sexta-feira, 4 de novembro de 2016

ONDE HÁ FUMAÇA, HÁ FOGO: AVIFAUNA, IMPACTO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

O sistema estuarino-lagunar Gargaú, em São Francisco de Itabapoana, Estado do Rio de janeiro pertence ao rio Paraíba do Sul e se apresenta com sucessões de faixas arenosas em sua desembocadura (SILVA, 2001)caracterizando como uma planície costeira, apresentando comportamento instável devido à presença de inundações periódicas influenciadas pela maré (MME, 1983).Toda dinâmica local favorece a presença de manguezais, ecossistema de grande importância econômica por ser fonte de recursos pesqueiros e extrativistas usados pela população local (LACERDA, 2003) além de exercer várias funções como: estabilizador dos sedimentos transportados; grande produtor primário e considerados verdadeiros viveiros de peixes, crustáceos e moluscos, que utilizam-no para alimentação, reprodução, desova, crescimento e proteção (ARAÚJO, MACIEL, 1979). Daí a importância de um amplo estudo para que este ecossistema se conserve e seja explorado de maneira que não se torne escasso (VANNUCCI, 2003). O manguezal da região é considerado o segundo maior do estado e é tombado como área de Mata Atlântica’ pelo Decreto Estadual de 06/03/1991.Neste artigo pretendo informar fatos relevantes sobre o aumento do grupo de avifauna assim como impactos negativos que diretamente estão causando uma diminuição na oferta de peixes, crustáceos e moluscos, que refletem na economia local e com grande abertura para problemas ambientais, desequilíbrio e possivelmente influência direta na cadeia alimentar forçada por mudança de comportamento cíclico e temporal. Para melhor entendimento, as sucessivas obras de empreendimentos, demostraram a curto prazo um enorme impacto na fauna e flora. Problemas inúmeros de ordem social, extensas áreas salinizadas, culturas afetadas, mudança no curso marinho, interferências na hidrodinâmica local, mudança nas populações diversas da fauna terrestre e marinha, lagoas cíclicas que desapareceram, várzeas de compensação temporais, riachos, manguezal, desequilíbrio na restinga, meso e infra litoral completamente alterados, e migração de aves para outras áreas. Essas são algumas das modificações no ambiente, ora previstas desastrosamente em estudos e outras que se completam pela ação direta impactante e negativa. Nesta linha apresento uma mudança de estado e que altera completamente o quadro de oferta de alimentos e crescimento desordenado de avifauna, e decréscimo de indivíduos como peixes, crustáceos e moluscos, na localidade de Gargaú, que na ordem natural são fontes naturais para a economia local, com a atuação de pescadores e extrativistas em sua grande maioria. As espécies que hoje em grande número se apresentam, possivelmente oriundas de locais impactados e sem avidez de alimentos, apareceram na nossa localidade, procriando, e aumentando seus grupos exponencialmente, colocando um futuro incerto na conservação de espécies da fauna marinha, do estuário, das várzeas, e do manguezal, isso traduz que o número de indivíduos que tínhamos estabelecidos viviam em harmonia sucessoriamente, e na capacidade de oferta de alimento, e que o quadro atual altera-se desde o momento em que nos últimos anos os grupos aumentaram consideravelmente, em uma explosão de criatórios e berçários de aves aos milhares, que se alimentam todos os dias com centenas de quilos de filhotes, juvenis e até adultos de peixes, crustáceos e moluscos, da nossa região. Espécies como a garça branca grande, socós, mergulhões, martim pescador, garça pequena branca, garça azul, e tantas outras que contribuem para alteração do ecossistema, alimentando-se e consumindo mais de trinta indivíduos por ave da natureza, e hoje sentido diretamente no cotidiano de pescadores e extrativistas, que assistem em suas redes vazias o prejuízo do dia a dia. O possível aumento e alteração no ecossistema, podendo ou não ter ligação com obras adjacentes, contribuirá para maiores impactos e condições desfavoráveis a manutenção de populações e controle natural. Fazse necessário um estudo macro, e viabilizar determinantes para efetivas inserções nos grupos de avifauna, procurando uma melhor saída e diminuição do impacto. “Muitos estudos abordaram os efeitos da fragmentação sobre a comunidade de aves florestais no Brasil (Bierregaard & Lovejoy 1989, Aleixo & Vielliard 1995, Christiansen & Pitter 1997, Borges & Stouffer 1999, Ribon et al. 2003) e a categorização da comunidade em guildas tróficas demonstrou ser útil para classificar as espécies em grupos que respondem negativamente à alteração de habitats (Willis 1979). Espécies que necessitam de habitat e alimentação específicos são mais diversas e abundantes em ambientes bem preservados, enquanto fragmentos e áreas cuja vegetação tenha sofrido algum tipo de alteração tendem a perder tais espécies (Gray et al. 2007, O’Dea & Whittaker 2007). ”

Ilzomar Soares Filho – Biólogo Marinho Novembro/2016
Show Francisco

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