CAMILLA SILVA
— A área de transbordo do rio é 10,40 m na cidade, mas, com as comportas abertas, já começa a inundar áreas rurais e bairros periféricos. Por isso tomamos a medida preventiva de fechar todas as comportas. Por sermos uma planície, nós vivemos dois extremos ao mesmo tempo. Tem local que está cheio e local que está seco em um mesmo canal, então se você abre um bairro pode estar com alagamento enquanto a água não chegou mais adiante — explicou o presidente do Comitê do Baixo Paraíba, João Siqueira.
Os canais têm três funções. Nas chuvas, eles atuam como sistema de drenagem. Na seca, é possível conduzir água para produtores em locais da Baixada Campista. E, de uma forma geral, eles recebem o esgoto do tratado da cidade.
A decisão sobre quando as comportas abrem e fecham fica a cargo de grupo de trabalho, criado no Comitê desde 2011, composto por universidades, prefeituras, pescadores e produtores rurais. Segundo um levantamento realizado pelo órgão no final do ano passado, todos os canais precisam de manutenção de limpeza de vegetação. Na área urbana, outro problema aparece: é o do acúmulo de lixo e ligação clandestina de esgoto. Responsável pelo projeto que realizou a limpeza do canal Campos-Macaé, a Águas do Paraíba falou sobre o assunto. “Infelizmente, o lançamento de lixo continua sendo feito nas margens e no interior do canal, além de gordura despejada por bares, lanchonetes e restaurantes que continuam sujando e poluindo o canal”, lamenta o Superintendente de Águas do Paraíba, engenheiro Juscélio Azevedo.
Para o ecohistoriador e ambientalista Aristides Soffiati, as inundações são consequências de erros históricos, de 200 anos, na ocupação de áreas. “Campos tem um modelo de cidade desenvolveu-se com um marcante traço: a grande desigualdade social. Essa característica leva as cidades a se desenvolverem de forma desordenada, com a ocupação de áreas ambientalmente frágeis. Daí os frequentes desastres causados por chuvas, alagamentos e deslizamentos de encostas”, afirmou. (C.S.)
Jogo de empurra sobre manutenção de dique
A Folha buscou o Inea e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) sobre quando havia sido a última manutenção do dique que rompeu. O Inea afirmou que “os diques existentes ao longo dos rios Muriaé e Paraíba do Sul foram implantados pelo Governo Federal, a quem compete o monitoramento, manutenção e a recuperação dessa estrutura”. Já o Dnit, “devido às fortes chuvas que atingem o estado do Rio de Janeiro, houve rompi-mento de um dique existente na altura do KM 118, que é administrado pelo Instituto Estadual do Ambiente – INEA.
Ações em andamento e planejadas em 2020
Sobre a manutenção dos canais, o Inea afirmou que está ocorrendo intervenção nos canais Coqueiros e Cacumanga e há previsão de intervenção também no canal São Bento. “Os de-mais não estão contemplados nesta primeira etapa do projeto, que tem duração prevista de um ano. A etapa posterior está em fase de elaboração para preparo da licitação”, completou. O município informou que entre canais primários secundários e terciários, o município conta com cerca de 1400 km de extensão- de canais urbanos e rurais e que tem buscado viabilizar a manutenção de canais seja através de parcerias com o Governo do Estado ou mesmo pelos órgãos municipais, quando em área urbana. “Somente nos últimos meses, foi feita a limpeza de trechos dos canais Cacomanga, Coqueiro e São Bento em parceria com a Secretaria Esta-dual do Ambiente e Sustentabilidade, pelo projeto “Limpa Rio”. “A Prefeitura, por sua vez, já vem limpando outros canais e valas urbanas como a vala de drenagem de Custodópolis, Jardim Aeroporto, canal Rio Branco, canal do Saco, canal Campos-Macaé, entre outros. Técnicos da secretaria de Agricultura também fazem constantemente levantamentos para manutenção da limpeza e busca de parcerias através dos órgãos estaduais”.
Genilson Pessanha
Cheias. Alagamentos. Deslizamentos. Os problemas se repetem em todo verão que tenha maior concentração de chuvas. Em Três Vendas, o rompimento de um dique e a preocupação com uma possível inundação ocorre pela terceira vez em menos de 15 anos e tanto população quanto especialistas questionam falta de planejamento e manutenção de estruturas de controle e contenção de estragos. Embora os afluentes do Paraíba do Sul tenham transbordado em vários municípios do Norte e Noroeste Fluminense - deixando cerca de 21 mil pessoas fora de suas casas -, em Campos, o rio não chegou perto da sua cota máxima, que é de 10,40 m. A possibilidade de enchente, no entanto, foi o suficiente para que o Instituto Esta-dual de Ambiente (Inea) e o Comitê do Baixo Paraíba decidissem pelo fechamento das com-portas que ligam ao rio os canais que cortam o município.
— A área de transbordo do rio é 10,40 m na cidade, mas, com as comportas abertas, já começa a inundar áreas rurais e bairros periféricos. Por isso tomamos a medida preventiva de fechar todas as comportas. Por sermos uma planície, nós vivemos dois extremos ao mesmo tempo. Tem local que está cheio e local que está seco em um mesmo canal, então se você abre um bairro pode estar com alagamento enquanto a água não chegou mais adiante — explicou o presidente do Comitê do Baixo Paraíba, João Siqueira.
Os canais têm três funções. Nas chuvas, eles atuam como sistema de drenagem. Na seca, é possível conduzir água para produtores em locais da Baixada Campista. E, de uma forma geral, eles recebem o esgoto do tratado da cidade.
A decisão sobre quando as comportas abrem e fecham fica a cargo de grupo de trabalho, criado no Comitê desde 2011, composto por universidades, prefeituras, pescadores e produtores rurais. Segundo um levantamento realizado pelo órgão no final do ano passado, todos os canais precisam de manutenção de limpeza de vegetação. Na área urbana, outro problema aparece: é o do acúmulo de lixo e ligação clandestina de esgoto. Responsável pelo projeto que realizou a limpeza do canal Campos-Macaé, a Águas do Paraíba falou sobre o assunto. “Infelizmente, o lançamento de lixo continua sendo feito nas margens e no interior do canal, além de gordura despejada por bares, lanchonetes e restaurantes que continuam sujando e poluindo o canal”, lamenta o Superintendente de Águas do Paraíba, engenheiro Juscélio Azevedo.
Para o ecohistoriador e ambientalista Aristides Soffiati, as inundações são consequências de erros históricos, de 200 anos, na ocupação de áreas. “Campos tem um modelo de cidade desenvolveu-se com um marcante traço: a grande desigualdade social. Essa característica leva as cidades a se desenvolverem de forma desordenada, com a ocupação de áreas ambientalmente frágeis. Daí os frequentes desastres causados por chuvas, alagamentos e deslizamentos de encostas”, afirmou. (C.S.)
Jogo de empurra sobre manutenção de dique
Possibilidade de enchente levou o Instituto Estadual de Ambiente (Inea) e o Comitê do Baixo Paraíba a decidirem pelo fechamento das comportas que ligam o rio Paraíba aos canais / Genilson Pessanha
Na última terça, o dique da Boianga, na localidade de Três Vendas, em Campos, não suportou a força da água com a cheia do rio Muriaé e se rompeu, apesar do trabalho da Defesa Civil municipal para reforçar a barragem. A estrutura foi estabelecida, após os rompimentos da BR 356 (Campos-Itaperuna) nas cheias de 2007 e 2012, como forma de impedir que a água chegasse à rodovia, que funciona como um segundo dique para evitar alagamentos na localidade. No local onde o asfalto cedeu nos anos anteriores, foi instalada uma manilha para preservar a estrutura da estrada, que caso ficasse aberta, direcionaria o volume do rio para o bairro. Por isso, a Defesa Civil realizou o bloqueio com a colocação de barros e pedras na abertura.
A Folha buscou o Inea e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) sobre quando havia sido a última manutenção do dique que rompeu. O Inea afirmou que “os diques existentes ao longo dos rios Muriaé e Paraíba do Sul foram implantados pelo Governo Federal, a quem compete o monitoramento, manutenção e a recuperação dessa estrutura”. Já o Dnit, “devido às fortes chuvas que atingem o estado do Rio de Janeiro, houve rompi-mento de um dique existente na altura do KM 118, que é administrado pelo Instituto Estadual do Ambiente – INEA.
Ações em andamento e planejadas em 2020
Sobre a manutenção dos canais, o Inea afirmou que está ocorrendo intervenção nos canais Coqueiros e Cacumanga e há previsão de intervenção também no canal São Bento. “Os de-mais não estão contemplados nesta primeira etapa do projeto, que tem duração prevista de um ano. A etapa posterior está em fase de elaboração para preparo da licitação”, completou. O município informou que entre canais primários secundários e terciários, o município conta com cerca de 1400 km de extensão- de canais urbanos e rurais e que tem buscado viabilizar a manutenção de canais seja através de parcerias com o Governo do Estado ou mesmo pelos órgãos municipais, quando em área urbana. “Somente nos últimos meses, foi feita a limpeza de trechos dos canais Cacomanga, Coqueiro e São Bento em parceria com a Secretaria Esta-dual do Ambiente e Sustentabilidade, pelo projeto “Limpa Rio”. “A Prefeitura, por sua vez, já vem limpando outros canais e valas urbanas como a vala de drenagem de Custodópolis, Jardim Aeroporto, canal Rio Branco, canal do Saco, canal Campos-Macaé, entre outros. Técnicos da secretaria de Agricultura também fazem constantemente levantamentos para manutenção da limpeza e busca de parcerias através dos órgãos estaduais”.
Fonte:Fmanhã
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