Por Aluysio Abreu Barbosa
Muito além das disputas paroquiais
Por Ricardo André Vasconcelos
A escolha do nome do presidente da Câmara dos Vereadores de Campos, Marcão Gomes (Rede), como representante da facção política atualmente no poder para concorrer a uma vaga na Câmara Federal, significa a disposição de Rafael Diniz (PPS) de disputar de verdade o comando da política local. É um teste de fogo, não só para a sucessão municipal de 2020, mas principalmente para aferir se o prefeito conseguiu ou não se consolidar como uma liderança alternativa ao garotismo. Do outro lado do ringue estará justamente o filho do casal Garotinho — cujo nome, Wladimir, é uma homenagem ao ex-líder estudantil nos anos 60, Wladimir Palmeira —, apontado como aposta garotista para tentar retomar a prefeitura daqui a dois anos.
Há 32 anos, nas eleições de 1986, as peças eram semelhantes, aparentadas. Zezé Barbosa, em seu terceiro mandato de prefeito, lançou o genro candidato a deputado estadual, tendo como principal adversário um jovem radialista. Era uma queda de braço entre o ocaso da velha liderança e o alvorecer da nova. O radialista, Anthony Matheus, que logo incorporaria ao nome a alcunha “emprestada” do ídolo José Carlos Araújo, o “Garotinho”, venceu a disputa com 33.439 votos pelo PDT, contra 30.751 votos do genro de Zezé, Sérgio Diniz (PMDB) e pai do atual prefeito. Ambos foram eleitos, mas o resultado numérico foi o principal sinal da ascensão de uma liderança e queda da outra e um par de anos depois, Garotinho foi eleito prefeito.
A história parece que se repete. De um lado uma liderança emergente, porém com grande dificuldade de consolidação e do outro, um “coronel” em desgraça crescente, não apenas pelo desgaste do tempo, como também muitos processos judiciais e que já renderam três prisões provisórias para Garotinho. Três décadas atrás isso seria impensável…
Para as eleições de outubro deste ano é previsível que tanto Marcão quanto Wladimir sejam eleitos, mesmo que os dois possam sofrer alguns tropeços por causa de seus partidos. O primeiro está (ainda) no minúsculo Rede, que acaba de sofrer uma perda significativa com a saída do deputado Alessandro Molon, considerado puxador de votos; e o segundo está, como o pai, sem legenda. Outra coincidência é a aparente independência, tanto de um quanto de outro, em relação aos seus patronos. O presidente da Câmara nem de longe se encaixa no perfil de “poste” e sabe como se beneficiar dos bônus sem o desgaste dos ônus de ser candidato de um governo que patina há 14 meses e dá sinais de envelhecimento precoce, enquanto o filho do casal Garotinho não só aparenta estar imune à impopularidade dos pais, como também já deu mostras de independência e até de enfrentamento dentro de casa. Preterido para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa há quatro anos, Wladimir desafiou o pai, lançou, bancou e elegeu o amigo Bruno Dauaire. Portanto, se eleitos, nem Marcão nem Wladimir serão tributários incontestáveis de padrinhos.
De um lado, o governo Rafael Diniz está passando por uma reforma para dar agilidade política ao governo que vem perdendo a luta para os problemas cotidianos, como por exemplo, dos transportes, que se arrastam sem sequer uma amenização. Busca azeitar a máquina para a batalha de outubro. Do outro, a velha tática da guerrilha política do garotismo que, sem o poder nas mãos, apela para a desqualificação dos adversários, dossiês, passeatas, denuncismo e etc…
No entanto, não custa lembrar que nem todos os eleitores se comportam diante da urna eletrônica como se o sistema eleitoral fosse do voto distrital, aquele em que você escolhe um candidato inscrito pela sua região ou distrito. Então, é possível ao eleitor ignorar a falsa dicotomia Marcão X Wladimir, ou Rafael X Garotinho e escolher um deputado que seja o seu representante no Congresso Nacional. Afinal, do que adianta ter um deputado local que arrume emendas parlamentares de meia dúzia de milhões para obras na cidade, mas que nas votações dos grandes temas nacionais vota de forma contrária ao que você pensa? E se o seu deputado, por exemplo, vota pelo impedimento de investigação contra o presidente da República? Nesta história não cabe bairrismo e os representantes que os eleitores da região mandaram para Brasília nas últimas décadas estão aí para provar que eleição para o Congresso não pode se resumir a briga de forças numa questão meramente paroquial.
Muito além das disputas paroquiais
Por Ricardo André Vasconcelos
A escolha do nome do presidente da Câmara dos Vereadores de Campos, Marcão Gomes (Rede), como representante da facção política atualmente no poder para concorrer a uma vaga na Câmara Federal, significa a disposição de Rafael Diniz (PPS) de disputar de verdade o comando da política local. É um teste de fogo, não só para a sucessão municipal de 2020, mas principalmente para aferir se o prefeito conseguiu ou não se consolidar como uma liderança alternativa ao garotismo. Do outro lado do ringue estará justamente o filho do casal Garotinho — cujo nome, Wladimir, é uma homenagem ao ex-líder estudantil nos anos 60, Wladimir Palmeira —, apontado como aposta garotista para tentar retomar a prefeitura daqui a dois anos.
Há 32 anos, nas eleições de 1986, as peças eram semelhantes, aparentadas. Zezé Barbosa, em seu terceiro mandato de prefeito, lançou o genro candidato a deputado estadual, tendo como principal adversário um jovem radialista. Era uma queda de braço entre o ocaso da velha liderança e o alvorecer da nova. O radialista, Anthony Matheus, que logo incorporaria ao nome a alcunha “emprestada” do ídolo José Carlos Araújo, o “Garotinho”, venceu a disputa com 33.439 votos pelo PDT, contra 30.751 votos do genro de Zezé, Sérgio Diniz (PMDB) e pai do atual prefeito. Ambos foram eleitos, mas o resultado numérico foi o principal sinal da ascensão de uma liderança e queda da outra e um par de anos depois, Garotinho foi eleito prefeito.
A história parece que se repete. De um lado uma liderança emergente, porém com grande dificuldade de consolidação e do outro, um “coronel” em desgraça crescente, não apenas pelo desgaste do tempo, como também muitos processos judiciais e que já renderam três prisões provisórias para Garotinho. Três décadas atrás isso seria impensável…
Para as eleições de outubro deste ano é previsível que tanto Marcão quanto Wladimir sejam eleitos, mesmo que os dois possam sofrer alguns tropeços por causa de seus partidos. O primeiro está (ainda) no minúsculo Rede, que acaba de sofrer uma perda significativa com a saída do deputado Alessandro Molon, considerado puxador de votos; e o segundo está, como o pai, sem legenda. Outra coincidência é a aparente independência, tanto de um quanto de outro, em relação aos seus patronos. O presidente da Câmara nem de longe se encaixa no perfil de “poste” e sabe como se beneficiar dos bônus sem o desgaste dos ônus de ser candidato de um governo que patina há 14 meses e dá sinais de envelhecimento precoce, enquanto o filho do casal Garotinho não só aparenta estar imune à impopularidade dos pais, como também já deu mostras de independência e até de enfrentamento dentro de casa. Preterido para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa há quatro anos, Wladimir desafiou o pai, lançou, bancou e elegeu o amigo Bruno Dauaire. Portanto, se eleitos, nem Marcão nem Wladimir serão tributários incontestáveis de padrinhos.
De um lado, o governo Rafael Diniz está passando por uma reforma para dar agilidade política ao governo que vem perdendo a luta para os problemas cotidianos, como por exemplo, dos transportes, que se arrastam sem sequer uma amenização. Busca azeitar a máquina para a batalha de outubro. Do outro, a velha tática da guerrilha política do garotismo que, sem o poder nas mãos, apela para a desqualificação dos adversários, dossiês, passeatas, denuncismo e etc…
No entanto, não custa lembrar que nem todos os eleitores se comportam diante da urna eletrônica como se o sistema eleitoral fosse do voto distrital, aquele em que você escolhe um candidato inscrito pela sua região ou distrito. Então, é possível ao eleitor ignorar a falsa dicotomia Marcão X Wladimir, ou Rafael X Garotinho e escolher um deputado que seja o seu representante no Congresso Nacional. Afinal, do que adianta ter um deputado local que arrume emendas parlamentares de meia dúzia de milhões para obras na cidade, mas que nas votações dos grandes temas nacionais vota de forma contrária ao que você pensa? E se o seu deputado, por exemplo, vota pelo impedimento de investigação contra o presidente da República? Nesta história não cabe bairrismo e os representantes que os eleitores da região mandaram para Brasília nas últimas décadas estão aí para provar que eleição para o Congresso não pode se resumir a briga de forças numa questão meramente paroquial.
Fmanhã
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