segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Uenf amarga dívida milionária


Jhonattan Reis/Fotos: Rodrigo Silveira

A Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) respira por aparelhos. Com uma dívida de aproximadamente R$ 18 milhões, a instituição está com 12 meses de atraso com empresas terceirizadas que prestam serviços de segurança, limpeza, manutenção predial e áreas verdes, de acordo com o reitor Luis Passoni. Ele informou ainda que os salários dos servidores também estão em atraso e que ele, por exemplo, recebeu apenas R$ 800 neste mês.

Com isso, os servidores buscam alternativas para suprir a falta de funcionários. Não há manutenção dos aparelhos de ar condicionado e nos veículos oficiais, segundo Passoni. O reitor também falou que os alunos estão com calendários de aulas atrasados, sendo que terminarão em dezembro o primeiro semestre de 2016, que era para ter terminado em junho.

— Buscamos alternativas para suprir essa questão dos serviços das terceirizadas. Sobre a segurança, solicitamos apoio da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal. Isso porque os vigilantes primeiro reduziram o efetivo para 30% e depois foram paralisando as atividades até chegar à paralisação completa. Hoje em dia, a segurança já deixou o posto. Buscamos ampliar a participação da PM e da Guarda. Na questão da limpeza, já nos organizamos em mutirões e, também, diminuímos um pouco a quantidade de banheiros utilizados em cada parte do prédio. Atualmente, os serviços de limpeza, assim como predial e jardinagem, estão sendo feitos normalmente. Só estamos custeando os materiais para eles trabalharem — disse Passoni.

Ainda segundo o reitor, uma outra situação que vem afetando a instituição é a falta de funcionários com as chaves das portas. “Outro problema é que terceirizados também são responsáveis pela guarda das chaves das salas. Pela falta de pagamento, eles estão saindo três horas mais cedo. Com isso, estamos fazendo rodízios para cada dia um cuidar dessa questão das chaves”, contou o reitor, lembrando que não existe mais contrato com as empresas terceirizadas que prestavam serviços de manutenções de ares-condicionados e de veículos. “Estamos sem essas manutenções”.

O corte dos telefones da unidade também foi confirmado por Passoni. “Só estamos recebendo ligações e ligando apenas para ramal interno, mas não conseguimos ligar nem aqui para Campos. Estamos usando nossos celulares pessoais”, comentou.

Segundo a presidente da Associação dos Docentes da Uenf (Aduenf), Maria Angélica da Costa Pereira, as aulas estão sendo prejudicadas.

— Eu, por exemplo, dou aula no curso de veterinária. Os períodos mais avançados têm aulas fora da universidade e os alunos eram transportados com nossos carros. Mas eles estão tendo mais aulas teóricas do que práticas porque não temos combustível — disse.

Um ano sem repasse para terceirizados

O reitor da Uenf, Luis Passoni, explicou ainda que a dívida total da universidade, sendo maior parte com as empresas terceirizadas, está em cerca de R$ 18 milhões. Segundo ele, são aproximadamente 240 trabalhadores por ano nessas empresas, que, em conjunto, consomem aproximadamente R$ 1,3 milhão por mês da Uenf.

— As terceirizadas estão desde outubro do ano passado sem pagamento. São 12 meses em atraso. Não são 13 porque eles receberam referente a janeiro, com uma verba de R$ 1,5 milhão que foi doada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) — relatou o reitor.

— A gente tinha expectativa de, no final do mês passado, conseguir fazer algum pagamento. Teve uma reunião com o governador no começo de outubro e havia a perspectiva de um recurso emergencial para a universidade. Porém, até então não recebemos nenhum recurso — contou.

Passoni também lembrou que representantes da universidade entregaram ao Governo do Estado uma lista com o que deveria ser pago. “Um valor de R$ 3 milhões, mas nenhum pagamento foi feito”, concluiu.

“Manter as aulas é grande preocupação”

A Uenf está com calendários de aulas atrasados. Os estudantes de graduação terminam, no próximo mês, o primeiro semestre de 2016, que era para ter sido concluído no último mês de junho.

— O segundo semestre deste ano, que era para acontecer entre julho e mês que vem, só começa em 2017. E isso se não tiver um problema mais grave — disse o reitor.

Passoni afirmou que o calendário pode ser reposto, mas que só voltaria à normalidade em 2018, caso a Uenf não tenha mais problemas. “Esse atraso a gente pode recuperar diminuindo o intervalo entre os semestres. Assim, vamos colocando o calendário em dia. Se houver mais dificuldades, isso já muda novamente. Manter as aulas é uma grande preocupação”.

Já os professores têm recebido salários com atraso. “O que acontece é que recebíamos no segundo dia útil. Agora estamos recebendo bem mais para frente. Outubro, por exemplo, a gente recebeu no dia 21. A gente recebia no começo do mês e agora está recebendo praticamente no final”, concluiu o reitor, sem ter previsão para melhora na situação.
Fmanha/Show Francisco

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