Defesa da família da vítima acredita que versão de legítima defesa do réu será derrubada
Família de Thiago, que esteve quinta-feira no fórum para a audiência, aguarda desfecho do caso (Foto: Carlos Grevi)Foram ouvidas, na noite dessa quarta-feira (7), as testemunhas de acusação arroladas na ação penal pública sobre o homicídio do estudante Thiago Ferreira de Oliveira, de 19 anos. O jovem foi morto com um tiro no olho esquerdo, em 5 de maio de 2019, pelo policial militar reformado Marcos Paulo Gomes Batista, 47 anos, na saída de um show de pagode que acontecia na Usina do Queimado, em Campos. Além da namorada do jovem, que o acompanhava na hora do crime, foram ouvidos durante a primeira audiência de instrução e julgamento do caso os policiais militares que atenderam a ocorrência e o investigador da Polícia Civil responsável pelo caso.
De acordo com o advogado da família do jovem, Rodrigo Pereira, trata-se de homicídio qualificado por motivo fútil. “O réu alegou legítima defesa e disse que Thiago estava muito agitado e que o jovem se aproximou de seu carro e deu um soco no capô. Mesmo se isso tivesse ocorrido, houve uma grande desproporcionalidade. O máximo que poderia ter acontecido ao veículo era um dano material. É desproporcional com a ação do réu, que desferiu um tiro no rosto do Thiago. Essa versão de legítima defesa está cada vez mais difícil de ser sustentada”, argumentou.
Thiago morreu na hora (Foto: Reprodução)
O advogado acredita que na próxima audiência, que ainda não tem data marcada, já deve ocorrer a pronúncia do réu. A sentença de pronúncia é uma decisão que não põe fim ao processo. Ela apenas decide que existem indícios de um crime doloso contra a vida, que o acusado pode ser o culpado e que, por se tratar de um crime doloso contra a vida, o processo será julgado por um tribunal do júri e não por um juiz sozinho.
Durante a primeira audiência de instrução e julgamento, Rodrigo Pereira conta que as anotações criminais do réu chamaram a atenção. “Violência doméstica, lesão corporal, ameaça e desobediência estão entre as passagens do réu pela polícia”, destacou.
Pai de Thiago, Mário Francisco Souza disse que aguarda com expectativa o fim do processo. Ele e a família estiveram nessa quinta, no Fórum Maria Tereza Gusmão de Andrade, mas não puderam acompanhar a audiência, que terminou quase meia-noite. “Nada vai trazer meu filho de volta, mas será um conforto para nossa família saber que o culpado, enfim, será preso. Porque até hoje ele está solto e andando por aí”, comentou.
A equipe de reportagem não conseguiu contato com a defesa do policial militar reformado. Ainda assim, respeitando o princípio do contraditório, o Jornal Terceira Via aguarda e publicará a versão do réu sobre o assunto.
Thiago Ferreira de Oliveira foi morto com um tiro no olho esquerdo (Foto: Divulgação)
O crime
O estudante foi baleado e morto durante a madrugada, dentro da área que pertence à Usina do Queimado, na Avenida Nilo Peçanha, em Campos. No local acontecia um show do cantor de pagode Dilsinho. Na época, uma mulher que preferiu não se identificar disse que estava saindo do evento quando um carro modelo Astra branco se aproximou.
Ainda segundo a testemunha, o tiro que matou Thiago teria sido disparado pelo homem que chegou no veículo. A ação aconteceu em menos de um minuto e o carro partiu em seguida. Houve correria após o crime.
Quando a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiro chegaram ao local do crime, após serem acionados, a vítima já estava morta.
Terceira Via/Show Francisco
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