quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Audiências sem réus presentes



Suzy Monteiro e Arnaldo Neto/Foto: Marcos Gonçalves

O julgamento do vereador eleito Roberto Pinto (PTC) começou por volta das 10h dessa terça (8), no Salão do júri do Fórum de Campos. Como antecipado pela Folha na edição de terça, o réu não compareceu à audiência conduzida pelo juiz Eron Simas. O advogado Maxsuel Barros Monteiro, que também é procurador da Câmara, informou que o vereador não foi intimado e, portanto, não tinha obrigação de comparecer. Também representavam a defesa, os advogados Fabrício Ribeiro e Fernando Fernandes. Pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) estava a promotora Anik Rebello Assed Machado. A tarde foi a vez do julgamento do vereador reeleito Ozéias (PSDB), que também não compareceu. Já na próxima sexta (11) será a vez Jorge Rangel (PTB) às 9h30 e Jorge Magal (PR) às 14h.

Detalhes das diligências foram revelados pelos agentes do Grupo de Apoio à Procuradoria (GAP). Na secretaria de Desenvolvimento Humano e Social (SDHS), por exemplo, havia, segundo eles, listas manuscritas e que não tinham sequer timbre da prefeitura. Havia lista até com um motorista no estacionamento.

Houve também um atraso na coleta de provas através do computador, uma vez que nem a coordenadora do programa, Gisele Koch (presa duas vezes pela Polícia Federal depois disso), teria acesso. Ela informou que apenas um técnico que prestava serviço e ia à secretaria uma vez por semana poderia acessar esses documentos. Um técnico do Ministério Público foi chamado para acessar os computadores e extrair as provas solicitadas, que foram salvas em um CD, lacrado e aberto na frente de todos, inclusive de procuradores do município que acompanhavam a ação.

Uma lista que estava na secretaria constava, de acordo com agentes, o nome “Samara”. Em uma terceira diligência, esta na secretaria de Governo e motivada por RPA, havia uma funcionária chamada “Samaria”. Em pesquisa na rede social, Samaria aparecia como parte do apoio ao candidato a vereador Roberto Pinto, tendo, até, fotos com ele. Roberto Pinto foi encarregado de setor, cargo ligado à secretaria de Governo, como relataram, acrescentando que o subsecretário Alcimar Ferreira Avelino – hoje foragido da Polícia Federal - era o responsável pelos setores.

Ao final das oitivas, o juiz concedeu prazo de dois dias para manifestações da defesa e acusação.

Distribuição irregular em área de candidato

A tarde, a audiência do vereador reeleito Ozéias (PSDB) aconteceu sem a sua presença. Vale lembrar que a prisão do tucano no dia 29 de agosto, por suspeita de compra de votos e cadastro irregular no programa Cheque Cidadão, foi o que desencadeou toda a investigação.

De acordo com as testemunhas, a primeira prisão de Ozéias ocorreu quando a equipe de inteligência já averiguava o possível uso eleitoreiro do programa social. Nas diligências, foi levantado que a área de distribuição do benefício de forma irregular ocorreria nas localidades de Travessão, Parque Canaã e Km 12, tido como possível reduto eleitoral do denunciado.

Segundo testemunhas, além do vereador, havia atuação de cabos eleitorais para arregimentar novos beneficiários. No caso de Ozéias, foi citado o nome de “Neto”, que chegou a ser preso pela Polícia Federal por coação de testemunhas.

Uma assistente social do MP que acompanhou a diligência na secretaria de Desenvolvimento Social e Humano que o local não tinha organização e lista apresentada pela então coordenadora do Cheque Cidadão, Gisele Koch, como oficial tinha o número de beneficiários menor do que o relatado em outro documento encontrado, que seria da empresa que confeccionava os cartões. Essa lista da empresa batia com nomes em outra planilha. Ela citou, ainda, o uso de códigos e referências a “lote” em planilhas com nome de candidatos.
Fmanha/Show Francisco

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