Canal Campos-Macaé deve mudar de nome após a revitalização que vem passando depois de anos e anos de abandono e sujeira
GERAL POR THIAGO GOMES
GERAL POR THIAGO GOMES
O Canal Campos-Macaé passa por um macroprojeto de revitalização, que já eliminou mais de 90% das ligações clandestinas que jogavam esgoto em suas águas. A iniciativa é da Concessionária Águas do Paraíba, que inclui uma série de ações, como resgatar o aspecto histórico do local e até uma possível alteração do nome, que sempre ficou em segundo plano em relação ao pejorativo apelido “Beira-Valão”. A medida, no entanto, só veio 18 anos após a concessionária ter começado a prestar serviços em Campos.
Segundo dados da Empresa, a Operação Esgoto Zero, iniciada há mais de um ano, esta em sua terceira fase e conseguiu eliminar quase todo lançamento de esgoto no Canal Campos-Macaé. Na fase de dragagem, cerca de 50 caminhões de lama, lodo e detritos foram tirados de seu leito. A maioria das ligações clandestinas foi feita em galerias pluviais e, para a localização dessas contribuições irregulares, a concessionária teve que utilizar robôs que percorreram vários quilômetros de redes que recebem água de chuva e esgoto clandestino. Esse percurso foi filmado e fotografado.
O gerente operacional de Águas do Paraíba, engenheiro Silas Almeida, explica que a operação foi complexa: “Essas tubulações em sua maioria estão bastante assoreadas, principalmente com areia carregada pelas chuvas, dificultando o deslocamento dos robôs”. Mesmo assim, foram detectadas e eliminadas dezenas de ligações clandestinas, num raio de aproximadamente três quilômetros em ambas as margens do Campos Macaé. O esgoto era lançado irregularmente a partir de casas e apartamentos, além de restaurantes, lanchonetes e padarias. As que foram descobertas foram eliminadas. Mesmo assim, o canal continuava recebendo esgoto.
Também segundo o engenheiro, tal constatação obrigou a concessionária a rever e eliminar ligações subterrâneas irregulares, na área do Mercado Municipal e da Rodoviária Roberto Silveira. “Ainda assim havia contribuições clandestinas remanescentes. Para eliminá-las, a empresa decidiu utilizar mais uma ação complexa de engenharia, instalando em ambas as margens do canal seis estações elevatórias de tomada de água em tempo seco”, detalhou Silas.
Várias galerias de águas pluviais foram interligadas a essas estações subterrâneas que recebem — fora dos momentos de chuva — esgoto de ligações clandestinas que ainda existem e ainda não foram localizadas por impossibilidade de acesso pelas tubulações.
“Esse efluente ainda existente nas galerias pluviais, que antes chegava diretamente ao Canal, agora é enviado pelo sistema de elevatórias de tomada de água em tempo seco para as redes coletoras de esgoto existentes que, por sua vez, leva para tratamento na Estação de Tratamento de Esgoto Sul, na Chatuba”, esclareceu o gerente operacional de Águas do Paraíba.
Para quem achava que o canal estava morto, até peixes de médio porte foram encontrados durante a fase de limpeza.
Nova fase
Nesse momento, a concessionária executa a terceira fase da Operação Esgoto Zero no Canal Campos-Macaé, interceptando suas águas na Avenida José Alves de Azevedo com a Avenida 28 de Março e fazendo uma limpeza completa no leito do canal para a retirada de lama e lixo, acumulado há décadas. Esse trabalho deve terminar em 60 dias, quando o canal deverá ser repintado.
“Ainda fazem parte deste macroprojeto a instalação de totens com a história centenária do patrimônio, tornando-se um novo ponto turístico da cidade, com a promoção de eventos culturais, ambientais e artísticos em suas margens, além da formação de uma Associação de Amigos do Canal, para um trabalho permanente de conscientização sobre a sua importância e a necessidade de sua preservação permanente”, concluiu Silas Almeida.
Troca de nome
A troca do nome do Canal Campos-Macaé também pode fazer parte do macroprojeto de revitalização, mas isso vai depender da vontade da Associação de Amigos do Canal, que ainda será formada. De acordo com a assessoria da concessionária, essa associação será uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e ficará responsável pela gestão do Campos-Macaé.
A concessionária justifica que muitos campistas se referem ao patrimônio histórico como “Beira-Valão” ou simplesmente “Valão”. E “Campos-Macaé” perdeu um pouco seu significado, pois o canal já não é mais um meio de transporte entre as duas cidades. As sugestões de nomes que estão sendo consideradas, por enquanto, são: Canal do Imperador, Canal Dom Pedro II e Canal dos Arcos.
Histórico
O Canal Campos Macaé começou a ser construído em 1º de outubro de 1844, utilizando mão de obra de escravos, sendo considerado, à época, uma das maiores obras de engenharia do país no período do Império. Originariamente com extensão de 106 quilômetros, se tornou o segundo canal artificial mais longo do mundo, sendo superado apenas pelo Canal de Suez (163 quilômetros), e superando o Canal do Panamá (82 quilômetros).
Devido à sua importância, em 1847 o imperador D. Pedro II fez uma viagem para conhecer a próspera região Norte Fluminense e, especialmente, para inspecionar as obras do canal, tendo se hospedado na Casa da Fazenda Quissamã, pertencente ao barão e visconde de Araruama.
Interligando as cidades de Macaé e Campos dos Goytacazes — cortando os atuais municípios de Quissamã e Carapebus, além do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba — ao longo do tempo, foi sendo abandonado e tornou-se um escoadouro para galerias pluviais e recebendo lançamento de esgoto em sua área urbana. Em 30 de dezembro de 2002 o Canal Campos Macaé recebeu tombamento provisório do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).
Segundo informações do órgão, foi idealizado pelo inglês John Henry Freese com o objetivo de ligar o Rio Paraíba do Sul ao Rio Macaé e visava facilitar o escoamento da produção açucareira, através do canal, ao porto de Imbetiba em Macaé, seguindo para o Rio de Janeiro. “Considerada obra faraônica para época”, definiu o Inepac.
Segundo dados da Empresa, a Operação Esgoto Zero, iniciada há mais de um ano, esta em sua terceira fase e conseguiu eliminar quase todo lançamento de esgoto no Canal Campos-Macaé. Na fase de dragagem, cerca de 50 caminhões de lama, lodo e detritos foram tirados de seu leito. A maioria das ligações clandestinas foi feita em galerias pluviais e, para a localização dessas contribuições irregulares, a concessionária teve que utilizar robôs que percorreram vários quilômetros de redes que recebem água de chuva e esgoto clandestino. Esse percurso foi filmado e fotografado.
O gerente operacional de Águas do Paraíba, engenheiro Silas Almeida, explica que a operação foi complexa: “Essas tubulações em sua maioria estão bastante assoreadas, principalmente com areia carregada pelas chuvas, dificultando o deslocamento dos robôs”. Mesmo assim, foram detectadas e eliminadas dezenas de ligações clandestinas, num raio de aproximadamente três quilômetros em ambas as margens do Campos Macaé. O esgoto era lançado irregularmente a partir de casas e apartamentos, além de restaurantes, lanchonetes e padarias. As que foram descobertas foram eliminadas. Mesmo assim, o canal continuava recebendo esgoto.
Também segundo o engenheiro, tal constatação obrigou a concessionária a rever e eliminar ligações subterrâneas irregulares, na área do Mercado Municipal e da Rodoviária Roberto Silveira. “Ainda assim havia contribuições clandestinas remanescentes. Para eliminá-las, a empresa decidiu utilizar mais uma ação complexa de engenharia, instalando em ambas as margens do canal seis estações elevatórias de tomada de água em tempo seco”, detalhou Silas.
Várias galerias de águas pluviais foram interligadas a essas estações subterrâneas que recebem — fora dos momentos de chuva — esgoto de ligações clandestinas que ainda existem e ainda não foram localizadas por impossibilidade de acesso pelas tubulações.
“Esse efluente ainda existente nas galerias pluviais, que antes chegava diretamente ao Canal, agora é enviado pelo sistema de elevatórias de tomada de água em tempo seco para as redes coletoras de esgoto existentes que, por sua vez, leva para tratamento na Estação de Tratamento de Esgoto Sul, na Chatuba”, esclareceu o gerente operacional de Águas do Paraíba.
Para quem achava que o canal estava morto, até peixes de médio porte foram encontrados durante a fase de limpeza.
Nova fase
Nesse momento, a concessionária executa a terceira fase da Operação Esgoto Zero no Canal Campos-Macaé, interceptando suas águas na Avenida José Alves de Azevedo com a Avenida 28 de Março e fazendo uma limpeza completa no leito do canal para a retirada de lama e lixo, acumulado há décadas. Esse trabalho deve terminar em 60 dias, quando o canal deverá ser repintado.
“Ainda fazem parte deste macroprojeto a instalação de totens com a história centenária do patrimônio, tornando-se um novo ponto turístico da cidade, com a promoção de eventos culturais, ambientais e artísticos em suas margens, além da formação de uma Associação de Amigos do Canal, para um trabalho permanente de conscientização sobre a sua importância e a necessidade de sua preservação permanente”, concluiu Silas Almeida.
Troca de nome
A troca do nome do Canal Campos-Macaé também pode fazer parte do macroprojeto de revitalização, mas isso vai depender da vontade da Associação de Amigos do Canal, que ainda será formada. De acordo com a assessoria da concessionária, essa associação será uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e ficará responsável pela gestão do Campos-Macaé.
A concessionária justifica que muitos campistas se referem ao patrimônio histórico como “Beira-Valão” ou simplesmente “Valão”. E “Campos-Macaé” perdeu um pouco seu significado, pois o canal já não é mais um meio de transporte entre as duas cidades. As sugestões de nomes que estão sendo consideradas, por enquanto, são: Canal do Imperador, Canal Dom Pedro II e Canal dos Arcos.
Histórico
O Canal Campos Macaé começou a ser construído em 1º de outubro de 1844, utilizando mão de obra de escravos, sendo considerado, à época, uma das maiores obras de engenharia do país no período do Império. Originariamente com extensão de 106 quilômetros, se tornou o segundo canal artificial mais longo do mundo, sendo superado apenas pelo Canal de Suez (163 quilômetros), e superando o Canal do Panamá (82 quilômetros).
Devido à sua importância, em 1847 o imperador D. Pedro II fez uma viagem para conhecer a próspera região Norte Fluminense e, especialmente, para inspecionar as obras do canal, tendo se hospedado na Casa da Fazenda Quissamã, pertencente ao barão e visconde de Araruama.
Interligando as cidades de Macaé e Campos dos Goytacazes — cortando os atuais municípios de Quissamã e Carapebus, além do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba — ao longo do tempo, foi sendo abandonado e tornou-se um escoadouro para galerias pluviais e recebendo lançamento de esgoto em sua área urbana. Em 30 de dezembro de 2002 o Canal Campos Macaé recebeu tombamento provisório do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).
Segundo informações do órgão, foi idealizado pelo inglês John Henry Freese com o objetivo de ligar o Rio Paraíba do Sul ao Rio Macaé e visava facilitar o escoamento da produção açucareira, através do canal, ao porto de Imbetiba em Macaé, seguindo para o Rio de Janeiro. “Considerada obra faraônica para época”, definiu o Inepac.
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