ARNALDO NETO
Wladimir Garotinho (PSD) esteve na missa, mas não foi ao almoço. Entre abraços e apertos de mão dos possíveis adversários em outubro, Caio falou sobre seu apoio ao G8 (grupo formado por vereadores dissidentes da base governista) na Câmara de Campos na questão dos 10% de remanejamento e questionou uma possível aliança entre garotistas e o grupo do atual prefeito:
— Me coloquei a favor dos vereadores que juntaram um grupo, que no início era o G8, através da liderança do Igor Pereira (PSB), para que diminuísse o recurso livre para o prefeito, que vem gastando mal o recurso da nossa cidade nos últimos três anos. Continuo ao lado deles. Agora, uma pergunta pertinente: o que aconteceu com os cinco vereadores fervorosos, que sempre foram opositores ao governo Rafael Diniz, o que levou eles a votarem junto com o governo? Será que há uma composição entre o garotismo e o rafaelismo?
Na sessão da última terça-feira (14), a Câmara de Campos aprovou a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2020, com percentual de remanejamento de 20%. Em dezembro do ano passado, a LOA foi reprovada. O G8 apresentou uma emenda que buscava limitar em 10% o remaneja-mento do prefeito, que pedia na peça original a manutenção dos atuais 30%. A proposta dos dissidentes da base governista, porém, foi rejeitada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. No plenário, o G8 se aliou à oposição e vetou oito projetos enviados pelo Executivo, em um pacote de contingenciamento, além do próprio Orçamento.
Sem a aprovação da LOA, o governo Rafael começou o ano engessado, com a possibilidade de governar por decreto. Não demorou muito para os reflexos aparecerem. Sem a nova LOA em execução, o governo municipal teve de reter os repasses federais que deveriam ser enviados aos hospitais da rede contratualizada.
Já no último dia 6, o presidente do Legislativo campista, Fred Machado (Cidadania), recebeu os vereadores da oposição e todos chegaram a um entendimento para que a LOA fosse aprovada com um percentual de 20% de remanejamento — nem os 10% propostos pelo G8, nem os 30% que o governo Rafael teve nos três primeiros anos e queria repetir neste. Vale lembrar que Rosinha Garotinho (Patri) teve 50% de remanejamento nos seus mandatos co-mo prefeita de Campos.
A articulação de Fred com a oposição isolou o G8. A base governista já tem, naturalmente, 11 votos. Precisava apenas de mais dois para aprovar a peça orçamentária. Conquistando os cinco votos da oposição, a base governista não tinha mais motivo para dialogar com o G8, que acabou rachado na votação da LOA, com três de seus membros votando pela aprovação da peça. Em entrevista ao Folha no Ar no dia 15 de janeiro, Fred revelou que conversou com Wladimir para chegar ao entendimento de 20%. O fato gerou reação, inclusive a de Caio, que levantou a possibilidade de aliança do grupo do prefeito com o de Garotinho — fato rechaça-do, veementemente, por Wladimir — e justificou seu apoio ao limite de 10% de remaneja-mento para Rafael Diniz. No entanto, o filho do ex-prefeito Arnaldo Vianna (PDT) não assegura que, caso um dia seja prefeito, defenderá esse teto em um virtual mandato dele.
— Eu defendo 10% de remanejamento para um prefeito que está gastando mal o dinheiro público. Se o prefeito estivesse, ao longo desses três anos, gastando bem, investindo corretamente, dando atenção ao que precisa, principalmente na área da saúde, que está um caos na nossa cidade, com certeza eu não estaria defendendo isso, porque ele estaria investido bem os recursos dos campistas. Mas ele não está, essa é a grande realidade. Não podemos deixar que ele tenha mais margem para gastar errado — finalizou o pré-candidato Caio.
“Quem é oposição não precisa fazer de conta”
Wladimir também confirmou a conversa com Fred Machado sobre o Orçamento, mas respondeu sem deixar de criticar o governo e o G8.
— Somos oposição ao governo desde o primeiro dia, nunca acreditamos no projeto político de Rafael Diniz. Ser oposição ao governo é uma coisa, oposição a cidade é outra. Qualquer governo precisa de margem de remanejamento orçamentário, ficar adiando a votação não seria saudável a ninguém. Fred Machado me ligou e eu disse que não confiava no governo ao ponto de votar o que eles queriam, mas que entedia a importância de aprovar a LOA. Tem um grupo que aprovou tudo que o prefeito quis: aumento de IPTU, aumento da taxa de iluminação pública e coleta de lixo, fim da passagem social, fim do cheque cidadão, não brigou pro aumento aos servidores públicos e por aí vai. Mas, agora, com a proximidade da eleição tentam descolar do desgaste e colocar uma máscara de bom moço. Quem é oposição de verdade não precisa fazer de conta.
Foi como Wladimir Garotinho reagiu à crítica recebida por um site local ligado do deputado estadual Rodrigo Bacellar, principal apoiador da pré-candidatura a prefeito de Caio Vianna. Com endereço certo de destinatário e remetente, a crítica do site foi feita ao fato de Fred Machado ter revelado que conversou por telefone com Wladimir sobre a Lei Orçamentária Anual.
Já durante a votação do orçamento, Igor – apontado como líder da cisão – acusou o governo de fazer manobras e de pressionar os parlamentares. “Com o maior respeito que tenho pelo senhor (Rafael), mas o que aconteceu nesta Casa foi uma das maiores demonstrações de falta de diálogo, falta de habilidade. Com essa queda de braço não vai chegar a lugar nenhum. O governo critica a velha política, mas fez pressão.
Por outro lado, Rafael negou as acusações e disse que não faltou diálogo. “Quem me conhece sabe que sou uma pessoa que não ultrapassa os limites. Na minha opinião, o que houve foi uma vontade de fazer uma política irresponsável muito maior do que ter coragem para fazer aquilo que é necessário para continuar cuidando da nossa cidade”.
Pré-candidatos Caio Vianna e Wladimir Garotinho esquentam clima na planície goitacá no início de ano eleitoral
O Santuário de Santo Amaro, no distrito que leva o nome do padroeiro da Baixada Campista, esteve repleta de políticos das mais variadas bandeiras partidárias no dia 15 de janeiro deste ano eleitoral. Destaque para os pré-candidatos a prefeito na missa das 11h — na qual o bispo diocesano dom Roberto Ferrería Paz deu um puxão de orelha nas autoridades, falando sobre a prioridade para Saúde e Educação, além de lembrar que a transformação social passa pela política — e o encontro entre quase todos no almoço oferecido pelo deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD), que ainda trouxe a Campos o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano (PT). Nos bastidores, houve quem classificasse o encontro promovido por Bacellar como palanque para o pré-candidato Caio Vianna (PDT), mas também passaram por lá, além do próprio deputado anfitrião, que é listado como prefeitável, o prefeito Rafael Diniz (Cidadania) e o deputado estadual Gil Vianna (PSL).
Wladimir Garotinho (PSD) esteve na missa, mas não foi ao almoço. Entre abraços e apertos de mão dos possíveis adversários em outubro, Caio falou sobre seu apoio ao G8 (grupo formado por vereadores dissidentes da base governista) na Câmara de Campos na questão dos 10% de remanejamento e questionou uma possível aliança entre garotistas e o grupo do atual prefeito:
— Me coloquei a favor dos vereadores que juntaram um grupo, que no início era o G8, através da liderança do Igor Pereira (PSB), para que diminuísse o recurso livre para o prefeito, que vem gastando mal o recurso da nossa cidade nos últimos três anos. Continuo ao lado deles. Agora, uma pergunta pertinente: o que aconteceu com os cinco vereadores fervorosos, que sempre foram opositores ao governo Rafael Diniz, o que levou eles a votarem junto com o governo? Será que há uma composição entre o garotismo e o rafaelismo?
Na sessão da última terça-feira (14), a Câmara de Campos aprovou a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2020, com percentual de remanejamento de 20%. Em dezembro do ano passado, a LOA foi reprovada. O G8 apresentou uma emenda que buscava limitar em 10% o remaneja-mento do prefeito, que pedia na peça original a manutenção dos atuais 30%. A proposta dos dissidentes da base governista, porém, foi rejeitada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. No plenário, o G8 se aliou à oposição e vetou oito projetos enviados pelo Executivo, em um pacote de contingenciamento, além do próprio Orçamento.
Sem a aprovação da LOA, o governo Rafael começou o ano engessado, com a possibilidade de governar por decreto. Não demorou muito para os reflexos aparecerem. Sem a nova LOA em execução, o governo municipal teve de reter os repasses federais que deveriam ser enviados aos hospitais da rede contratualizada.
Já no último dia 6, o presidente do Legislativo campista, Fred Machado (Cidadania), recebeu os vereadores da oposição e todos chegaram a um entendimento para que a LOA fosse aprovada com um percentual de 20% de remanejamento — nem os 10% propostos pelo G8, nem os 30% que o governo Rafael teve nos três primeiros anos e queria repetir neste. Vale lembrar que Rosinha Garotinho (Patri) teve 50% de remanejamento nos seus mandatos co-mo prefeita de Campos.
A articulação de Fred com a oposição isolou o G8. A base governista já tem, naturalmente, 11 votos. Precisava apenas de mais dois para aprovar a peça orçamentária. Conquistando os cinco votos da oposição, a base governista não tinha mais motivo para dialogar com o G8, que acabou rachado na votação da LOA, com três de seus membros votando pela aprovação da peça. Em entrevista ao Folha no Ar no dia 15 de janeiro, Fred revelou que conversou com Wladimir para chegar ao entendimento de 20%. O fato gerou reação, inclusive a de Caio, que levantou a possibilidade de aliança do grupo do prefeito com o de Garotinho — fato rechaça-do, veementemente, por Wladimir — e justificou seu apoio ao limite de 10% de remaneja-mento para Rafael Diniz. No entanto, o filho do ex-prefeito Arnaldo Vianna (PDT) não assegura que, caso um dia seja prefeito, defenderá esse teto em um virtual mandato dele.
— Eu defendo 10% de remanejamento para um prefeito que está gastando mal o dinheiro público. Se o prefeito estivesse, ao longo desses três anos, gastando bem, investindo corretamente, dando atenção ao que precisa, principalmente na área da saúde, que está um caos na nossa cidade, com certeza eu não estaria defendendo isso, porque ele estaria investido bem os recursos dos campistas. Mas ele não está, essa é a grande realidade. Não podemos deixar que ele tenha mais margem para gastar errado — finalizou o pré-candidato Caio.
“Quem é oposição não precisa fazer de conta”
Wladimir também confirmou a conversa com Fred Machado sobre o Orçamento, mas respondeu sem deixar de criticar o governo e o G8.
— Somos oposição ao governo desde o primeiro dia, nunca acreditamos no projeto político de Rafael Diniz. Ser oposição ao governo é uma coisa, oposição a cidade é outra. Qualquer governo precisa de margem de remanejamento orçamentário, ficar adiando a votação não seria saudável a ninguém. Fred Machado me ligou e eu disse que não confiava no governo ao ponto de votar o que eles queriam, mas que entedia a importância de aprovar a LOA. Tem um grupo que aprovou tudo que o prefeito quis: aumento de IPTU, aumento da taxa de iluminação pública e coleta de lixo, fim da passagem social, fim do cheque cidadão, não brigou pro aumento aos servidores públicos e por aí vai. Mas, agora, com a proximidade da eleição tentam descolar do desgaste e colocar uma máscara de bom moço. Quem é oposição de verdade não precisa fazer de conta.
Foi como Wladimir Garotinho reagiu à crítica recebida por um site local ligado do deputado estadual Rodrigo Bacellar, principal apoiador da pré-candidatura a prefeito de Caio Vianna. Com endereço certo de destinatário e remetente, a crítica do site foi feita ao fato de Fred Machado ter revelado que conversou por telefone com Wladimir sobre a Lei Orçamentária Anual.
Votação sobre pacote de contingenciamento e Orçamento expuseram o racha na base governista no final do ano passado / Genilson Pessanha
Base governista rachada com criação do G8
O racha na base governista foi adiantado pela Folha da Manhã no último dia 13 de dezembro, porém, a ruptura foi oficializada nas sessões dos dias 17 e 18, quando o G8 se alinhou com a bancada de oposição e conseguiu a reprovação dos oito projetos enviados pelo Executivo dentro do pacote de contingenciamento de gastos e para aumento de receitas que atingem, principalmente, os hospitais filantrópicos e servidores da Saúde.
Além dos vereadores de oposição Josiane Morumbi (Patri), Eduardo Crespo (PL), Cabo Alonsimar (PTC), Renatinho do Eldorado (PTC), Alvaro Oliveira (SD) e Rosilani do Renê (PSC), tam-bém votaram pela reprovação de todas as medidas os parlamentares Enock Amaral (PHS), Igor Pereira (PSB), Ivan Machado (PTB), Joilza Rangel (PSD), Jorginho Virgílio, Marcelo Perfil (PHS), Neném (PTB) e Paulo Arantes (PSDB), que faziam parte da base governista anterior-mente.
O racha na base governista foi adiantado pela Folha da Manhã no último dia 13 de dezembro, porém, a ruptura foi oficializada nas sessões dos dias 17 e 18, quando o G8 se alinhou com a bancada de oposição e conseguiu a reprovação dos oito projetos enviados pelo Executivo dentro do pacote de contingenciamento de gastos e para aumento de receitas que atingem, principalmente, os hospitais filantrópicos e servidores da Saúde.
Além dos vereadores de oposição Josiane Morumbi (Patri), Eduardo Crespo (PL), Cabo Alonsimar (PTC), Renatinho do Eldorado (PTC), Alvaro Oliveira (SD) e Rosilani do Renê (PSC), tam-bém votaram pela reprovação de todas as medidas os parlamentares Enock Amaral (PHS), Igor Pereira (PSB), Ivan Machado (PTB), Joilza Rangel (PSD), Jorginho Virgílio, Marcelo Perfil (PHS), Neném (PTB) e Paulo Arantes (PSDB), que faziam parte da base governista anterior-mente.
Já durante a votação do orçamento, Igor – apontado como líder da cisão – acusou o governo de fazer manobras e de pressionar os parlamentares. “Com o maior respeito que tenho pelo senhor (Rafael), mas o que aconteceu nesta Casa foi uma das maiores demonstrações de falta de diálogo, falta de habilidade. Com essa queda de braço não vai chegar a lugar nenhum. O governo critica a velha política, mas fez pressão.
Por outro lado, Rafael negou as acusações e disse que não faltou diálogo. “Quem me conhece sabe que sou uma pessoa que não ultrapassa os limites. Na minha opinião, o que houve foi uma vontade de fazer uma política irresponsável muito maior do que ter coragem para fazer aquilo que é necessário para continuar cuidando da nossa cidade”.
Fonte:Fmanhã
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