sábado, 4 de agosto de 2018

Mulher denuncia estupro dentro do Fórum de Caxias

Ela ficou presa por 48 horas após acusar advogado. Ele diz que sexo foi consentido


Por ADRIANA CRUZ

Circuito de câmeras do fórum filmou os dois antes e depois do ato - divulgação


Rio - A denúncia de um suposto estupro contra um advogado levou a suposta vítima a ficar presa 48 horas. Ela foi libertada nesta sexta-feira da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, pela juíza Amanda Azevedo Ribeiro Alves após audiência de custódia, mas tem que se apresentar à Justiça a cada dois meses e não pode ficar mais de dez dias longe do local de casa. O caso aconteceu em uma escadaria de emergência no quarto andar do Fórum de Duque de Caxias, por volta das 13h20 de quarta-feira. Veio à tona, após a mulher contar a um PM na saída de uma audiência. A diretora da comarca, Mafalda Luchese, acionou agentes da Polícia Civil.

Na 59ª DP (Duque de Caxias), o acusado alegou que manteve relações sexuais com a mulher, mas de forma consensual. O delegado Flávio Rodrigues após ouvir os depoimentos e analisar as câmeras de segurança do fórum, então decidiu prender a suposta vítima por denunciação caluniosa, cuja pena varia de dois a oito anos de prisão, enquanto que o advogado foi acusado de ato obsceno, com punição de detenção de três meses a um ano. "É estarrecedor. O delegado julgou na hora que ela estava mentindo e prendeu. Estou estudando representar contra o delegado", afirmou o advogado da suposta vítima, Felipe Azedo.

O delegado Flávio Rodrigues alega que imagens das câmeras foram analisadas de forma minuciosa. "Ficaram evidenciadas algumas contradições na versão apresentada pela vítima, quais sejam: a ausência de gritos de pânico da suposta vítima os quais seriam facilmente percebidos pelas pessoas que estavam no corredor do fórum. O fato de a suposta vítima ter ido para uma audiência após os fatos ao invés de pedir ajuda, bem como o suposto autor ter permanecido no fórum trabalhando ao invés de fugir", justificou Flávio Rodrigues em mensagem pelo WhatsApp.


O presidente da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, Luciano Bandeira, explicou que, em tese, o caso é de representação no Tribunal de Ética e Disciplina. "Cabe suspensão preventiva do advogado no prazo máximo de 90 dias", explicou. Bandeira esclareceu que apesar de o caso não estar relacionado à advocacia, o estatuto da Ordem determina conduta ilibada.

O advogado e a mulher se encontraram no fórum, quando ela buscava informações sobre uma audiência no Juizado Especial Criminal. Imagens de câmeras mostram que eles conversam por alguns minutos e depois seguem para a escadaria de emergência. Procurado, o advogado não foi localizado.
O Dia

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