Não há até o momento nenhuma indicação da transmissão da Covid-19 dos animais domésticos para os humanos
Foto: Ana Branco/Raphaela Ramos
Foram registrados, nesta semana, os primeiros casos de coronavírus em cães no Brasil. Cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) anunciaram que um vira-lata e um buldogue francês testaram positivo pelo exame molecular de RT-PCR. Por isso, o EXTRA conversou com dois veterinários sobre como proteger seu cão durante a pandemia. Confira as dicas dos especialistas.
Flavio Moutinho, professor da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF), destaca que vivemos um período de exceção, durante o qual devem ser tomadas todas as medidas recomendadas para evitar a transmissão do coronavírus tanto para humanos quanto para outros animais.
— Isso é uma questão de cidadania e respeito ao próximo — afirma ele, que acrescenta: — Devemos sempre buscar o bem-estar de nossos animais, portanto, passeios na rua e ida ao veterinário quando necessário não podem ser negligenciados. Se os tutores tomarem os cuidados recomendados e higienizarem as patas dos animais ao retornarem da rua, o risco de infecção de pessoas ou animais reduz bastante.
Com a divulgação de informações sobre registros de cães e gatos com diagnóstico positivo para o coronavírus, o veterinário se preocupa com a possibilidade do aumento do abandono, já que os tutores podem ficar com receio de contrair a doença. Ele destaca que não há, até o momento, nenhuma indicação da transmissão da Covid-19 dos animais domésticos para os humanos, somente o inverso.
— Essa informação é vital para evitar que pessoas se desesperem e os abandonem por medo — afirma Moutinho.
Diogo Alves, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro, afirma que os cuidados com a higiene dos animais devem ser intensificados neste período de pandemia como precaução, mas ressalta que não é preciso alarmismo.
— Existem quatro relatos de morte, no mundo todo, de dois gatos e dois cães que tinham Covid-19, mas nenhum deles mostrou que essa doença foi a causa do óbito. Eles não morreram de Covid-19, e sim de outras doenças — destaca Alves, que também é vice-presidente Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais do RJ.
Cuidados com o seu bichinho de estimação
Isolamento em caso de contaminação - É recomendável que os pets sejam tratados como membros da família, e, caso alguém esteja infectado, essa pessoa também deve se manter isolada dos animais
Passeio com segurança - É importante manter a rotina dos passeios, principalmente para os animais que vivem em apartamento, mas devem ser tomados todos os cuidados de segurança para cães e tutores. É fundamental manter o distanciamento em relação a outras pessoas ou a outros animais, e, ao retornar para casa, efetuar a limpeza das patas
Higiene intensificada - Existem produtos próprios para a higienização das patas, mas água e sabão próprio para animais são suficientes para limpá-las e eliminar possíveis partículas virais. É fundamental secar bem o local molhado para evitar doenças como as micoses. De modo geral, a rotina e a periodicidade de banhos podem ser mantidas
Sem álcool em gel - O álcool em gel não deve ser usado nas patas dos animais em hipótese alguma, pois pode provocar lesões dermatológicas
Hora do banho - Quem pode dar banho nos animais em casa deve preferir essa opção. Mas, caso leve a um pet shop, é importante que o local tenha um protocolo rígido de controle da doença. Veterinários dizem que é, sim, possível continuar levando os animais a esses estabelecimentos, mas recomendam buscar locais registrados no Conselho Regional de Medicina Veterinária para uma maior segurança
Sem uso de máscara - Não há nenhuma recomendação de uso de máscara pelos animais. Elas impossibilitam seu bem-estar e podem trazer mais distúrbios do que benefícios
Consulte o veterinário - Caso o cão apresente qualquer sintoma que aparente adoecimento, o médico veterinário deve ser consultado. No entanto, é importante lembrar que existe uma série de doenças que afetam os animais e podem causar sintomas semelhante aos da Covid-19
Fontes: Flavio Moutinho, professor da Faculdade de Veterinária da UFF, e Diogo Alves, vice-presidente do CRMV-RJ e da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais do RJ
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