quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Diretor do Degase é acusado pelo MP por incitar violência entre adolescentes

Funcionário apresentou denúncia ao Ministério Público que pediu afastamento de Gabriel Portugal; Degase diz apurar o caso


Unidade do Degase em Campos (Foto: Reprodução)

Na última segunda-feira (28), o jornal O Globo publicou matéria assinada pela repórter Carolina Heringer, com denúncia de um agente do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase) em que ele acusa o atual diretor do Degase de Campos, Gabriel Portugal, de incitar violência entre adolescentes internados na instituição contra um outro adolescente que pertenceria a facção criminosa rival. A denúncia foi comunicada ao Ministério Público e à Polícia Civil, segundo a reportagem. O MP chegou a pedir o afastamento do diretor, mas o pedido foi negado pela Justiça.

De acordo com a reportagem de O Globo, o agente acusou o diretor do Centro de Socioeducação Professora Marlene Henrique Alves (Cense), em Campos dos Goytacazes, Gabriel Portugal, de incitar adolescentes a agredir um menor, membro de uma facção rival. Depois do episódio, o funcionário afirmou que sofreu retaliações após a denúncia. No dia 3 de julho de 2018, o agente apresentou uma gravação que conteria a voz de Gabriel Portugal se dirigindo aos adolescentes e pronunciando as seguintes frases: “É vacilão. Dá tapa na cara, esculacha na porrada, só não deixa ele com hematoma. Deu pra entender, bandido?”.

Segundo a reportagem, o autor da denúncia disse que trabalhava na portaria quando soube do espancamento de um adolescente. Ele contou que tentou entrar no recinto, mas foi impedido pelo coordenador do turno. Com celular no bolso capturou o suposto áudio do diretor do Degase. A gravação foi recebida pela 134ª Delegacia de Polícia Civil de Campos. O promotor José Luiz Pimentel Bezerra pediu o afastamento de Gabriel Portugal quando ele ainda era diretor-adjunto. Logo após a denúncia feita em dezembro de 2018, Portugal foi promovido a diretor. A juíza Aline Andrade de Castro Dias negou o pedido do MP em afastar Portugal por insuficiência de provas.

À reportagem de O Globo, o promotor José Luiz Pimentel Bezerra afirmou ter pedido o afastamento de Gabriel Portugal e do diretor do Degase na época da denúncia. O promotor disse que Portugal foi apontado informalmente como uma pessoa agressiva e que não tem condições de dirigir uma unidade de adolescentes. Gabriel Portugal não deu entrevista, mas limitou-se a declarar que acionou um advogado para defendê-lo das acusações. Ainda segundo O Globo, Gabriel é réu em processo da 2ª Vara Criminal de Campos dos Goytacazes, por fraude em certames de interesse público e associação criminosa.

O nome do agente do Degase que prestou denúncia não foi divulgado. No entanto, ele afirmou que, por retaliação, foi transferido à revelia para a unidade do Degase em Niterói, apesar de ser concursado para a unidade de Campos. O servidor disse não ter condições de morar e trabalhar em Niterói, pois sua família e sua mãe doente dependem dele em Campos.

Nota do Degase

O Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase) informou que foi aberta sindicância pela Corregedoria do órgão para apurar as denúncias contra o diretor Gabriel Portugal, do Centro de Socioeducação (Cense) Professora Marlene Henrique Alves, em Campos dos Goytacazes. “Ressaltamos que o departamento repudia qualquer ato de violência que possa ocorrer nas unidades de atendimento socioeducativo”, concluiu.
Fonte:Terceira Via

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