Site do presidente da Coagro fomenta denúncia de trabalho escravo nas instalações da concorrente, mas Ministério Público do Trabalho não confirma e marca coletiva para esclarecimentos.
O grupo Coagro (Cooperativa Agroindustrial), que administra a Usina Supucaia, em Campos dos Goytacazes (RJ), Norte Fluminense, iniciou nesta terça-feira (13) uma ofensiva contra a concorrente Nova Canabrava.
O ataque foi deflagrado por meio do site Ururau, que pertencia ao grupo MPE, que estava sob o comando do empresário Renato Abreu, investigado no âmbito da Operação Lava Jato.
O site publicou notícia afirmando um suposto flagrante de trabalho escravo na Nova Canabrava durante inspeção do Ministério Público Federal do Trabalho (MPT) e da Polícia Rodoviária Federal.
A notícia, no entanto, não foi confirmada pelo (MPT). A procuradora do Trabalho Sarah Bonnaccorsi Golgher e representantes da empresa darão uma coletiva na quinta-feira (15), às 17h, para esclarecer o episódio.
Em nota divulgada nesta terça-feira, a Nova Canabrava informou que auditores fiscais do Ministério da Economia visitaram a usina pela manhã para apurar divergências de informações.
ENTENDA A CONCORRÊNCIA
As usinas Nova Canabrava e Sapucaia são as únicas que estão em operação em Campos na moagem deste ano. As duas unidades disputam o fornecimento de cana, matéria prima que vem se tornando escassa na região.
Um dos grandes parceiros da Coagro é o empresário Renato Abreu, apontado como braço direito do presidente da Cooperativa, Frederico Paes. A parceria alcança negócios privados, a ponto do presidente da Coagro atualmente figurar como proprietário da rádio Band FM, que pertenceu a Renato Abreu. O site Ururau faz parte do mesmo negócio.
A entrada de Frederico Paes no ramo de comunicação, coincidentemente, se deu após Renato Abreu entrar no círculo de investigados da Operação Lava Jato, o que poderá suscitar uma investigação para apurar transferência de patrimônio.
Na única denúncia efetiva do MPT de violação da legislação trabalhista no setor sucroalcooleiro, a Coagro é figura como ré, conforme destacou reportagem do Portal VIU! em abril deste ano.
Em Ação Civil Pública contra a Coagro, a promotoria destaca que a indústria está parcelando as verbas rescisórias em até 6 vezes, por meio de carta de crédito, demorando mais de um ano para honrar compromissos. Alguns pagamento estão pendentes desde o ano passado.
LEIA DENÚNCIA NA ÍNTEGRA:
“Cumpre consignar, por oportuno, que o MPT já foi cientificado de que a Ré se valeu da mesma manobra ilícita no ano de 2018 e, outra vez, expediu as tais Cartas de Crédito com prestações a perder de vista. As verbas das rescisões feitas em novembro/2018 só serão pagas, PASMEM, em julho/2019”, diz um trecho da ação do MPT.
O entendimento é de que a indústria está conseguindo violar a última versão da Reforma Trabalhista, além dos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho.
Outra constatação é a criação de uma “lista negra” discriminando trabalhadores que tenham reivindicado pagamento por via judicial. Nesses casos, os trabalhadores ficam excluídos de futuras contratações na empresa.
Fonte: Portal VIU!
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