domingo, 4 de setembro de 2016

Francimara: “Meu sogro e marido já tiveram a chance. Agora é a vez da mulher”

Por Arnaldo Neto


Francimara é candidata pelo PSB em São Francisco de Itabapoana

Candidata à prefeita de São Francisco de Itabapoana, Francimara (PSB) encerra a série de entrevista da Folha da Manhã com os postulantes a ocupar o mais alto cargo do município em 2017. 

Perguntas e respostas foram trocadas por e-mail. A publicação, como informado aqui, da entrevista de Francimara será na edição deste domingo (4).

Confira alguns trechos da entrevista:

— Fui eleita pelo povo a melhor gestora de todos os tempos.

— Tenho personalidade própria. Quem me conhece sabe, respeito meu marido e meu sogro, cada um teve a sua oportunidade.

— A saúde está um caos! Não existe remédio na farmácia, os acadêmicos que atendem a demanda estão sobrecarregados.

— Sou a única candidata que pode olhar nos olhos do eleitor nas ruas, e estou fazendo isso todos os dias.

— Ainda existem famílias no município que não têm banheiro em casa, difícil de acreditar.


“Uma mulher para arrumar a casa”


Arnaldo Neto, Suzy Monteiro e Alexandre Bastos
Foto: Divulgação

Francimara é a candidata do PSB à Prefeitura de São Francisco de Itabapoana. Sem nunca ter disputado uma eleição, diz estar credenciada pelo serviço desempenhado enquanto secretária de Promoção Social, no governo Beto Azevedo (cassado em 2012). Após a cassação, Francimara, que já tinha rompido com Beto, foi primeira-dama. Ela é casada com Frederico Barbosa Lemos, que, como vice à época, assumiu o governo. A pessebista conta com outro apoio familiar. Seu sogro, Barbosa Lemos, foi o primeiro prefeito do município, em 1996, depois de lutar como deputado estadual pela emancipação de SFI. A candidata faz críticas ao atual prefeito, principalmente nas áreas sociais e de saúde. Quanto ao papel do marido e do sogro em sua eventual gestão, afirma: “Cada um teve a sua oportunidade. Agora será a vez de São Francisco ter uma mulher na administração para arrumar a casa”.

Folha da Manhã — Esta é sua primeira experiência como candidata a um cargo eletivo e já entra na disputa pela vaga de prefeita. O que pretende apresentar para que o eleitor se convença de que a senhora é a melhor opção para governar o município?

Francimara Barbosa Lemos — O que me credencia para estar candidata hoje, primeiramente, é a minha gestão como secretária de Promoção Social do município. Fui eleita pelo povo a melhor gestora de todos os tempos. Pude naquela oportunidade conhecer a fundo o quanto o nosso povo precisava ser cuidado! Sou filha de família humilde. Meu pai é caminhoneiro, vendedor de galinha, e minha mãe é cabeleireira. Tenho as melhores propostas para reconstruir São Francisco de Itabapoana.

Folha — O sobrenome Barbosa Lemos esteve presente na maioria das disputas eleitorais do município. Entretanto, embora você o tenha utilizado no período pré-eleitoral, agora ele não aparece em seu material de campanha. Alguma razão específica?

Francimara — Pelo contrário. Tenho um bom relacionamento com o meu sogro, 16 anos se passaram de quando ele foi prefeito e existem diversas localidades que só têm obras do Barbosa. As maiores obras do município têm a marca dele. Por exemplo: o Hospital do Ponto de Cacimbas, o portal da cidade, a ponte que liga a Ilha dos Mineiros a Sossego, a ponte que liga Barra Velha a Buraco Fundo, escolas, creches, quadras esportivas e tantas outras mais.

Folha — Existe entre seus adversários uma disputa pelo apoio do ex-governador Anthony Garotinho. Já você diz contar com o apoio do senador Romário (PSB) e chegou a divulgar que ele iria a São Francisco para seu lançamento de campanha, o que não aconteceu. Qual a importância e o papel que esses apoiadores desempenham na disputa de São Francisco?

Francimara — O senador Romário nos convidou juntamente com o vereador (de Campos) Gil Vianna (PSB) para que pudéssemos estar candidata hoje pelo PSB. Estou muito feliz e honrada por tudo isso. Em momento algum eu disse que o senador Romário viria a São Francisco em nossa convenção. Pelo contrário, foi o próprio senador quem disse que estaria com a gente. No mesmo dia choveu muito em todo o estado, o senador ficou impossibilitado de vir à região por falta de teto para decolar a aeronave. Hoje me sinto privilegiada em ter o apoio de um senador (Romário) e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), que faz parte da nossa chapa através do candidato a vice, o agricultor Cláudio Henriques (DEM).

Folha — Você usa bastante as redes sociais para se aproximar do eleitorado. Não teme que sua campanha acabe apenas no terreno virtual, sem conseguir transferir para as urnas as “curtidas” da internet?

Francimara — Pelo contrário, eu sou a única candidata que pode olhar nos olhos do eleitor nas ruas, e estou fazendo isso todos os dias. Minhas caminhadas começam às 8h e terminam às 19h. Existem várias voluntárias caminhando comigo todos os dias. Desde o ano passado venho caminhando e visitando os quatro cantos do município. Por isso, sou a verdadeira conhecedora da realidade que vive hoje o nosso município. Em um município que não possui rádio comercial, bem como jornal e TV local, as redes sociais são usadas como principal veículo de comunicação. Tenho muitos amigos nas redes sociais e lá consigo expor as minhas ideias e estar mais perto e de forma mais rápida dos anseios de todas as comunidades.

Folha — São Francisco tem uma extensa faixa litorânea e, apesar de estar em uma região produtora de petróleo, é considerado limítrofe. É uma luta antiga elevar o município à condição de produtor. Caso eleita, o que fará nesse sentido?

Francimara — Iremos ao Rio de Janeiro sensibilizar os nossos deputados estaduais, temos à disposição os gabinetes em Brasília do deputado Rodrigo Maia, além de outros deputados, e principalmente do senador Romário, que assumiu este compromisso comigo.

Folha — A Saúde está sempre entre as maiores preocupações da população em todas as cidades brasileiras. Como você avalia a Saúde em São Francisco e o que pode ser feito para melhorar?

Francimara — A Saúde está um caos! O Hospital do Ponto sucateado, não existe remédio na farmácia, os acadêmicos que atendem a demanda estão sobrecarregados. Não temos um aparelho de mamografia, ecocardiograma, o raio-X quase sempre está quebrado, a frota de ambulâncias sem qualquer manutenção, colocando em risco a vida de quem depende delas. Nossos postos de saúde passam pelos mesmos problemas e o atual prefeito, que é médico e que prometeu nas últimas eleições a melhor saúde de todos os tempos, decepcionou o povo de São Francisco. Basta conferir o plano de governo que ele apresentou à Justiça Eleitoral em 2012. Para fazer saúde com a realidade, tem que ter responsabilidade e compromisso com toda a população. Vamos trabalhar com a saúde preventiva. Iremos adquirir um tomógrafo e instalar no Hospital do Ponto. Vamos reequipar todos os postos de saúde do município, colocar um aparelho de raio-X em Barra do Itabapoana e outro em Gargaú. Adquirir novas ambulâncias. O cidadão terá o direito de receber os medicamentos da farmácia básica. Iremos criar os serviços de curativos aos pacientes do pé diabético no município com atendimento domiciliar, informatizar o sistema de marcação de consultas, acabando assim com as filas na rede de postos de saúde, bem como o sistema de coleta de sangue.

Folha — Você é uma candidata em uma terra tradicionalmente governada por homens. Está preparada para enfrentar possíveis preconceitos ou já passou por algum nesse período de campanha?

Francimara — Venho enfrentado alguns preconceitos por parte de candidatos adversários que não se conformam com o nosso trabalho, com a maneira carinhosa e verdadeira que trato a população do meu município.

Folha — Apesar de ser sua primeira experiência como candidata, seu marido já foi prefeito. Ele assumiu a Prefeitura de São Francisco com o afastamento do então prefeito Beto Azevedo. Ainda assim, com a máquina na mão, não conseguiu se reeleger. Como você avalia esse fato e como ele pode influenciar no pleito deste ano?

Francimara — Ele assumiu o município da forma mais trágica que um vice-prefeito poderia assumir. Uma verdadeira bomba relógio. Surgiu a oportunidade de ele ser candidato em apenas três meses. Ele conquistou 12.840 votos. Acredito que grande parte daqueles que confiaram em Frederico continua comigo.

Folha — Além do seu marido, seu sogro foi prefeito da cidade. Qual o papel dos dois na sua campanha? E em um eventual governo, quais seriam os papéis de Frederico e José Antônio Barbosa Lemos?

Francimara — Tenho personalidade própria. Quem me conhece sabe, respeito meu marido e meu sogro, cada um teve a sua oportunidade. Agora será a vez de São Francisco ter uma mulher na administração para arrumar a casa!

Folha — A Ponte da Integração (entre São João da Barra e São Francisco) é uma obra do Estado que está parada devido ao alardeado período de crise. Qual a importância dessa ponte para o município? Como pretende proceder, caso eleita, para conclusão dessa construção?

Francimara — É fundamental para o desenvolvimento de São Francisco, ligando os portos do Açu e Presidente Kennedy (ES). Mas acredito no desenvolvimento do turismo, inclusive incentivando eventos esportivos artísticos e culturais no eixo Gargaú a Barra do Itabapoana, criando assim a Rota do Sol. E é preciso lutar com garra, junto aos deputados e prefeitos, para a conclusão da sonhada ponte.

Folha — A agricultura, a pecuária e a pesca são fortes vocações do município. O que será feito, em um eventual governo seu, para fomentar essas atividades econômicas?

Francimara — Na área da agricultura, retornaremos a patrulhas mecanizadas na forma de fortalecer a cultura do abacaxi, maracujá, cana-de-açúcar e mandioca. Assim, estaremos incentivando o pequeno produtor. Organizar feiras do produtor (feira da roça) nos distritos. Incentivar a piscicultura e a produção leiteira. Reformar e ampliar as estufas de mudas no município, manter as estradas patroladas para o melhor escoamento da nossa produção e dar uma nova roupagem à Exposição Agropecuária. Oferecer assessoria técnica para o melhoramento da pecuária no município. E criar a secretaria de Pesca para fomentar esse setor.

Folha — O município de São Francisco está localizado entre cidades portuárias, São João da Barra e Presidente Kennedy. Como preparar o município para o crescimento regional e para capacitar seus moradores a aproveitarem as oportunidades desses empreendimentos?

Francimara — A nossa proposta é difundir o empreendedorismo e implantação da inovação para que possamos gerar o desenvolvimento regional. Através de parcerias específicas com o Sebrae Tec-Campos (Incubadoras de empresas) e Firjan, assim poderemos oferecer capacitações à comunidade para que tenhamos atuais e novas empresas competitivas e preparar para atender o mercado.

Folha — Em reportagem do jornal O Globo, do ano passado, foi apontado que 15,6% dos moradores de São Francisco vivem na extrema pobreza — o pior índice do estado. O município já demonstra avanços nas questões sociais a ponto de mudar tal cenário? O que acredita que ainda deve ser feito?

Francimara — Esta realidade eu conheço muito bem. Não obtivemos nos últimos quatro anos, do atual gestor, qualquer avanço. Ainda existem famílias no município que não têm banheiro em casa, difícil de acreditar. Iremos começar do zero, os desafios são muitos e mudar esta realidade é minha prioridade. A começar pela valorização do servidor público municipal.

Folha — Nos rankings mais recentes sobre a transparência na gestão pública, São Francisco figura nas últimas posições. A ausência de um Portal da Transparência com atualização constante corrobora para tal fato. Como pretende mudar isso, caso eleita?

Francimara — O Portal da Transparência existe. Porém, o atual gestor não disponibiliza de forma prática onde está sendo gasto o dinheiro do cidadão. Hoje não temos acesso ao Diário Oficial com facilidade. A mesma dificuldade que vocês tiveram em encontrar o Portal da Transparência, também tenho. Iremos colocar pessoas capacitadas para realizar gestão pública e dessa forma realizar a verdadeira transparência, diferente da realidade atual.


Outros — Nesta sexta (2), a Folha trouxe (aqui) a entrevista de Pedrinho Cherene (PMDB). No sábado (3), foi a vez (aqui) de Marcelo Garcia (PSDB).
Fmanha/Show Francisco

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