Fotos: Valmir Oliveira
Motoristas que encontram dificuldades para estacionar na área central de Campos que preparem os bolsos. É que a Prefeitura estuda voltar a cobrar pelas vagas públicas, com instalação de parquímetros e câmeras nas ruas da cidade. O objetivo, segundo o governo municipal, é “agilizar as operações de controle e fiscalização de estacionamentos em áreas públicas, com a promoção da rotatividade no uso das vagas”. Mas a medida nem é tão nova assim, porque já vigorou um tempo através do Campos Parking, que sinalizou vagas na maioria as ruas da área central onde só se podia estacionar pagando por cada duas horas.
O assunto divide opiniões. Para a população, o número de vagas para carros nas ruas de Campos seria pouco e reduziu na área central, sobretudo depois das obras no Centro Histórico. Cada vez mais os motoristas têm dificuldades para estacionar. Isso sem falar nos problemas comuns, como a presença de flanelinhas.Segundo a artesã Kellen Barroso, de 30 anos, a cobrança não soluciona a questão da disponibilidade de vagas. “É difícil achar. Rodei várias vezes até achar uma. Acho a cobrança indevida. Querem cobrar de todas as formas. Não vai resolver. Sem contar os flanelinhas. Procurei vagas para não pagar. Estacionamento está caro”.
Já o compositor Francisco Pereira, de 71 anos, destacou: “É uma covardia para quem tem mais de 60 anos. Só encontro vaga ao lado dos Correios, no Centro. Não acha lugar para estacionar. É mal organizado. É desproporcional. Tem carros demais e o número de vagas limitado. Para cobrar tem que ser um valor simbólico, senão é melhor deixar o carro em casa ou parar em estacionamento. E tem que abrir mais vagas. Além de fiscalização. Estaciono o carro longe, é desagradável”, desabafou.
Sobre o número de vagas, o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) informou que em toda as ruas, onde há possibilidade, são abertas vagas para estacionamento. “Depois que terminarem as obras de revitalização, vai ser realizado um novo planejamento para redefinir e sinalizar as vagas”. O órgão ressaltou que, por se tratar de um local histórico, a prioridade é por pedestres. “Tanto que as calçadas estão mais largas, contribuindo para um fluxo com mais segurança para quem trafega pelo Centro”.
Em relação a vagas para idosos, o superintendente dos Direitos do Idoso, Gilson Gomes, informou que, na área central, é respeitada a legislação que determina que 5% das vagas sejam destinadas aos idosos em estacionamento regulamentado de uso público e que vagas são espalhadas por toda a área central em locais como ao lado da Catedral, na rua Barão de Miracema e na avenida Alberto Torres. E que já foi solicitada a ampliação do número de vagas para idosos e o IMTT, segundo ele, está realizando estudo.
Sobre os flanelinhas, a Guarda Civil Municipal ressaltou que “realiza fiscalização para a cobrança de estacionamento em espaço público, o que é proibido”, acrescentando que quando a doação é voluntária, não gera denúncia. Já quando a cobrança parte do próprio flanelinha e o condutor se sentir lesado deve se dirigir às autoridades de segurança.
Codemca diz que haverá mais de 3,6 mil vagas
A Companhia de Desenvolvimento do Município de Campos (Codemca) apresentou um anteprojeto do parquímetro à sociedade civil no último dia 27, na sede da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Na ocasião, o presidente da Codemca, Wainer Teixeira, contou que vão ser criadas novas áreas de estacionamento rotativo, que vão funcionar sob a concessão de empresas que vencerem a licitação. O controle será informatizado. O parquímetro permitirá que o motorista pague com cartão, moedas ou via online. Uma das áreas públicas que vão receber o novo ordenamento será o Cais da Lapa. “Serão licitadas 3.621 vagas, sendo, na primeira fase, 2.172, e na segunda, 1.449. Teremos vagas na Zona Azul e vagas na Zona Verde”.
Ainda de acordo com Wainer, ao site oficial da Prefeitura, na Zona Azul, por exemplo, será permitido o motorista permanecer por duas horas na mesma vaga, podendo ser definido um tempo de tolerância. Na Zona Verde, nas regiões das universidades e hospitais, o tempo de uso das vagas será de até cinco horas. Nas chamadas Zonas de Bolsões de Estacionamento os horários e as tarifas serão diferenciados.
Wainer argumentou que não é mais possível pessoas saírem de casa para trabalhar e deixar o mesmo veículo estacionado das 7h às 18h numa vaga de área pública. Idosos e pessoas com deficiência continuarão com os direitos assegurados. “Vamos criar vagas onde elas não vão obstruir o tráfego. O sistema vai proporcionar mais segurança para os proprietários dos veículos, melhor qualidade do ar, mais agilidade no trânsito e redução do tempo nos percursos”.
Questão de segurança também questionada
Ainda sobre o parquímetro, na opinião de um funcionário de estacionamento particular, que preferiu não se identificar, o projeto não funcionará a contento: “Acho que não vai funcionar. Se a Prefeitura não se responsabilizar pelo veículo, não deveria cobrar. As pessoas não vão aceitar”, ponderou. Já em relação a quem será responsável pela segurança dos veículos, a assessoria da Prefeitura não se pronunciou.
Em Campos, já existiu o projeto “Campos Parking” onde existia uma espécie de talão que era comprado e cujas folhas determinando cada horário de vaga deveria ficar exposto no veículo. Segundo o arquiteto e urbanista Ronaldo Linhares, o antigo projeto teria iniciado entre 1997 e 1998. “O objetivo era dar maior rotatividade ao estacionamento. O grande lance é que otimizava as vagas. Se ficasse mais de duas horas, se não me engano, pagava multa. E para ser um controlador, os filhos tinham que estar na escola e com vacinação em dia”, destacou.
Fmanhã/Show Francisco
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