sábado, 15 de abril de 2017

Malhação de Judas ainda é mantida

Costume foi introduzido na América Latina pelos espanhóis e portugueses

João Fernandes

Tradicionalmente o sábado de aleluia é o dia da malhação do Judas. A tradição foi introduzida na América Latina pelos espanhóis e portugueses. Nesta data, é comum vermos bonecos trazendo nomes de políticos, personalidades do meio artístico ou até mesmo figuras populares nos bairros, pendurados em árvores, postes de fiação elétrica.
Já nem tanto quanto em outras épocas, alguns desses bonecos foram malhados em alguns bairros de Campos, por adultos e crianças armados com paus. A maioria dos personagens foi focalizando políticos, inclusive nomes envolvidos na “Operação Chequinho”, de grande repercussão no município, que por precaução O Diário decidiu não publicar.

O boneco é produzido pelos próprios moradores que na maioria das vezes tem o tamanho de um homem, forrado de serragem, trapos ou jornal. Nos países da península Ibérica, o Judas simboliza as forças do mal e constitui um vestígio de cultos de camponeses, onde em festas no início e no fim das colheitas, bonecos, representando o deus da vegetação, eram queimados para obter melhores resultados nos trabalhos do campo.

No ritual, o fogo é o sol e o processo se destina a garantir às árvores e plantações o calor e a luz indispensáveis, submetendo a figura ao poder das chamas. O sacrifício do mau apóstolo é, então, uma convergência de tradições vivas no trabalho agrícola. Já no Brasil, a tradição surgiu com o julgamento, a condenação, a leitura do testamento de Judas, através de versos que eram colocados no bolso do boneco e sua execução.

Pelo que a escritura registra, Judas foi o apóstolo traidor, já um ano antes da Paixão de Jesus tinha perdido a fé no mestre, mas continuava a acompanhá-lo por comodidade e para ir furtando do que ofereciam aos apóstolos.

“Obcecado pelo dinheiro, antes de se afastar de Cristo, resolveu entender-se com os sinedritas - membros do Sinédrio, conselho supremo dos judeus -. Judas assistiu ainda à última ceia, em que Jesus revelou a sua traição, mas foi logo ao encontro dos inimigos de Cristo para cumprir o que tinha combinado e receber 30 moedas. Consumada a traição, arrependeu-se, quis restituir o dinheiro, mas, repelido pelos sacerdotes, enforcou-se numa corda”.

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