Único balneário campista é opção para turistas que chegam a aumentar a população local em até 70% em janeiro, fevereiro e março
(Foto: Carlos Grevi)
Destino escolhido para o verão de grande parte dos moradores de Campos e única praia campista, o Farol de São Tomé, recebe um amplo público todos os verões. A praia, que tem apenas 10 mil moradores, segundo o Centro de Informações e Dados de Campos (Cidac), chega a ter um aumento de 70% de turistas nos finais de semana. São pessoas que movimentam a praia e ajudam a desenvolver cada vez mais a economia da região, principalmente do setor hoteleiro e de alimentação.
Mas quem visita a praia nos dias atuais pode não ter ideia de quantas transformações o local passou ao longo dos últimos anos. Foram desde mudanças na área construída, passando pelo perfil dos visitantes, até alterações naturais como o avanço do mar apontado pela Colônia de Pescadores. Mudança significativa também pode ser notada no setor hoteleiro. Segundo dados da Associação dos Hoteleiros, Comércios e Similares (Ashcom) e do Cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor do turismo (Cadastur), do Ministério do Turismo, há na praia campista mais de dois mil leitos disponibilizados. No período de verão, também há o aumento considerável da busca de aluguéis por temporada.
“Hoje, falamos que o Farol de São Thomé vive o turismo como matriz econômica o ano inteiro. Realizamos o cadastro da rede hoteleira no Ministério do Turismo (como também a rede de serviços de alimentação e transporte). Além disso, fizemos melhorias em ações de entretenimento e outras áreas. Fora da temporada de verão, o Farol de São Thomé conta com eventos como o Festival de Petiscos, Circuito de Arraiás, Circuito Gastronômico, Festival de Outono, Circuito Regional de Surf, entre outros, que contribuem para circulação de turistas o ano inteiro, incentivando a economia local”, destacou o diretor de Turismo de Campos, Hans Muylaert.
Além do aumento do número de turistas na praia, outro ponto de destaque é a mudança do perfil do público, como destaca o presidente da Aschom, Odirley Caetano, o Leley. “O perfil do público melhorou muito e isso tem a ver com a programação em parceria com o Sesc, porque a área do esporte e entretenimento trouxe mais famílias e este é um público que, financeiramente avaliando, é muito melhor. As pessoas comem e ficam hospedadas aqui, então o desenvolvimento econômico melhorou muito”, destacou Leley.
Outro aspecto relacionado ao perfil de quem frequenta o Farol é a procura por parte dos trabalhadores do ramo offshore. “Tivemos nos últimos anos a conclusão das obras de dois novos hotéis. Foi um investimento muito bom e fundamental para a praia. Os clientes destes hotéis são pilotos, empresários e trabalhadores do ramo. O turismo de negócio também é muito importante, pois gera um retorno grande e emprega os próprios moradores daqui, então faz gerar recursos”, explicou.
Esse aumento é provado por meio dos números. De acordo com balanço mais atualizado feito pela Aschom (15 dias antes do Natal), 80% dos leitos já estavam reservados. “Foi a primeira vez que tivemos uma lotação tão alta. Acredito que, além da programação do verão, a estrutura de hospedagem e de alimentação está atraindo muito os turistas”, destacou.
Para receber este público, a praia do Farol possui atualmente cerca de 200 vendedores ambulantes cadastrados, 41 quiosques e 560 pontos fixos de comércio ao longo de seus 30 km de litoral.
Amaro do Rosário fala das mudanças no Xexé em 20 anos (Foto: Carlos Grevi)
Outras mudanças
Quando comprou um terreno na área do Xexé, em 1976, o aposentado Amaro do Rosário, de 81 anos, não tinha ideia de quantas mudanças o local passaria. Ele, que escolheu a área pela tranquilidade, garante que a lista de modificações é grande.
“Aqui era só mato e tinham pouquíssimas casas com moradores. Quando eu vinha pra cá com minha esposa e meus filhos pequenos, o ponto final era no Centro do Farol e nós vínhamos andando a pé com as bolsas e minha filha mais nova no colo. A praia hoje é muito mais cheia do que antes. O mar do Farol pode estar bravo como for, mas as pessoas não deixam de vir para cá. Eu gosto muito, pois aqui fico despreocupado cuidando das minhas plantas e descansando”, contou Amaro.
Presidente da Colônia de Pescadores do Farol desde 2005, o pescador Rodolfo José Ribeiro já frequentava e pescava ali desde antes de assumir a função. Falando do mar, ele aponta que a fama de bravo de sempre já não é mais realidade como antes.
“Percebemos o mar menos agitado ao longo dos últimos 30 anos, mas por outro lado há um grande avanço dele em direção ao litoral, que é percebido com mais evidência na área do Xexé. Sobre a pesca, a quantidade e variedade de peixes diminuiu muito. As embarcações têm potencial para capturar mais, porém temos menos peixes na natureza. As secas rigorosas que temos hoje não existiam antigamente. A intervenção do homem nesta região foi gritante”, explicou o presidente da Colônia.
Camping de Farol de São Thomé é muito procurado por quem gosta de curtir a natureza e economizar com estadia em hotéis e pousadas (Foto: Carlos Grevi)
Trio elétrico, camping e tradições
Quando o assunto é tradição, a praia do Farol é quase que uma colônia de pescadores, com centenas de profissionais que atuam na área tanto direta quanto indiretamente. “Encontramos o conhecimento pesqueiro em toda a roda de conversa, que envolve desde a construção de barcos à pesca artesanal. Com a exploração do petróleo, temos como cenário o nosso horizonte, além dos barcos de pesca, um grande tráfego de helicópteros de atividades logísticas offshore, além da cultura equestre e cerâmica. Como entretenimento, podemos falar dos campeonatos de futebol, raias de cavalos, pesca, surf e muita música”, exemplificou Hans.
O camping da praia também é uma forte tradição. O espaço, que abriga até 250 barracas, fica localizado de frente para o mar. “Sempre ficamos aqui no camping durante o verão. Gosto da praia do Farol e prefiro ficar aqui a ir para casa alugada”, contou o estudante Carlos Daniel Azevedo.
Outra veterana de acampamento é a vendedora Ziléa Oliveira Gomes. “Eu já acampo por aqui há uns 20 anos e gosto muito. O camping é muito bom. Eu sempre fico tranquila com meus dois filhos porque tem muita gente amiga e aqui tem uma estrutura muito boa”.
Além das tradições já citadas da praia, há a que talvez seja a maior: o trio elétrico. Foram 25 anos de foliões atrás do trio durante os finais de semana de verão em um percurso de três quilômetros – um dos mais longos do país. O trio elétrico do Farol arrastou milhares de pessoas do Clube Náutico ao Camping e já teve a participação de artistas consagrados como a cantora baiana Ivete Sangalo. São muitos os campistas que têm alguma história para contar e a dentista Camila Pessanha é uma das que lembra com saudades dos anos em que seguia o trio.
“Curti o trio da minha infância até os meus 25 anos e era assídua. Naquela época, era muito bom, pois não era tão perigoso como passou a ser ao longo dos tempos. No começo, eu ia com meus tios, era um programa de família. Só depois que atingi uma determinada idade que passei a ir com amigos. Não tinha tanta confusão. A gente se divertia, tomava os famosos melzinhos de cachaça e brincava muito. No Carnaval, a gente brincava com os bois pintadinhos, o Bloco dos Ladrões de Bagdá, o Bloco das Piranhas. Era muito bom e muito seguro também”, lembrou.
Embora tenha tido muitos registros de violência ao longo dos anos, até ser suspenso durante os finais de semana pela gestão municipal atual, o trio elétrico do Farol voltou no Carnaval de 2019. “A atividade desordenada durante anos provocou a extinção da atividade pela violência, que provocou o afastamento das famílias e visitantes que temos hoje. Os trios voltaram em 2019 sem uma ocorrência policial ou médica e acreditamos que o sucesso tenha sido por causa de parcerias que fizemos com os órgãos de segurança”, destacou Hans Muylaert.
Mas quem é fã da atração tradicional na única praia campista, pode se preparar, pois, segundo a Prefeitura de Campos, neste Carnaval, o trio elétrico voltará a fazer parte da programação.
(Foto: Carlos Grevi)
Destino escolhido para o verão de grande parte dos moradores de Campos e única praia campista, o Farol de São Tomé, recebe um amplo público todos os verões. A praia, que tem apenas 10 mil moradores, segundo o Centro de Informações e Dados de Campos (Cidac), chega a ter um aumento de 70% de turistas nos finais de semana. São pessoas que movimentam a praia e ajudam a desenvolver cada vez mais a economia da região, principalmente do setor hoteleiro e de alimentação.
Mas quem visita a praia nos dias atuais pode não ter ideia de quantas transformações o local passou ao longo dos últimos anos. Foram desde mudanças na área construída, passando pelo perfil dos visitantes, até alterações naturais como o avanço do mar apontado pela Colônia de Pescadores. Mudança significativa também pode ser notada no setor hoteleiro. Segundo dados da Associação dos Hoteleiros, Comércios e Similares (Ashcom) e do Cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor do turismo (Cadastur), do Ministério do Turismo, há na praia campista mais de dois mil leitos disponibilizados. No período de verão, também há o aumento considerável da busca de aluguéis por temporada.
“Hoje, falamos que o Farol de São Thomé vive o turismo como matriz econômica o ano inteiro. Realizamos o cadastro da rede hoteleira no Ministério do Turismo (como também a rede de serviços de alimentação e transporte). Além disso, fizemos melhorias em ações de entretenimento e outras áreas. Fora da temporada de verão, o Farol de São Thomé conta com eventos como o Festival de Petiscos, Circuito de Arraiás, Circuito Gastronômico, Festival de Outono, Circuito Regional de Surf, entre outros, que contribuem para circulação de turistas o ano inteiro, incentivando a economia local”, destacou o diretor de Turismo de Campos, Hans Muylaert.
Além do aumento do número de turistas na praia, outro ponto de destaque é a mudança do perfil do público, como destaca o presidente da Aschom, Odirley Caetano, o Leley. “O perfil do público melhorou muito e isso tem a ver com a programação em parceria com o Sesc, porque a área do esporte e entretenimento trouxe mais famílias e este é um público que, financeiramente avaliando, é muito melhor. As pessoas comem e ficam hospedadas aqui, então o desenvolvimento econômico melhorou muito”, destacou Leley.
Outro aspecto relacionado ao perfil de quem frequenta o Farol é a procura por parte dos trabalhadores do ramo offshore. “Tivemos nos últimos anos a conclusão das obras de dois novos hotéis. Foi um investimento muito bom e fundamental para a praia. Os clientes destes hotéis são pilotos, empresários e trabalhadores do ramo. O turismo de negócio também é muito importante, pois gera um retorno grande e emprega os próprios moradores daqui, então faz gerar recursos”, explicou.
Esse aumento é provado por meio dos números. De acordo com balanço mais atualizado feito pela Aschom (15 dias antes do Natal), 80% dos leitos já estavam reservados. “Foi a primeira vez que tivemos uma lotação tão alta. Acredito que, além da programação do verão, a estrutura de hospedagem e de alimentação está atraindo muito os turistas”, destacou.
Para receber este público, a praia do Farol possui atualmente cerca de 200 vendedores ambulantes cadastrados, 41 quiosques e 560 pontos fixos de comércio ao longo de seus 30 km de litoral.
Amaro do Rosário fala das mudanças no Xexé em 20 anos (Foto: Carlos Grevi)
Outras mudanças
Quando comprou um terreno na área do Xexé, em 1976, o aposentado Amaro do Rosário, de 81 anos, não tinha ideia de quantas mudanças o local passaria. Ele, que escolheu a área pela tranquilidade, garante que a lista de modificações é grande.
“Aqui era só mato e tinham pouquíssimas casas com moradores. Quando eu vinha pra cá com minha esposa e meus filhos pequenos, o ponto final era no Centro do Farol e nós vínhamos andando a pé com as bolsas e minha filha mais nova no colo. A praia hoje é muito mais cheia do que antes. O mar do Farol pode estar bravo como for, mas as pessoas não deixam de vir para cá. Eu gosto muito, pois aqui fico despreocupado cuidando das minhas plantas e descansando”, contou Amaro.
Presidente da Colônia de Pescadores do Farol desde 2005, o pescador Rodolfo José Ribeiro já frequentava e pescava ali desde antes de assumir a função. Falando do mar, ele aponta que a fama de bravo de sempre já não é mais realidade como antes.
“Percebemos o mar menos agitado ao longo dos últimos 30 anos, mas por outro lado há um grande avanço dele em direção ao litoral, que é percebido com mais evidência na área do Xexé. Sobre a pesca, a quantidade e variedade de peixes diminuiu muito. As embarcações têm potencial para capturar mais, porém temos menos peixes na natureza. As secas rigorosas que temos hoje não existiam antigamente. A intervenção do homem nesta região foi gritante”, explicou o presidente da Colônia.
Camping de Farol de São Thomé é muito procurado por quem gosta de curtir a natureza e economizar com estadia em hotéis e pousadas (Foto: Carlos Grevi)
Trio elétrico, camping e tradições
Quando o assunto é tradição, a praia do Farol é quase que uma colônia de pescadores, com centenas de profissionais que atuam na área tanto direta quanto indiretamente. “Encontramos o conhecimento pesqueiro em toda a roda de conversa, que envolve desde a construção de barcos à pesca artesanal. Com a exploração do petróleo, temos como cenário o nosso horizonte, além dos barcos de pesca, um grande tráfego de helicópteros de atividades logísticas offshore, além da cultura equestre e cerâmica. Como entretenimento, podemos falar dos campeonatos de futebol, raias de cavalos, pesca, surf e muita música”, exemplificou Hans.
O camping da praia também é uma forte tradição. O espaço, que abriga até 250 barracas, fica localizado de frente para o mar. “Sempre ficamos aqui no camping durante o verão. Gosto da praia do Farol e prefiro ficar aqui a ir para casa alugada”, contou o estudante Carlos Daniel Azevedo.
Outra veterana de acampamento é a vendedora Ziléa Oliveira Gomes. “Eu já acampo por aqui há uns 20 anos e gosto muito. O camping é muito bom. Eu sempre fico tranquila com meus dois filhos porque tem muita gente amiga e aqui tem uma estrutura muito boa”.
Além das tradições já citadas da praia, há a que talvez seja a maior: o trio elétrico. Foram 25 anos de foliões atrás do trio durante os finais de semana de verão em um percurso de três quilômetros – um dos mais longos do país. O trio elétrico do Farol arrastou milhares de pessoas do Clube Náutico ao Camping e já teve a participação de artistas consagrados como a cantora baiana Ivete Sangalo. São muitos os campistas que têm alguma história para contar e a dentista Camila Pessanha é uma das que lembra com saudades dos anos em que seguia o trio.
“Curti o trio da minha infância até os meus 25 anos e era assídua. Naquela época, era muito bom, pois não era tão perigoso como passou a ser ao longo dos tempos. No começo, eu ia com meus tios, era um programa de família. Só depois que atingi uma determinada idade que passei a ir com amigos. Não tinha tanta confusão. A gente se divertia, tomava os famosos melzinhos de cachaça e brincava muito. No Carnaval, a gente brincava com os bois pintadinhos, o Bloco dos Ladrões de Bagdá, o Bloco das Piranhas. Era muito bom e muito seguro também”, lembrou.
Embora tenha tido muitos registros de violência ao longo dos anos, até ser suspenso durante os finais de semana pela gestão municipal atual, o trio elétrico do Farol voltou no Carnaval de 2019. “A atividade desordenada durante anos provocou a extinção da atividade pela violência, que provocou o afastamento das famílias e visitantes que temos hoje. Os trios voltaram em 2019 sem uma ocorrência policial ou médica e acreditamos que o sucesso tenha sido por causa de parcerias que fizemos com os órgãos de segurança”, destacou Hans Muylaert.
Mas quem é fã da atração tradicional na única praia campista, pode se preparar, pois, segundo a Prefeitura de Campos, neste Carnaval, o trio elétrico voltará a fazer parte da programação.
Fonte:Terceira Via
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