terça-feira, 29 de agosto de 2017

Filho do dono da GAP preso enquanto visitava pai na cadeia


Operação do GAP em Campos / Paulo Pinheiro 

O Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção do Ministério Público Estadual divulgou que cumpriu mandado de prisão na última semana contra Fernando Trabach Gomes Filho, preso enquanto visitava o pai Fernando Trabach Gomes, que se encontra detido no Batalhão Especial Prisional, no Rio, desde 7 de agosto, apontado como líder de uma organização criminosa e responsável por usar um "fantasma” dono da GAP Comércio e Serviços Especiais e que foi contratada pela então prefeita Rosinha Garotinho (PR) para locação de ambulâncias em Campos. No início do mês o MPRJ também cumpriu mandado de busca e apreensão na casa dos Garotinho em Campos como parte das investigações.
A GAP tinha como dono o empresário fantasma George Augusto Pereira. Em 2009, no primeiro ano da gestão de Rosinha, a GAP foi contratada para alugar ambulâncias ao município. A empresa recebeu R$ 32 milhões entre 2009 e 2011. O último contrato em vigor era de R$ 15 milhões. O Ministério Público do Rio apontava fraude na licitação que resultou na contratação desde agosto de 2011. A prefeitura, porém, só rompeu o contrato com a GAP após a revista ÉPOCA revelar que George era um "fantasma".
Além de prestar serviço à Prefeitura administrada por Rosinha, a GAP foi contratada em 2011 pelo gabinete do então deputado federal Anthony Garotinho para locar um carro em Brasília. A despesa foi paga com dinheiro da Câmara, que banca a atividade parlamentar. Na mesma época, a empresa chegou a emprestar um carro para Wladimir Matheus, filho de Garotinho.
A primeira reportagem sobre fraude na contratação da GAP pela Prefeitura de Campos foi publicada por ÉPOCA no fim de abril.
Dois dias depois, Garotinho subiu à tribuna da Câmara para dizer que a empresa ganhou “licitamente a concorrência”. O então deputado negou qualquer ligação com o esquema de George, mas admitiu conhecer o empresário Fernando Trabach Gomes, que, segundo investigação da Polícia Civil, estaria por trás do fantasma. Já o empresário argumentou que, sem ele saber, um escritório de advocacia criou George.
Fernando Trabach Gomes Filho é acusado por pratica de crime de organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, tendo a prisão sido decretada porque retirou caixas de pertences da residência de seu pai, de madrugada, logo após terem sido presos Fernando Trabach e Monica Lima Barbosa na primeira fase da Operação Caça-Fantasma. De acordo com a denúncia, ele foi até a residência do casal, no Condomínio Golden Green na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e retirou objetos e elementos de prova, como escrituras e documentos. Na manhã seguinte, o MPRJ cumpriu mandado de busca e apreensão no imóvel, mas a ação foi prejudicada por Trabach Filho.
O empresário Fernando Trabach Gomes é apontado como líder de uma organização criminosa e responsável por usar o "fantasma” George Augusto Pereira da Silva, com o objetivo de cometer crimes licitatórios e contra a ordem tributária. O “fantasma” foi usado para vencer licitações em vários municípios do Estado, figurou como sócio de dezenas de empresas e outorgante de procurações para atuação junto a bancos, cartórios e prefeituras.
Gravações autorizadas pela Justiça revelaram intenção de Fernando Trabach de atentar contra a vida um juiz trabalhista de Maricá. Nos áudios, o empresário, considerado pelo MPRJ como “pessoa de elevada periculosidade e com influência política”, conversa com sua advogada e cogita agir para que o juiz sofra um “acidente automobilístico”, após o juiz ter condenado uma das empresas a pagar uma indenização trabalhista. Nas gravações, ele afirma: “se nós não conseguirmos tirar as ações de lá eu vejo que aí eu realmente vou ter que tomar outra atitude. Nem que seja arrumar um jeito do juiz bater o carro”. O empresário também costumava referir-se aos magistrados de Maricá e de Itaperuna como “bandidos, ladrões e corruptos”.
Além de Trabach Gomes, Trabach Filho e de Mônica Barbosa, também já foram presos na operação Caça-Fantasma os advogados Geraldo Menezes de Almeida e Marcos José Laporte de Souza. Centenas de documentos foram apreendidos.

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