Condições e procedência questionadas nos açougues e supermercados
marcas conhecidas nacionalmente estão entre os principais alvos da operação deflagrada na última semana (fotos: Isaias Fernandes)
João Fernandes
A Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na última sexta-feira (17), que contou com mandados de prisão de 37 pessoas suspeitas de integrarem um esquema criminoso para liberação de licenças, fiscalização irregular de frigoríficos e adulteração de carne vencida, em seis estados e no Distrito Federal. Ela investiga 40 empresas do ramo alimentício envolvidas em um forte esquema de corrupção.
O inquérito revelou ainda que as carnes eram vendidas fora do prazo de validade e com substâncias cancerígenas. Apesar das prisões e interdições de frigoríficos não terem ocorrido no Estado do Rio de Janeiro, os consumidores em Campos estão com a atenção redobrada na hora da escolha do produto. A dona de casa Bárbara Manhães, de 41 anos, sempre questionou a procedência da carne que comprava para a família e preferia produtos de marcas conhecidas – como as que foram alvo da Operação Carne Fraca.
“Comprava sempre carne de uma das marcas envolvidas na operação de semana passada, pois minha filha de seis anos tem dificuldades para comer. Depois desta notícia, nunca mais vou comprar carne desta marca, agora compro direto no açougue do supermercado”, relatou a dona de casa.
Assunto continua discutido nas filas e preocupa campistas
Nas filas dos supermercados e açougues de Campos, o assunto continua preocupando os consumidores, no entanto, muitos não sabem distinguir o produto adulterado. O comerciante Fábio Coelho, de 28 anos, disse que olha sempre o prazo de validade dos produtos, no caso de embalagem fechada e costuma reparar o aspecto.
“Sempre evitei produtos enlatados, mas costumo sempre reparar a cor da carne e os seus aspectos”, relatou Fábio.
Para o assessor de Fiscalização da Vigilância Sanitária de Campos, médico veterinário Márcio Duarte, o consumidor deve estar sempre atento, principalmente, a itens como cor, textura e rótulos dos produtos. "A primeira coisa que o consumidor deve olhar ao comprar a carne é o acondicionamento no freezer, a temperatura, a coloração e até mesmo a textura. O grande problema que encontramos é com relação aos locais em que as carnes são estocadas, onde a temperatura tem que estar a -12° e a grande maioria está acondicionada entre 5° e 8º, temperatura totalmente inadequada", declarou Márcio.
O médico ressaltou ainda que o maior problema é encontrado nas carnes moídas, já que estas devem ser manuseadas na frente do consumidor. Segundo ele, o produto pode ser vendido pré-pesado, desde que com as informações específicas. "Como o consumidor vai saber se aquela carne é mesmo da parte do gado especificada na etiqueta e se foi moída no mesmo dia? O ideal é que o açougueiro mostre a carne ao consumidor para depois moer. Muitos têm encontrado problemas no interior das carnes moídas acondicionadas em bandejas, reclamando que por dentro ela está esverdeada", orientou Duarte.
Outra orientação da Vigilância Sanitária é para o consumidor que for comprar a peça da carne fique atento à etiqueta do produto. "Se a embalagem estiver adulterada, o produto não deve ser comprado. Na embalagem original estão descritas todas as características da carne, como peso, data de fabricação e data de validade", ressaltou Márcio.
Carne moída e demais produtos devem ser processados na hora
Com relação aos frios como queijo e presunto, por exemplo, as orientações também são para que o consumidor peça para fatiar na hora da compra, mas se for comprar em bandejas, que fique atento a itens como datas de validade, de fabricação e as condições de armazenamento.
As exigências feitas pelos fiscais estão previstas na Lei Municipal 5507/93, no decreto estadual 6538/83 e às normas da Anvisa. Em casos de fiscalização por parte do órgão, se não for encontrada irregularidade no estabelecimento, o proprietário recebe um termo de visita da Vigilância. Caso seja flagrado algum problema, as medidas variam de acordo com cada caso, entre notificação com prazo, interdição apenas do setor irregular e a de todo o estabelecimento até a regularização.
PF diz que irregularidades identificadas na Operação são pontuais
Da Agência Brasil
Após deflagrar a Operação Carne Fraca, na última sexta-feira (17), que bloqueou R$ 1 bilhão de empresas suspeitas de “maquiar” carnes vencidas e as reembalarem para venda, a Polícia Federal reconheceu ontem (21) que as investigações tratam de desvios praticados por “alguns servidores”. De acordo com a corporação, a apuração das irregularidades “não representam um mau funcionamento generalizado do sistema de integridade sanitária brasileiro”.
As declarações foram divulgadas nesta noite pela PF e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), após encontro do secretário-executivo da pasta, Eumar Roberto Novacki, com o diretor-geral da corporação, Leandro Daiello. O foco da operação, segundo os órgãos, é a eventual prática de crimes de corrupção por agendes públicos. “O sistema de inspeção federal brasileiro já foi auditado por vários países que atestaram sua qualidade. O SIF [Serviço de Inspeção Federal] garante produtos de qualidade ao consumidor brasileiro”, afirmaram a PF e o ministério em nota conjunta.
Ao dar detalhes das investigações, na última sexta-feira, a PF informou que essa é, em números, a maior operação já realizada no país. Cerca de 1.100 agentes federais cumpriram 309 mandados judiciais em sete estados, para buscas e prisões temporárias de suspeitos de fazer parte do esquema. Segundo a investigação, frigoríficos envolvidos “maquiavam” carnes vencidas com ácido ascórbico e subornavam fiscais federais para que eles autorizassem a comercialização de produtos já impróprios para consumo.
Repercussão negativa - Desde a deflagração da Carne Fraca, o governo federal reagiu argumentando que as fraudes representam um “fato isolado” e que a inspeção brasileira é “forte, robusta e séria”. Em um gesto para mostrar que não há preocupações generalizadas, o presidente Michel Temer se reuniu com embaixadores estrangeiros em uma churrascaria, no último domingo (19), após apresentar números de que a operação atingiu apenas 33 dos 11 mil funcionários do Ministério da Agricultura.
Na tarde desta terça-feira (21), a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) também fez críticas à operação. De acordo com a entidade, as afirmações sobre “dano agudo à saúde pública” que vieram à tona nos últimos dias “não se encontram lastreadas pelo trabalho científico” dos peritos da corporação.
marcas conhecidas nacionalmente estão entre os principais alvos da operação deflagrada na última semana (fotos: Isaias Fernandes)
João Fernandes
A Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na última sexta-feira (17), que contou com mandados de prisão de 37 pessoas suspeitas de integrarem um esquema criminoso para liberação de licenças, fiscalização irregular de frigoríficos e adulteração de carne vencida, em seis estados e no Distrito Federal. Ela investiga 40 empresas do ramo alimentício envolvidas em um forte esquema de corrupção.
O inquérito revelou ainda que as carnes eram vendidas fora do prazo de validade e com substâncias cancerígenas. Apesar das prisões e interdições de frigoríficos não terem ocorrido no Estado do Rio de Janeiro, os consumidores em Campos estão com a atenção redobrada na hora da escolha do produto. A dona de casa Bárbara Manhães, de 41 anos, sempre questionou a procedência da carne que comprava para a família e preferia produtos de marcas conhecidas – como as que foram alvo da Operação Carne Fraca.
“Comprava sempre carne de uma das marcas envolvidas na operação de semana passada, pois minha filha de seis anos tem dificuldades para comer. Depois desta notícia, nunca mais vou comprar carne desta marca, agora compro direto no açougue do supermercado”, relatou a dona de casa.
Assunto continua discutido nas filas e preocupa campistas
Nas filas dos supermercados e açougues de Campos, o assunto continua preocupando os consumidores, no entanto, muitos não sabem distinguir o produto adulterado. O comerciante Fábio Coelho, de 28 anos, disse que olha sempre o prazo de validade dos produtos, no caso de embalagem fechada e costuma reparar o aspecto.
“Sempre evitei produtos enlatados, mas costumo sempre reparar a cor da carne e os seus aspectos”, relatou Fábio.
Para o assessor de Fiscalização da Vigilância Sanitária de Campos, médico veterinário Márcio Duarte, o consumidor deve estar sempre atento, principalmente, a itens como cor, textura e rótulos dos produtos. "A primeira coisa que o consumidor deve olhar ao comprar a carne é o acondicionamento no freezer, a temperatura, a coloração e até mesmo a textura. O grande problema que encontramos é com relação aos locais em que as carnes são estocadas, onde a temperatura tem que estar a -12° e a grande maioria está acondicionada entre 5° e 8º, temperatura totalmente inadequada", declarou Márcio.
O médico ressaltou ainda que o maior problema é encontrado nas carnes moídas, já que estas devem ser manuseadas na frente do consumidor. Segundo ele, o produto pode ser vendido pré-pesado, desde que com as informações específicas. "Como o consumidor vai saber se aquela carne é mesmo da parte do gado especificada na etiqueta e se foi moída no mesmo dia? O ideal é que o açougueiro mostre a carne ao consumidor para depois moer. Muitos têm encontrado problemas no interior das carnes moídas acondicionadas em bandejas, reclamando que por dentro ela está esverdeada", orientou Duarte.
Outra orientação da Vigilância Sanitária é para o consumidor que for comprar a peça da carne fique atento à etiqueta do produto. "Se a embalagem estiver adulterada, o produto não deve ser comprado. Na embalagem original estão descritas todas as características da carne, como peso, data de fabricação e data de validade", ressaltou Márcio.
Carne moída e demais produtos devem ser processados na hora
Com relação aos frios como queijo e presunto, por exemplo, as orientações também são para que o consumidor peça para fatiar na hora da compra, mas se for comprar em bandejas, que fique atento a itens como datas de validade, de fabricação e as condições de armazenamento.
As exigências feitas pelos fiscais estão previstas na Lei Municipal 5507/93, no decreto estadual 6538/83 e às normas da Anvisa. Em casos de fiscalização por parte do órgão, se não for encontrada irregularidade no estabelecimento, o proprietário recebe um termo de visita da Vigilância. Caso seja flagrado algum problema, as medidas variam de acordo com cada caso, entre notificação com prazo, interdição apenas do setor irregular e a de todo o estabelecimento até a regularização.
PF diz que irregularidades identificadas na Operação são pontuais
Da Agência Brasil
Após deflagrar a Operação Carne Fraca, na última sexta-feira (17), que bloqueou R$ 1 bilhão de empresas suspeitas de “maquiar” carnes vencidas e as reembalarem para venda, a Polícia Federal reconheceu ontem (21) que as investigações tratam de desvios praticados por “alguns servidores”. De acordo com a corporação, a apuração das irregularidades “não representam um mau funcionamento generalizado do sistema de integridade sanitária brasileiro”.
As declarações foram divulgadas nesta noite pela PF e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), após encontro do secretário-executivo da pasta, Eumar Roberto Novacki, com o diretor-geral da corporação, Leandro Daiello. O foco da operação, segundo os órgãos, é a eventual prática de crimes de corrupção por agendes públicos. “O sistema de inspeção federal brasileiro já foi auditado por vários países que atestaram sua qualidade. O SIF [Serviço de Inspeção Federal] garante produtos de qualidade ao consumidor brasileiro”, afirmaram a PF e o ministério em nota conjunta.
Ao dar detalhes das investigações, na última sexta-feira, a PF informou que essa é, em números, a maior operação já realizada no país. Cerca de 1.100 agentes federais cumpriram 309 mandados judiciais em sete estados, para buscas e prisões temporárias de suspeitos de fazer parte do esquema. Segundo a investigação, frigoríficos envolvidos “maquiavam” carnes vencidas com ácido ascórbico e subornavam fiscais federais para que eles autorizassem a comercialização de produtos já impróprios para consumo.
Repercussão negativa - Desde a deflagração da Carne Fraca, o governo federal reagiu argumentando que as fraudes representam um “fato isolado” e que a inspeção brasileira é “forte, robusta e séria”. Em um gesto para mostrar que não há preocupações generalizadas, o presidente Michel Temer se reuniu com embaixadores estrangeiros em uma churrascaria, no último domingo (19), após apresentar números de que a operação atingiu apenas 33 dos 11 mil funcionários do Ministério da Agricultura.
Na tarde desta terça-feira (21), a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) também fez críticas à operação. De acordo com a entidade, as afirmações sobre “dano agudo à saúde pública” que vieram à tona nos últimos dias “não se encontram lastreadas pelo trabalho científico” dos peritos da corporação.
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