maca dos pacientes com a seguinte frase: ‘Precaução de Contato’. Nenhuma instrução é passada aos familiares, mesmo sendo importantíssimo o cuidado na manipulação do paciente”. A declaração foi feita por um enfermeiro que trabalha no Hospital Geral de Guarus (HGG), que terá a identidade preservada. Ele desconhece, no entanto, as medidas para acompanhar os pacientes que possuem suspeita ou até mesmo infecção confirmada pela superbactéria KPC, transmitida principalmente em ambiente hospitalar, por meio de contato com secreções do paciente infectado, que fica imune a múltiplos antibióticos, adquirindo a capacidade de tornar resistentes outras bactérias. A Folha também recebeu denúncia de que no Hospital Escola Álvaro Alvim (HEAA) estaria ocorrendo o tratamento inadequado de pessoas com suspeita da superbactéria. Em nota, o HGG informou que não há confirmação de pacientes com a KPC, enquanto o Álvaro Alvim prometeu se pronunciar nesta quinta-feira (25).

De acordo com o enfermeiro, os pacientes que saem do Centro de Terapia Intensiva (CTI), propícios a serem contaminados, deveriam passar pela coleta e exames de “swab” nasal e anal, que confirmam a infecção, mas este procedimento, segundo ele, não acontece na unidade. O enfermeiro contou também que um paciente internado no HEAA, com outro problema de saúde, teve a pressão arterial aferida por estagiários do curso técnico de enfermagem, que teriam utilizado os mesmos instrumentos usados em um paciente que estaria com a superbactéria.

Também no HEAA, Cristóvão Batista informou que seu pai, de 90 anos, que teve a confirmação da infecção pela superbactéria KPC, não se encontra em local isolado.

— Os familiares de outros pacientes estão aflitos, pois, como meu pai não está em uma área isolada no hospital, há o risco de que mais pessoas sejam infectadas. No mesmo andar onde o meu pai se encontra, uma senhora também está infectada — disse, adiantando que cobrará do médico responsável pelo setor a adoção de medidas.

Cristóvão contou que há 14 dias o seu pai teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC), ficando cinco dias em uma maca no corredor do HGG, mas ninguém teria falado nada sobre a possibilidade de contágio da superbactéria. Atualmente, ele está internado no HEAA, onde, no terceiro dia, foi encontrada uma ferida nas costas, e somente nessa quarta-feira (24) teria sido confirmada a infecção.

A Fundação Municipal de Saúde (FMS) informou que o Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar do Hospital Ferreira Machado não confirma caso de tratamento de pacientes com a KPC, na unidade e no HGG. A nota informa que “os dois hospitais municipais contam com leitos de isolamento”.

Já a Fundação Benedito Pereira Nunes, mantenedora do HEAA, informou através de nota que “segundo o chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do HEAA, Oscar Lara Rocha, haverá uma reunião na manhã desta quinta no hospital e só então será possível disponibilizar informações sobre o caso”.


Folha da Manha/Show Francisco
Júlio César Barreto
Foto: Valmir Oliveira 




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