JANE RIBEIRO
Após três anos e nove meses, finalmente Fernanda Chagas, mãe do jovem Fernando Iuri Chagas Rangel, morto aos 19 anos após complicações neurológicas decorrentes de uma cirurgia eletiva realizada em um hospital particular de Campos, conseguiu que os quatro médicos que atenderam o seu filho fossem denunciados pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 1ª e da 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Campos. De acordo com nota do MPRJ, enviada à Folha da Manhã, o cirurgião Paulo Cézar Mota da Rocha e o anestesista Luis Bernardo Vital Brasil Bogado foram denunciados por homicídio doloso e falsidade ideológica. Já os médicos Rocklane Viana Areas e Hugo Manhães Areas foram denunciados por falsidade ideológica, no mesmo procedimento.
Segundo o MP, o dolo eventual ficou caracterizado pelo fato de os dois terem assumido o risco da morte do rapaz, com a omissão de deveres de cuidado, ao injetarem pesadas drogas sem ofertar oxigênio suplementar e praticando cirurgias e anestesias simultâneas. Ainda de acordo com nota enviada pelo Ministério Público, o fato foi comprovado por vídeos da cirurgia que teriam revelado que, apesar da previsibilidade quanto à evolução e aos efeitos dos remédios que aplicava, o anestesista não agiu de forma a conter os riscos mortais que decorreriam da depressão respiratória advinda da sua ação médica.
A nota diz que Luis Bernardo manteve a vítima em respiração espontânea em ar ambiente, sem ofertar aporte suplementar de oxigênio e, principalmente, sem manter vigilância constante e permanente do paciente, conforme preconiza resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM).
O vídeo revelaria ainda que depois de disparados os alarmes de anormalidades vitais no corpo do paciente, o anestesista teria permanecido alheio e indiferente ao quadro fisiológico que se instalava na vítima, ficando inerte por mais 6 minutos e 3 segundos. “Não houve dúvidas, portanto, que o segundo denunciado deixou o paciente entregue à sorte divina, sem adotar providência ou ação, apesar de ser o único garantidor responsável pelo controle dos sinais vitais da vítima”, ressalta a denúncia. Ao todo, de acordo com o MP, o anestesista se manteve fora da sala cirúrgica por mais de 36 minutos, dos 45 minutos de cirurgia, até soarem os alarmes dos sinais vitais monitorados.
Para Fernanda, mãe de Iuri, foi uma luta diária provar que o filho foi morto por negligência dos médicos. Segundo ela, Fernando foi operado junto com mais três pessoas ao mesmo tempo. Ela disse que o filho morreu por falta de oxigênio.
— Fernando Iuri foi morto porque eles, os médicos, após a cirurgia, não deram a assistência necessária. O mapa cirúrgico mostra que mais duas pessoas estavam agendadas no mesmo horário. O que causou a morte do meu filho foi a queda da língua por falta de oxigênio. Em 45 minutos de cirurgia, de entrada e saída do anestesista na sala não dava 15 minutos. Ele não foi entubado. Os anestésicos usados causaram esse problema com a língua. Ele não poderia ter saído do lado dele e muito menos deixar de entubar quando a máquina deu o sinal. Ele só apareceu após 20 minutos do meu filho parado. Todos eles mataram o meu filho — disse Fernanda revoltada.
De acordo com a denúncia, o cirurgião Paulo Cézar realizava cirurgias simultâneas, previamente agendadas e eletivas. Paulo teria deixado de suspender o ato ou de convocar o anestesista de plantão de forma a substituir o profissional de sua escolha, que insistia em se manter fora da sala cirúrgica.
Ainda segundo a denúncia, as agendas das cirurgias, todas programadas e eletivas, registram que os dois médicos trabalharam em diferentes salas até às 20h do dia da cirurgia de Fernando Iuri. Paulo realizou dez cirurgias e Bernardo, dezoito. Ambos teriam atuado em várias cirurgias simultâneas, sem qualquer indicativo de urgência ou emergência.
Segundo o Ministério Público, a realização de anestesias simultâneas é considerada uma prática atentatória à ética médica, por comprometer seriamente a segurança do paciente.
De acordo com a nota enviada pelo MP, ao final do procedimento, os dois escamotearam as informações reais do procedimento cirúrgico realizado, registrando no prontuário médico dados e informações que não condiziam com a verdade. Junto com Paulo César e Luis Bernardo, os outros dois denunciados teriam omitido, no prontuário médico, declarações que deveriam constar no documento.
Acusados ainda não foram notificados
O médico Hugo Manhães Areas, que também foi denunciado, disse, ao ser procurado pela Folha da Manhã, que não vai falar sobre o assunto. Já o advogado do cirurgião Paulo César, Elvio Araújo, informou que pretende falar sobre o assunto quando tomar conhecimento da denúncia.
Os médicos Rocklane Viana Areas e Luis Bernardo Vital Brasil Bogado não foram localizados pela equipe.
Em nota, o Hospital Dr. Beda informou que, “a respeito do paciente Fernando Iuri Chagas, em 2013, a direção do hospital esclarece que colaborou, em todos os níveis, no processo de investigação do fato. Até ontem, o hospital Dr. Beda não havia recebido nenhum tipo de citação por parte do Ministério Público, ou qualquer outro tipo de comunicado relacionado ao fato”.
Segundo o MP, o dolo eventual ficou caracterizado pelo fato de os dois terem assumido o risco da morte do rapaz, com a omissão de deveres de cuidado, ao injetarem pesadas drogas sem ofertar oxigênio suplementar e praticando cirurgias e anestesias simultâneas. Ainda de acordo com nota enviada pelo Ministério Público, o fato foi comprovado por vídeos da cirurgia que teriam revelado que, apesar da previsibilidade quanto à evolução e aos efeitos dos remédios que aplicava, o anestesista não agiu de forma a conter os riscos mortais que decorreriam da depressão respiratória advinda da sua ação médica.
A nota diz que Luis Bernardo manteve a vítima em respiração espontânea em ar ambiente, sem ofertar aporte suplementar de oxigênio e, principalmente, sem manter vigilância constante e permanente do paciente, conforme preconiza resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM).
O vídeo revelaria ainda que depois de disparados os alarmes de anormalidades vitais no corpo do paciente, o anestesista teria permanecido alheio e indiferente ao quadro fisiológico que se instalava na vítima, ficando inerte por mais 6 minutos e 3 segundos. “Não houve dúvidas, portanto, que o segundo denunciado deixou o paciente entregue à sorte divina, sem adotar providência ou ação, apesar de ser o único garantidor responsável pelo controle dos sinais vitais da vítima”, ressalta a denúncia. Ao todo, de acordo com o MP, o anestesista se manteve fora da sala cirúrgica por mais de 36 minutos, dos 45 minutos de cirurgia, até soarem os alarmes dos sinais vitais monitorados.
Para Fernanda, mãe de Iuri, foi uma luta diária provar que o filho foi morto por negligência dos médicos. Segundo ela, Fernando foi operado junto com mais três pessoas ao mesmo tempo. Ela disse que o filho morreu por falta de oxigênio.
— Fernando Iuri foi morto porque eles, os médicos, após a cirurgia, não deram a assistência necessária. O mapa cirúrgico mostra que mais duas pessoas estavam agendadas no mesmo horário. O que causou a morte do meu filho foi a queda da língua por falta de oxigênio. Em 45 minutos de cirurgia, de entrada e saída do anestesista na sala não dava 15 minutos. Ele não foi entubado. Os anestésicos usados causaram esse problema com a língua. Ele não poderia ter saído do lado dele e muito menos deixar de entubar quando a máquina deu o sinal. Ele só apareceu após 20 minutos do meu filho parado. Todos eles mataram o meu filho — disse Fernanda revoltada.
De acordo com a denúncia, o cirurgião Paulo Cézar realizava cirurgias simultâneas, previamente agendadas e eletivas. Paulo teria deixado de suspender o ato ou de convocar o anestesista de plantão de forma a substituir o profissional de sua escolha, que insistia em se manter fora da sala cirúrgica.
Ainda segundo a denúncia, as agendas das cirurgias, todas programadas e eletivas, registram que os dois médicos trabalharam em diferentes salas até às 20h do dia da cirurgia de Fernando Iuri. Paulo realizou dez cirurgias e Bernardo, dezoito. Ambos teriam atuado em várias cirurgias simultâneas, sem qualquer indicativo de urgência ou emergência.
Segundo o Ministério Público, a realização de anestesias simultâneas é considerada uma prática atentatória à ética médica, por comprometer seriamente a segurança do paciente.
De acordo com a nota enviada pelo MP, ao final do procedimento, os dois escamotearam as informações reais do procedimento cirúrgico realizado, registrando no prontuário médico dados e informações que não condiziam com a verdade. Junto com Paulo César e Luis Bernardo, os outros dois denunciados teriam omitido, no prontuário médico, declarações que deveriam constar no documento.
Acusados ainda não foram notificados
O médico Hugo Manhães Areas, que também foi denunciado, disse, ao ser procurado pela Folha da Manhã, que não vai falar sobre o assunto. Já o advogado do cirurgião Paulo César, Elvio Araújo, informou que pretende falar sobre o assunto quando tomar conhecimento da denúncia.
Os médicos Rocklane Viana Areas e Luis Bernardo Vital Brasil Bogado não foram localizados pela equipe.
Em nota, o Hospital Dr. Beda informou que, “a respeito do paciente Fernando Iuri Chagas, em 2013, a direção do hospital esclarece que colaborou, em todos os níveis, no processo de investigação do fato. Até ontem, o hospital Dr. Beda não havia recebido nenhum tipo de citação por parte do Ministério Público, ou qualquer outro tipo de comunicado relacionado ao fato”.
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