Avanço da areia atrai turistas, mas provoca transtornos
Caseiro Manel Bento: imóvel onde trabalha com areia na porta
Leo Menezes
O pacato distrito de Atafona, no litoral da cidade de São João da Barra (SJB), na Região Norte Fluminense, é um dos pontos turísticos preferidos dos campistas, principalmente no verão. A praia é conhecida pelas suas ruínas, ocasionadas pelo constante avanço do mar, e o que mais chama atenção de quem visita o local é a geografia, que oferece um cenário diferente em cada época do ano, na medida em que a erosão marinha se torna mais intensa. Um fato que tem impressionado moradores e turistas é o rápido avanço das dunas, que têm aumentado frequentemente de tamanho, se aproximando em direção às residências, dividindo opiniões. Para biólogos, trata-se de um processo natural devido ao avanço do mar, que representa uma série ameaça para os moradores.
Antes do início do verão muitas ruas estavam bloqueadas pelas areias, e a prefeitura realizou a retirada com retroescavadeiras, liberando algumas vias. Mas, de acordo com a engenheira ambiental Miriam Saltex, seria preciso uma avaliação mais aprofundada sobre impactos ambientais por órgãos competentes do município. “Toda a orla de São João da Barra está tendo uma transformação muito séria devido à falta de força do Rio Paraíba do Sul. As dunas funcionam como barreira natural e ao serem retiradas, o mar avança mais energia”, explicou.
Ainda de acordo com Saltex, a intervenção humana foi essencial para que o rio recuasse. A criação de pequenas hidrelétricas foi um dos fatores que mais colaboraram para isso. “A matemática é simples: as águas do rio vão sendo represadas, perdem a força e chegam em pouca quantidade na sua foz. Em consequência disso, o mar vai avançando em direção ao continente e empurra mais areia, formando as dunas. Os municípios deveriam investir mais em energia limpa para amenizar estes impactos”, sugeriu a engenheira ambiental.
Fenômeno também em Chapéu de Sol e Grussaí
Um processo curioso que também tem acontecido nos últimos anos no município de SJB é a formação de dunas nas praias de Chapéu de Sol e Grussaí, que antes praticamente tinham a faixa de areia completamente plana, do asfalto até o mar.
“É como se jogássemos muita água, com uma mangueira, direcionada a uma grande quantidade de areia. A tendência é essa areia se espalhar para frente e também para os lados”, disse Saltex, que também falou da importância da manutenção de vegetação rasteira nessas dunas.
“A vegetação é muito importante para ajudar a fixar essa areia no solo e evitar que as dunas continuem avançando em direção ao continente, por isso, não se deve transitar com veículos nas áreas demarcadas”, alertou engenheira ambiental.
Vento forte e areia prejudicam comércio
O comerciante Ronaldo Cravo, 62 anos, sempre morou em Atafona. Atualmente, ele tem um bar na Avenida Atlântica, a poucos metros das dunas.
“Eu tinha um quiosque em frente ao Espaço da Ciência, mas como era área de preservação ambiental, o meu imóvel foi desapropriado há dois anos. Desde então estou aqui, até quando o mar permitir”, revelou o comerciante.
Ronaldo ainda conta que em períodos de fortes ventos, o bar praticamente fica vazio, devido à areia que invade o estabelecimento. “Entre agosto e setembro, quando o vento nordeste está mais forte, ninguém vem aqui. Venta muito e voa areia para todos os lados. Muitas vezes nesse período eu nem abro o bar, já que não dá para trabalhar nestas condições adversas”, desabafou.
Abaixo-assinado para desobstruir as vias
Em muitos pontos, a areia chega até a altura dos fios dos postes de energia elétrica e muitas residências já tiveram seus muros quebrados pela força das dunas. O caseiro Manel Bento trabalha em uma dos imóveis em que a grande quantidade de areia já está praticamente na porta e revelou que tenta ajudar tirando o material, mas sem sucesso.
“Só a Prefeitura de São João da Barra tem máquina que consegue empurrar essas dunas. Neste verão algumas ruas foram liberadas, mas muitas vias públicas ainda estão bloqueadas. Os moradores daqui fizeram um abaixo assinado para a retirada, mas até agora não receberam nenhuma resposta concreta por parte do município”, ressaltou o caseiro.
Procurada pela equipe de reportagem de O Diário para saber se há algum estudo sobre o avanço das dunas e a respeito da retirada de areia das vias publicas no litoral do município, a Prefeitura de SJB não se manifestou até o fechamento desta edição.
Caseiro Manel Bento: imóvel onde trabalha com areia na porta
Leo Menezes
O pacato distrito de Atafona, no litoral da cidade de São João da Barra (SJB), na Região Norte Fluminense, é um dos pontos turísticos preferidos dos campistas, principalmente no verão. A praia é conhecida pelas suas ruínas, ocasionadas pelo constante avanço do mar, e o que mais chama atenção de quem visita o local é a geografia, que oferece um cenário diferente em cada época do ano, na medida em que a erosão marinha se torna mais intensa. Um fato que tem impressionado moradores e turistas é o rápido avanço das dunas, que têm aumentado frequentemente de tamanho, se aproximando em direção às residências, dividindo opiniões. Para biólogos, trata-se de um processo natural devido ao avanço do mar, que representa uma série ameaça para os moradores.
Antes do início do verão muitas ruas estavam bloqueadas pelas areias, e a prefeitura realizou a retirada com retroescavadeiras, liberando algumas vias. Mas, de acordo com a engenheira ambiental Miriam Saltex, seria preciso uma avaliação mais aprofundada sobre impactos ambientais por órgãos competentes do município. “Toda a orla de São João da Barra está tendo uma transformação muito séria devido à falta de força do Rio Paraíba do Sul. As dunas funcionam como barreira natural e ao serem retiradas, o mar avança mais energia”, explicou.
Ainda de acordo com Saltex, a intervenção humana foi essencial para que o rio recuasse. A criação de pequenas hidrelétricas foi um dos fatores que mais colaboraram para isso. “A matemática é simples: as águas do rio vão sendo represadas, perdem a força e chegam em pouca quantidade na sua foz. Em consequência disso, o mar vai avançando em direção ao continente e empurra mais areia, formando as dunas. Os municípios deveriam investir mais em energia limpa para amenizar estes impactos”, sugeriu a engenheira ambiental.
Fenômeno também em Chapéu de Sol e Grussaí
Um processo curioso que também tem acontecido nos últimos anos no município de SJB é a formação de dunas nas praias de Chapéu de Sol e Grussaí, que antes praticamente tinham a faixa de areia completamente plana, do asfalto até o mar.
“É como se jogássemos muita água, com uma mangueira, direcionada a uma grande quantidade de areia. A tendência é essa areia se espalhar para frente e também para os lados”, disse Saltex, que também falou da importância da manutenção de vegetação rasteira nessas dunas.
“A vegetação é muito importante para ajudar a fixar essa areia no solo e evitar que as dunas continuem avançando em direção ao continente, por isso, não se deve transitar com veículos nas áreas demarcadas”, alertou engenheira ambiental.
Vento forte e areia prejudicam comércio
O comerciante Ronaldo Cravo, 62 anos, sempre morou em Atafona. Atualmente, ele tem um bar na Avenida Atlântica, a poucos metros das dunas.
“Eu tinha um quiosque em frente ao Espaço da Ciência, mas como era área de preservação ambiental, o meu imóvel foi desapropriado há dois anos. Desde então estou aqui, até quando o mar permitir”, revelou o comerciante.
Ronaldo ainda conta que em períodos de fortes ventos, o bar praticamente fica vazio, devido à areia que invade o estabelecimento. “Entre agosto e setembro, quando o vento nordeste está mais forte, ninguém vem aqui. Venta muito e voa areia para todos os lados. Muitas vezes nesse período eu nem abro o bar, já que não dá para trabalhar nestas condições adversas”, desabafou.
Abaixo-assinado para desobstruir as vias
Em muitos pontos, a areia chega até a altura dos fios dos postes de energia elétrica e muitas residências já tiveram seus muros quebrados pela força das dunas. O caseiro Manel Bento trabalha em uma dos imóveis em que a grande quantidade de areia já está praticamente na porta e revelou que tenta ajudar tirando o material, mas sem sucesso.
“Só a Prefeitura de São João da Barra tem máquina que consegue empurrar essas dunas. Neste verão algumas ruas foram liberadas, mas muitas vias públicas ainda estão bloqueadas. Os moradores daqui fizeram um abaixo assinado para a retirada, mas até agora não receberam nenhuma resposta concreta por parte do município”, ressaltou o caseiro.
Procurada pela equipe de reportagem de O Diário para saber se há algum estudo sobre o avanço das dunas e a respeito da retirada de areia das vias publicas no litoral do município, a Prefeitura de SJB não se manifestou até o fechamento desta edição.
O DiárioNF/Show Francisco
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