Mães se uniram e denunciaram ao MP os problemas recorrentes no setor de oncologia do Hospital Beneficência Portuguesa
CAMPOS POR REDAÇÃO
Sawanna, Lucas, Aline e Mariah (Foto: reprodução)
Lucas Manhães, 12 anos, Sawanna Araújo, 7; Aline Dantas, 20; Mariah Freitas, 15; Daniel; Ketelin; Maria José; Maria Rita. Todos eles tiveram em comum o mesmo destino, a morte. Em seis meses, oito pessoas internadas no setor oncológico no Hospital Beneficência Portuguesa, em Campos, não resistiram ao tratamento chamado de “bomba-relógio” pelos familiares. A média é de mais de uma morte por mês.
O caso alarmante foi parar no Ministério Público Estadual, mas não sai do coração das famílias. Jocielma Manhães, Denise Luciana, Joseni Freitas, Lenna Souza formam o grupo de mães dessas vítimas e se conheceram nos corredores do hospital. Todas elas contam a mesma história de descaso, falta de médicos, mau atendimento, má condição sanitária e falta de humanidade.
Apesar das denúncias, a direção do hospital não se pronunciou sobre elas. “Minha filha era como uma bomba-relógio prestes a explodir. A quimioterapia a deixou inchada. Os órgãos foram parando aos poucos até a falência múltipla”, quem conta é a dona-de-casa, Joseni Freitas, mãe de Mariah Freitas que morreu menos de um mês após o início do tratamento contra uma leucemia (câncer no sangue). A filha dela ficou vários dias internada na UTI do hospital. “Nunca vi uma UTI como aquela. Não tinha álcool, não tinha roupa especial para todos. A visita era muito restrita, mas me indignei quando o namorado de uma enfermeira conseguiu entrar no setor da mesma forma que tinha chegado da rua, levando um lanche para a namorada”.
Denise Luciana da Silva Dantas, 41 anos, mãe de Aline Dantas tem um discurso semelhante. “Com leucemia, minha filha vomitou e evacuou sangue por 30 dias e a médica dizia que essa reação era normal. Ela morreu assim, fazendo quimioterapia todos os dias. Eu questionava e ninguém me respondia. Só bem próximo ao dia em que ela morreu foi que a médica se espantou com o estado da minha filha e assumiu que tinha alguma coisa estranha. Falta humanidade”, questiona.
Jocielma, mãe de Lucas, viu o filho com o estado de saúde agravado por uma pneumonia. Sem vaga na UTI, ela pediu ajuda nas redes sociais e só assim conseguiu a transferência do filho para o Hospital Ferreira Machado, onde ficou cinco dias internado e não resistiu. A tia dele, Ana Carla Manhães contou que o menino recebeu quimioterapia na Beneficência Portuguesa mesmo depois de ter contraído pneumonia “A imunidade dele estava muito baixa e, ainda assim, continuaram as sessões de quimioterapia. Ele teve vários sangramentos”, lamentou.
Sawanna passou pelo mesmo problema de Lucas. A mãe dela, Lena Souza, comoveu toda a cidade ao promover, pelas redes sociais, diversas campanhas de doação de sangue. Mas, durante o tratamento da leucemia, a menina teve uma pneumonia, foi transferida para a UTI e morreu.
Hospital Beneficência Portuguesa (Foto: Silvana Rust)
Para quem ainda tem filhos em tratamento o desespero também é grande. “Não tem como não me colocar no lugar das outras mães e não sentir o que elas estão sentindo. Minha principal reclamação é quanto a estrutura da UTI da Beneficência. É muito raro ter uma vaga lá, além disso, neste tempo, nunca vi um pediatra no setor de oncologia”, lamentou Letícia Pessanha de Oliveira, mãe de Tales André, de 4 anos, que tem leucemia e está em tratamento no hospital há cerca de um ano.
As mortes aconteceram entre setembro de 2016 e março de 2017. A última foi registrada na segunda-feira (27). Em outubro, um grupo de mães se reuniu e denunciou as suspeitas de irregularidades nos atendimentos ao Ministério Público Estadual.
O Jornal Terceira Via entrou em contato com a assessoria de imprensa do MP, mas ainda não recebeu informações sobre o andamento da apuração da denúncia. O jornal também conseguiu falar com o diretor do Hospital Beneficência Portuguesa, Jorge Miranda, que pediu para a demanda ser enviada por email. Uma funcionária da direção clínica do hospital – identificada como Lidiane – disse que o email não foi recebido. Porém, não informou outro endereço eletrônico para reenvio e assumiu que o provedor do email estava com problema. O Jornal aguarda e publicará a versão do hospital assim que receber.
CAMPOS POR REDAÇÃO
Sawanna, Lucas, Aline e Mariah (Foto: reprodução)
Lucas Manhães, 12 anos, Sawanna Araújo, 7; Aline Dantas, 20; Mariah Freitas, 15; Daniel; Ketelin; Maria José; Maria Rita. Todos eles tiveram em comum o mesmo destino, a morte. Em seis meses, oito pessoas internadas no setor oncológico no Hospital Beneficência Portuguesa, em Campos, não resistiram ao tratamento chamado de “bomba-relógio” pelos familiares. A média é de mais de uma morte por mês.
O caso alarmante foi parar no Ministério Público Estadual, mas não sai do coração das famílias. Jocielma Manhães, Denise Luciana, Joseni Freitas, Lenna Souza formam o grupo de mães dessas vítimas e se conheceram nos corredores do hospital. Todas elas contam a mesma história de descaso, falta de médicos, mau atendimento, má condição sanitária e falta de humanidade.
Apesar das denúncias, a direção do hospital não se pronunciou sobre elas. “Minha filha era como uma bomba-relógio prestes a explodir. A quimioterapia a deixou inchada. Os órgãos foram parando aos poucos até a falência múltipla”, quem conta é a dona-de-casa, Joseni Freitas, mãe de Mariah Freitas que morreu menos de um mês após o início do tratamento contra uma leucemia (câncer no sangue). A filha dela ficou vários dias internada na UTI do hospital. “Nunca vi uma UTI como aquela. Não tinha álcool, não tinha roupa especial para todos. A visita era muito restrita, mas me indignei quando o namorado de uma enfermeira conseguiu entrar no setor da mesma forma que tinha chegado da rua, levando um lanche para a namorada”.
Denise Luciana da Silva Dantas, 41 anos, mãe de Aline Dantas tem um discurso semelhante. “Com leucemia, minha filha vomitou e evacuou sangue por 30 dias e a médica dizia que essa reação era normal. Ela morreu assim, fazendo quimioterapia todos os dias. Eu questionava e ninguém me respondia. Só bem próximo ao dia em que ela morreu foi que a médica se espantou com o estado da minha filha e assumiu que tinha alguma coisa estranha. Falta humanidade”, questiona.
Jocielma, mãe de Lucas, viu o filho com o estado de saúde agravado por uma pneumonia. Sem vaga na UTI, ela pediu ajuda nas redes sociais e só assim conseguiu a transferência do filho para o Hospital Ferreira Machado, onde ficou cinco dias internado e não resistiu. A tia dele, Ana Carla Manhães contou que o menino recebeu quimioterapia na Beneficência Portuguesa mesmo depois de ter contraído pneumonia “A imunidade dele estava muito baixa e, ainda assim, continuaram as sessões de quimioterapia. Ele teve vários sangramentos”, lamentou.
Sawanna passou pelo mesmo problema de Lucas. A mãe dela, Lena Souza, comoveu toda a cidade ao promover, pelas redes sociais, diversas campanhas de doação de sangue. Mas, durante o tratamento da leucemia, a menina teve uma pneumonia, foi transferida para a UTI e morreu.
Hospital Beneficência Portuguesa (Foto: Silvana Rust)
Para quem ainda tem filhos em tratamento o desespero também é grande. “Não tem como não me colocar no lugar das outras mães e não sentir o que elas estão sentindo. Minha principal reclamação é quanto a estrutura da UTI da Beneficência. É muito raro ter uma vaga lá, além disso, neste tempo, nunca vi um pediatra no setor de oncologia”, lamentou Letícia Pessanha de Oliveira, mãe de Tales André, de 4 anos, que tem leucemia e está em tratamento no hospital há cerca de um ano.
As mortes aconteceram entre setembro de 2016 e março de 2017. A última foi registrada na segunda-feira (27). Em outubro, um grupo de mães se reuniu e denunciou as suspeitas de irregularidades nos atendimentos ao Ministério Público Estadual.
O Jornal Terceira Via entrou em contato com a assessoria de imprensa do MP, mas ainda não recebeu informações sobre o andamento da apuração da denúncia. O jornal também conseguiu falar com o diretor do Hospital Beneficência Portuguesa, Jorge Miranda, que pediu para a demanda ser enviada por email. Uma funcionária da direção clínica do hospital – identificada como Lidiane – disse que o email não foi recebido. Porém, não informou outro endereço eletrônico para reenvio e assumiu que o provedor do email estava com problema. O Jornal aguarda e publicará a versão do hospital assim que receber.
Nenhum comentário:
Postar um comentário