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Morreu nesta segunda-feira, dia 31, Jair de Ogum, de insuficiência pulmonar. O pai de santo, que estava internado no Hospital Casa São Bernardo, na Barra da Tijuca, ficou conhecido por atender famosos e por ter participado durante 12 anos da programação da Rádio Globo, no Rio de Janeiro. O babalorixá atuava há quase 60 anos.
"O Aye e Orun são planos que se complementam na construção da nossa ancestralidade. Ao se complementarem eles fecham um ciclo. Hoje, dia 31 de Agosto de 2020 (mês de OBALUAÊ), às 9h, ele fechou o ciclo. No fechamento deste ciclo de vida terrena, Babalorixá Jair de Ogum, sacerdote espititual, que iniciou-se em 1961 na nação da Alaketu pela Yalorixá Júlia de Obaluê cumpriu sua missão no compromisso com as religiões de matrizes africanas, sendo também considerado o Rei da Umbanda no Brasil. O Babalorixá Jair de Ogum fundou seu Ilê Axé: Ilê da Oxum Apará em abril 1978. No dia de hoje, Jair de Ogum segue para o Orun, tornado-se um ancestral", diz a nota de falecimento.
Nascido em Itabuna, na Bahia, em 22 de março de 1944, Jair de Ogum foi iniciado na religião em Olaria, na Zona Norte do Rio, aos 17 anos. Ao fim da vida, morava no bairro do Pilar, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Filho de Ogum e Oxum, o menino se tornaria um dos mais reconhecidos babalorixás do país — nomenclatura destinada aos sacerdotes com vasto conhecimento da umbanda e do candomblé, das raízes africanas e da ancestralidade. Foi pai de santo de estrelas como as atrizes Soninha de Paula e Arlete Salles e o cantor Elymar Santos.
Em abril de 1977, fundou em Itaguaí o templo e a Associação Beneficente Ilê da Oxum Apará, instituição espírita de caridade e utilidade pública. Por sua obra no local, Jair recebeu várias honrarias de instituições públicas e religiosas. Em 1994, a Alerj concedeu-lhe o título de cidadão do estado do Rio de Janeiro e a Medalha Tiradentes. Dois anos depois, foi coroado o Rei da Umbanda no Brasil. Em 2004, recebeu também a Medalha Pedro Ernesto da Câmara de Vereadores do Rio.
Jornalista, radialista, escritor, apresentador e palestrante, Jair de Ogum publicou vários livros e participou de diversos programas na TV Globo e em outras emissoras. Por 12 anos, participou diariamente do programa de Haroldo de Andrade na Rádio Globo. Publicou por anos suas previsões no EXTRA e na revista Canal Extra, além de vários outros jornais do Rio. Trabalhou no Ministério de Educação e Cultura (MEC), na Fundação Leão 13 e fundou também a Casa de Cultura Santa Cândida.
O sucesso em meios de comunicação renderam a Jair de Ogum menções honrosas entre políticos. Em entrevistas, o pai de santo gostava de relembrar ter sido recordista de cartas na Rádio Globo, em 1995. O baiano também era grato a um cabeleireiro de um renomado salão de beleza em Ipanema, que foi o responsável por lhe apresentar a diversos famosos. O cantor Elymar Santos, um dos que se já se consultou com o babalorixá, prestou uma homenagem ao amigo.
"Descanse em paz e obrigado por tudo. Saudade eterna", escreveu.
O babalorixá deixa seis filhos biológicos, Jane Valeria, Clebio, Uiara, Leonardo, Clara Musa e Gabriela, além de netos, irmãos, sobrinhos e filhos de axé, como é o caso da assessora administrativa Vanessa Fernandes, de 40 anos, que conviveu desde pequena com Jair de Ogum.
— Meu pai foi um grande guerreiro na luta pela nossa religião, um dos maiores exemplos de dignidade e fé. Tenho muito orgulho pelo grande homem que foi. Honraremos sua memória por gratidão a tudo que representa e fez pela umbanda e o candomblé — disse.
O velório será nesta terça-feira, dia 1, em Itaguaí., região metropolitana do Rio de Janeiro.
Fonte Extra
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