A Polícia Federal, com o apoio da Coordenação Geral de Inteligência Previdenciária e do Ministério Público Federal, deflagrou nesta sexta-feira, em Campos e região, a Operação Cardiopatas, em combate à corrupção de servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e a fraudes previdenciárias, cujo prejuízo à Previdência ultrapassa R$ 4,3 milhões. Ao todo, 53 mandados — 12 de prisão preventiva, três de prisão temporária, 20 de condução coercitiva e 18 de busca e apreensão — foram expedidos para cumprimento em Campos, São João da Barra, Italva e Casimiro de Abreu. Os médicos Admardo Henriques Tavares (pediatra), Renato Rabelo Amoy (cardiologista) e Jairo Rodrigues Perissé (ortopedista) foram presos e prestaram depoimento na delegacia da PF. À tarde, foram levados ao Instituto Médico Legal (IML) de Campos para exame de corpo de delito e depois foram encaminhados para a unidade prisional.
Entre os envolvidos no esquema, 34 foram conduzidos à sede da Polícia Federal em Campos e um em Macaé. Quatorze foram presos e um está foragido. Diversos beneficiários foram conduzidos coercitivamente à sede da Polícia Federal. Eles foram ouvidos e liberados.
A ação, que teve início na madrugada desta sexta, contou com 120 policiais federais de Campos e do Rio de Janeiro e dois analistas de inteligência previdenciária. Dos 53 mandados, pelo menos 20 foram cumpridos, inclusive em clínicas particulares na Pelinca e na área central de Campos. Uma das clínicas seria do pediatra Admardo Tavares, que chegou a concorrer a eleição de 2016 para vereador em Campos e é o primeiro suplente do PSDC. Quatro mulheres presas, cujas identidades não foram divulgadas pela Polícia Federal, foram levadas ao Instituto Médico Legal (IML) de Campos para exames de corpo de delito e depois encaminhadas para o presídio feminino Nilza da Silva Santos.
“No curso da investigação foram comprovadas fraudes em 34 benefícios por incapacidade, entre auxílios-doença e aposentadoria por invalidez, gerando um prejuízo apurado de pelo menos R$ 4.373.151,04 à Previdência. Os investigados responderão pelos crimes de estelionato previdenciário, corrupção passiva e ativa, peculato e violação de sigilo funcional”, informou, em nota, a Polícia Federal.
Delegado comentou sobre esquema
O delegado federal Vinícius Venturini, que está à frente da Operação Cardiopatas, explicou que o inquérito é de 2013, mas a investigação foi intensificada nos últimos oito meses. Os policiais analisaram inquéritos de fraudes previdenciárias isoladas que seguiam o mesmo modus operandi (modo de operação), caracterizando a atuação de uma quadrilha.
— A partir de um gancho, a gente descobriu o intermediário. O intermediário é aquele que coopta a pessoa disposta a fraudar o INSS (o beneficiário), produz todos os documentos médicos, dá entrada no INSS e recebe o benefício. Isso culminou na operação de hoje, com o cumprimento de 15 mandados de prisão, sendo doze de preventiva e três temporárias, 20 conduções coercitivas e 18 mandados de busca e apreensão, além de sequestro de bens no total de R$ 4,3 milhões, que foi o prejuízo calculado praticado pela organização criminosa.
O nome da operação se deve ao fato de a maioria dos beneficiários cooptados pela organização criminosa terem simulado miocardiopatia dilatada ao INSS, com base em documentos médicos ideologicamente falsos.
Um suspeito é considerado foragido
O suspeito de ser o principal intermediário do esquema desarticulado pela Polícia Federal na Operação Cardiopatas foi identificado como Rogério Vasconcelos Maciel, que está foragido. Segundo o delegado federal Vinícius Venturini, que está à frente da operação, ele mora na localidade de Campo Novo, em Campos, e organizava todos os procedimentos da fraude.
— Rogério é o cabeça do esquema. Ele tinha um círculo de contatos entre médicos, pessoas que trabalham em clínicas, servidores do INSS e médicos peritos. Cooptava o beneficiário. Em regra, o beneficiário é uma pessoa humilde e não é assegurado do INSS. Ele pega a pessoa, banca a contribuição no teto do INSS, como autônomo, até cumprir os 12 meses de carência. Cumprido o prazo, eles dão entrada no auxílio-doença e começam a receber R$ 5 mil mensais. E, às vezes, conseguem até se aposentar — ressaltou o delegado.
(P.V.) (J.R.) (J.M.) (J.B.)
Material apreendido / Paulo Pinheiro
Fotos: Paulo Pinheiro e Jane Ribeiro
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