Um dia após o marido, Anthony Garotinho, ser condenado a 9 anos, 10 meses e 11 dias de prisão como “comandante do esquema criminoso” de troca de votos por Cheque Cidadão, de acordo com a sentença do juiz Ralph Manhães, a ex-prefeita Rosinha Garotinho (PR) partiu para o ataque e afirmou, em entrevista na manhã desta quinta-feira (14), que o promotor Leandro Manhães é “chefe de uma quadrilha” e insinuou que o juiz responsável pelo caso poderia também fazer parte do mesmo grupo.
— Se tem alguém que é chefe de quadrilha aqui, em Campos, é o promotor Leandro Manhães, que inclusive tem um processo contra ele no Ministério Público aberto pelo Garotinho em 2015, com coisas gravíssimas contra ele, tudo com provas. Ele que não poderia estar atuando no processo contra nós, porque foi citado antes da operação Chequinho. Essa operação foi uma revanche do promotor Leandro contra nós — disse Rosinha.
Ao ser questionada por um jornalista de que a denúncia do MP foi aceita pela Justiça, Rosinha disse que “uma quadrilha não age sozinha”. Sobre o envolvimento do juiz responsável pelo caso, ela ainda fala: “está tudo lá no processo. A verdade vai aparecer”. A ex-governadora ainda acrescentou que o juiz estaria descumprindo uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que permitia a Garotinho continuar trabalhando na Rádio Tupi. À noite, Rosinha publicou no Blog do Garotinho uma carta à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, dizendo que o marido tem sido vítima de uma perseguição e pediu ajuda da ministra, pois, segundo ela, “as forças estão se esgotando”.
Na sentença, Ralph Manhães contestou a versão apresentada por Garotinho para tentar afastar Leandro Manhães do caso. “Convém trazer à baila que, nos termos da decisão que rejeitou aquele incidente não ocorreu qualquer fato novo de forma a justificar aquela arguição, até porque trata-se de uma representação de natureza administrativa, datada de 2015, em que o réu (Garotinho) não figura como representante ou mesmo tenha sido seu nome ventilado naquele petitório. Aliás, o representante foi a Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, pessoa jurídica de direito público, que não se confunde com o réu”, relatou.
O magistrado também classificou como “descabida” a tentativa do réu em querer afastá-lo do processo. “Já no que se refere à alegação de suspeição deste magistrado, entendo que a mesma é totalmente descabida em razão da preclusão lógica e consumativa desta faculdade processual, pois o réu, na audiência ocorrida no dia 20/02/2017, conjuntamente com seus seis advogados e na presença de seis promotores eleitorais, manifestou, de forma expressa, o seu desejo de renunciar ao incidente de suspeição deste magistrado que já se encontrava em andamento, pelo que considero desleal e em flagrante litigância de má-fé a nova tentativa de arguição de suspeição de magistrado sem qualquer fato novo”, disse Ralph.
A equipe de reportagem entrou em contato com a Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj), Associação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Amperj), Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) e com o Ministério Público, mas não obteve um posicionamento até o fechamento desta edição. No entanto, em seu site, a Amaerj publicou que: “por redes sociais e a imprensa, o ex-governador atacou os juízes Ralph Manhães e Glaucenir de Oliveira, acusando-os de perseguição e cerceamento de defesa. A Amaerj contestou as declarações ofensivas de Garotinho. De acordo com a entidade, em nenhum momento a Justiça Eleitoral em Campos ‘decidiu fora dos autos, reduziu o prazo de defesa ou restringiu o direito de defesa de Anthony Garotinho’”.
Faixa foi pendurada na ponte férrea / Antonio Leudo
Manifestações contra e a favor de condenado
Manifestações contra e a favor de condenado
A quinta-feira também foi de manifestações a favor e contra Anthony Garotinho. Uma faixa sem autor conhecido foi colocada na ponte ferroviária, na avenida XV de Novembro, com os dizeres: “Garotinho, você quebrou Campos. Agora paga”. A mensagem foi colocada em um dos pontos de maior movimentação da cidade, no sentido do Centro para os bairros como Caju, Pecuária e o acesso à ponte General Dutra e ao Hospital Ferreira Machado.
No entanto, o ex-governador também conseguiu reunir simpatizantes. Na porta da “casinha da Lapa”, onde cumpre prisão domiciliar, um grupo com aproximadamente 20 pessoas fizeram uma manifestação de apoio a Garotinho com cartazes, entre eles, o vereador Thiago Virgílio (PTC), que ficou conhecido como “Pitbull Rosa”, enquanto a ex-prefeita e também ex-governadora Rosinha Garotinho discursava para uma transmissão ao vivo nas redes sociais.
Radialista se defende por não falar de prisão
Quem também se manifestou foi o radialista Cristiano Santos, que substituiu Anthony Garotinho ao vivo na Rádio Tupi durante a prisão do ex-governador pela Polícia Federal. Ontem, o comunicador voltou a apresentar o programa “Fala Garotinho” e se defendeu das críticas por não ter falado da prisão do colega ao assumir o microfone e justificado a substituição por um problema vocal.
Cristiano alegou que foi surpreendido ao ter que voltar ao ar, e informou que o ex-governador “não teve tempo nem de se despedir”. “Eu disse, quando abri a minha participação, ontem, que o Garotinho estava rouco. Vou perguntar uma coisa: eu falei alguma mentira? Quem é ouvinte do programa sabe que, na terça-feira, eu já havia feito o programa do Garotinho, porque ele estava sem voz. Todo mundo sabe disso. (...) De repente, eu fui acionado para assumir o programa novamente. O que mais poderia passar pela minha cabeça a não ser que o Garotinho não aguentou por estar sem voz?”
(J.R.) (A.S.)
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