sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Sequestro do empresário foi motivado pela ganância, diz delegado


Divulgação/Ururau

O delegado mencionou que a investigação foi longa, aproximadamente 45 dias

Em coletiva realizada na tarde desta quinta-feira (24/01), o delegado titular da 146ª Delegacia Legal, Pedro Emílio Braga, informou que o sequestro do empresário do ramo da construção civil e sua esposa, em dezembro do ano passado, foi motivado pela ganância. “A motivação é a ganância. A vontade de subtrair valores de outra pessoa, inclusive, pessoa da sua relação. Daí o nome da operação”.

A Operação “Avaritia” – termo em latim que significa cobiça – foi deflagrada na manhã desta quinta visando o cumprimento de três mandados de prisão e busca e apreensão. Os três indivíduos presos na data de hoje, segundo informou o delegado, tiveram participação no sequestro do empresário Cristiano Tinoco, ocorrido em 03 de dezembro do ano passado. “As prisões foram cumpridas com êxito, além de mandados de busca e apreensão em suas respectivas residências”, disse Braga acrescentando que esses três se juntam a outros dois que foram presos ao longo deste mês, inclusive, um deles no estado da Bahia.

O delegado mencionou que a investigação foi longa, aproximadamente 45 dias. Tempo esse que, onde foi possível, dentro de todas as diligências realizadas e provas colhidas, o esclarecimento da participação de cada um dos cinco acusados.


“Todas as condutas estão individualizadas. Pudemos comprovar que o indivíduo que foi o mentor intelectual principal é uma pessoa de relação muito próxima e amiga da vítima e bem, por isso, tinha acesso a toda rotina da vítima, seu modo de vida, bens que possuía, joias e outros pertences. Informações estas que, fornecidas para o trio responsável pela execução do crime, permitiram que o empresário e sua esposa fossem sequestrados no dia 03 de dezembro e feitos reféns até que ocorresse o pagamento de R$ 200 mil em dinheiro, a título de resgate. Conseguimos, nesse prazo de 45 dias, entregar a relação total desse crime bárbaro. O caso está elucidado e com a autoria plenamente apurada desses cinco indivíduos, sendo dois mentores intelectuais e três responsáveis pela execução do crime”, esclareceu Pedro Emílio.

A investigação se iniciou no dia do crime. Na mesma noite, após a libertação das vítimas, o casal esteve na delegacia e relatou toda a dinâmica do crime.

“Pudemos identificar aonde a vítima havia circulado instantes antes de seu sequestro, informações que permitiram que nós levantássemos imagens e pudesse fazer todo o acompanhamento da movimentação dessa vítima, antes do crime e, partir disso, identificar o veículo usado pelos executores. A partir da identificação da propriedade desse veículo, conseguimos chegar ao primeiro investigado, que não foi reconhecido pelas vítimas porque, como veria se apurar posteriormente, ele era o responsável por ficar fora da residência monitorando todas as redondezas do local onde as vítimas eram mantidas em cativeiro, no caso a própria casa. A partir da quebra do sigilo de sua linha telefônica, conseguimos obter uma segunda linha que estava em nome do segundo investigado, que foi reconhecido pelas vítimas”.

De acordo com o delegado, assim que esse segundo autor foi identificado, foi representado pela prisão desses dois primeiros. O primeiro já se encontrava conduzido à delegacia e foi preso no mesmo dia. Quanto ao segundo, chegou a ser perseguido ao longo de quatro estados, antes de ser efetivamente preso próxima à comarca de Feira de Santana, na Bahia.

“Essa prisão foi resultado da união de esforços das Polícias Civis do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia. Também ressaltar o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que durante a movimentação desse veículo, ao longo desses estados, nos forneceu, em tempo real, informações valiosíssimas para a localização do paradeiro do acusado”, informou Pedro Emílio.

A partir do interrogatório desse segundo indivíduo, realizado por vídeo conferência, o mesmo resolveu colaborar e detalhou todas as circunstâncias, bem como, identificando os demais participantes do crime. Foi quando, segundo o delegado, veio à tona que esse mentor intelectual seria uma pessoa próxima da vítima e desde o início das investigações era suspeito do crime, embora sem grande força.

Também foram identificados outros dois indivíduos, um segundo que teria colaborado no planejamento do crime contratando as pessoas para sequestrarem as vítimas e o terceiro executor. Desses três presos de hoje, dois colaboraram confessando suas participações no delito.

PRISÃO DO EMPRESÁRIO

Como parte da operação Avaritia foi feito o cumprimento do mandado de prisão temporária de 30 dias, podendo ser prorrogada por mais 30, e busca e apreensão em relação ao empresário, que figura como autor intelectual do delito. Na manhã de hoje, a equipe foi ao condomínio onde ele reside com a família e o prendeu.

“Já no primeiro contato e nos primeiros questionamentos ficou clara a ligação dele com os demais autores do crime e ficou claro também que ele vinha acompanhando as investigações, tendo conhecimento da prisão de dois executores”, disse a delegada adjunta da 146ª, Pollyana Henriques.

Na residência do empresário não foi encontrado nenhum vestígio da rés furtiva, mas as informações obtidas pela delegada são de que ele não teria participado dessa divisão. No imóvel foram encontradas, ainda, munições de arma de fogo, de calibre 38.

“Ele [empresário] assume, até certo ponto, alguma responsabilidade pelo crime, embora tenha dito que posteriormente se arrependeu e que não gostaria de participar do proveito crime. Mas, é uma circunstância que vai totalmente contra ao que está apurado. Temos testemunhas informando que ele participaria sim desse proveito, só havendo a dúvida de quanto, efetivamente, ele teria recebido. Está bastante claro de que ele esteve na coordenação de todo o planejamento do crime desde o início. A ideia partiu dele, inclusive, o depoimento da maioria dos investigados é nesse sentido”, ressaltou Pedro Emílio informando que, inicialmente, a quantia pedida pelos sequestradores foi de R$ 1 milhão, no entanto, a vítima informou que não tinha esse dinheiro.

Todos os presos possuem antecedentes criminais, tendo o empresário (principal mentor do crime) passagem por furto qualificado.

Os cinco acusados responderão pelos crimes de extorsão mediante sequestro, roubo circunstanciado e formação de organização criminosa (formação de quadrilha). O empresário também foi autuado em flagrante delito pela posse irregular de munição de arma de fogo.

Fonte: Ururau

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