quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Haddad a 6 pontos de Bolsonaro, que cresce rejeição e perde no 2º turno

Aluysio Abreu Barbosa

Charge do José Renato publicada hoje (25) na Folha



Haddad a 6 pontos de Bolsonaro

Desde o dia 18, o Ibope havia apontado o descolamento de Fernando Haddad (PT) de Ciro Gomes (PDT), na disputa pelo segundo lugar da corrida presidencial liderada por Jair Bolsonaro (PSL). O que não se conhecia ainda eram os tetos de crescimento do ex-prefeito de São Paulo e do ex-capitão do Exército, ambos em curva ascendente em todas as consultas. Pois na nova Ibope, divulgada ontem, o petista passou de 19% a 22% e ficou a apenas seis do líder. Ao repetir os 28% anteriores, Bolsonaro parece finalmente ter batido teto. Já o de Haddad, a 12 dias da urna, ainda segue desconhecido. A campanha do PT tem como objetivo chegar a 25%.

Segundo turno

Além de Bolsonaro, quem também estagnou nas intenções de voto foi Ciro, que manteve seus 11% anteriores. São tendências positivas ao petista, que teve novo crescimento real de três pontos, fora da margem de erro de dois pontos para mais ou menos. Mas ele teve outro dado favorável revelado no enfrentamento direto com seu principal adversário. Na simulação de segundo turno contra Bolsonaro, Haddad saiu de um 40% a 40%, na Ibope anterior, para um 43% a 37%. É uma vitória fora da margem de erro, que se explica pela rejeição ao capitão. Se ela já estava muito alta em 42%, teve crescimento real de quatro pontos e chegou a 46%.

Peso das mulheres

O aumento da rejeição do candidato do PSL se dá sobretudo por conta do voto feminino, que é maioria no Brasil. Para se ter uma ideia, enquanto 35% dos eleitores homens dizem que não votariam nele de jeito nenhum, sua rejeição chega a 54% entre as mulheres. Mobilizado nas redes sociais, o “Mulheres contra Bolsonaro” alcançou ontem a expressiva marca de 3 milhões de seguidores, adesão que aumentou após o grupo ter sido hackeado por supostos simpatizantes do capitão. No próximo sábado, dia 29, as mulheres pretendem sair às ruas de todo o Brasil, inclusive em Campos, contra o líder nas pesquisas presidenciais.

Dificuldades do capitão

Por conta da rejeição, Bolsonaro apareceu ontem no Ibope perdendo quase todas as simulações de segundo turno. Além de Haddad, seria derrotado também por Ciro (35% a 46%) e pelo tucano Geraldo Alckmin (36% a 41%). Curiosamente, o capitão empataria apenas com Marina Silva (Rede), única mulher candidata: 39% a 39%. Nas intenções de voto no primeiro turno, Alckmin teve uma oscilação positiva, passando de 7% a 8%. Marina, por sua vez, oscilou negativamente, caindo de 6% para 5%. João Amoêdo (Novo) registrou 3%, com 2% para Álvaro Dias (Pode) e Henrique Meirelles (MDB). Guilherme Boulos (Psol) não foi além do 1%.

Delírios à parte

Muitos eleitores de Bolsonaro certamente questionarão as pesquisas, que se mostram dignas de confiança apenas quando positivas ao seu candidato. Mas para quem na semana passada pretendeu reescrever a história ao afirmar em massa nas redes sociais que o nazismo foi um movimento de “esquerda”, além de classificar a revista britânica “The Economist”, bastião do liberalismo econômico, como “esquerdista”, pouca coisa pode ainda surpreender. Delírios à parte, o que o “susto” com o crescimento de Haddad pode causar é o voto útil dos eleitores de Alckmin, Amoêdo, Dias e Meirelles, candidatos do centro à direita, para Bolsonaro.

Mesmas tendências

Em pesquisas, até pelas diferenças de metodologia, o que há de concreto são as tendências. Ontem foi também divulgada a nova consulta FSB/BTG. E ela também constatou a estagnação de Bolsonaro, com os mesmos 33% da semana passada. Assim como o crescimento de Haddad, que foi de 16% a 23%. Com números diferentes, foram as mesmas tendências registradas pelo Ibope. Salvo o imponderável, como a facada em Juiz de Fora, é pouco provável que algo mude. No segundo turno desenhado entre Bolsonaro e Haddad, há uma tendência que nunca mudou no Brasil: o candidato mais votado no primeiro turno vence no final.
Fmanhã

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