Este domingo é dia de decidir qual grupo político vai governar Campos pelos próximos 4 anos
O eleitor campista vai às urnas neste domingo (15) para escolher quem vai governar a cidade pelos próximos quatro anos. Se os institutos de pesquisa que fizeram levantamentos de intenção de voto nos últimos dias estiverem certos, quatro grupos políticos podem chegar ao segundo turno com alguma chance de vitória. Representados por Dr. Bruno Calil (SD), Caio Vianna (PDT), Rafael Diniz (CDN) e Wladimir Garotinho (PSD), esses grupos têm longas histórias na política da planície.O ex-governador Garotinho conduz com mão de ferro seu grupo, que hoje é representado pelo seu filho Wladimir. Uma dezena de denúncias e condenações pairam sobre Garotinho, que já foi preso e teve que usar tornozeleira eletrônica. Garotinho está com seus direitos políticos cassados, mas não deixa de participar ativamente da campanha do filho. Em relação a Caio Vianna, o grande líder de seu grupo é o ex-prefeito Arnaldo Vianna, que, apesar de popular, ainda carrega algumas denúncias no seu histórico político e também está com seus direitos políticos cassados.
Já Bruno Calil foi o escolhido para dar voz e imagem ao grupo político do ex-vereador Marcos Bacellar, que chegou à presidência da Câmara de Vereadores, mas foi cassado e até hoje enfrenta problemas na Justiça. Marcos e seu filho, o deputado estadual Rodrigo Bacelar (citado no escândalo da Saúde do governo Witzel) além de patrocinarem a candidatura do médico, querem eleger também Marquinho Bacellar, filho e irmão dos líderes do partido.
Sobre Rafael Diniz, atual prefeito de Campos, apesar de ser neto de Zezé Barbosa (ex-prefeito da cidade nas décadas de 70 e 80), não carrega um grupo ligado diretamente ao avô, e nem processo algum na Justiça ou contas rejeitadas, mas começou a campanha com índice elevado de rejeição, fruto dos diversos problemas financeiros que enfrentou na sua gestão devido aos rombos nos cofres públicos. Rafael praticamente montou seu grupo político do zero, mas ficou muito isolado com seus secretários em seus gabinetes durante o governo. Contudo, no processo eleitoral conseguiu apresentar dados e justificativas plausíveis, além do fato de ter pedido desculpas públicas por não ter conseguido realizar suas promessas de campanha.
O eleitor vai às urnas neste domingo com tudo isso na cabeça, e numa eleição que, até a última semana, estava relativamente calma, mas que nos últimos dias teve o clima esquentado por conta de mudanças nos status da candidatura de Wladimir Garotinho e pedido de impugnação da chapa do Dr. Bruno Calil, tudo pode acontecer.
Cara nova para um velho conhecido
Dr. Bruno Calil (Foto: Carlos Grevi)
Dr. Bruno Calil se candidata pela primeira vez a um cargo eletivo e traz ao seu lado, como vice, o Pastor Éber Silva (DEM). Sem história política pregressa, ele foi apadrinhado pelo deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD) e escolhido para capitanear candidatura do Solidariedade de uma lista que incluía, ainda, pelo menos mais uma médica e um ex-juiz, todos de perfil outsider.
O grupo que patrocina a candidatura de Bruno Calil, no entanto, é velho conhecido de Campos e tem como figura central o ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Campos Marcos Bacellar, que renunciou, no início de outubro, a nova candidatura ao Legislativo. À época, afirmou que não concorreria “amparado em decisão liminar que pudesse atingir a segurança jurídica necessária ao exercício do cargo”.
A fala não foi casual. Marcos Bacellar foi afastado três vezes em seus três mandatos de vereador. A última aconteceu em 2018, após a Justiça Eleitoral entender que ele não poderia ter concorrido àquela Legislatura por estar enquadrado na Lei da Ficha Limpa por ter tido suas contas reprovadas quando presidiu a Câmara, entre 2007 e 2008. Ele chegou a assumir uma cadeira na Casa de Leis, com base em uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) , mas acabou afastado após o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) rejeitar recursos de sua defesa.
Antes, Marcos Bacellar já havia sido cassado duas vezes: em 2010, por suspeita de desvio de verbas publicitárias da Campos Luz, e em 2012, por abuso de poder econômico. O vereador foi absolvido das duas acusações.
Filho de Marcos, Rodrigo Bacellar foi eleito à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) em 2018, em sua primeira candidatura a um cargo eletivo. Relator do processo de impeachment do governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), por supostos atos de corrupção na gestão da pandemia do novo coronavírus, o deputado estadual foi citado em delação pelo ex-secretário de Estado de Saúde do Rio, Edmar Santos, como parte do esquema de desvios na pasta que resultou no afastamento de Witzel. Ele nega.
Em nome do pai
Caio com o pai Arnaldo (Foto: JTV)
Caio Vianna (PDT) tenta, pela segunda vez, a prefeitura de Campos. Filho de Arnaldo Vianna (PDT), que governou o Município entre 1998, quando Anthony Garotinho, de quem era vice, deixou o cargo para uma campanha bem sucedida ao Governo do Estado, a 2004, após se eleger para um mandato próprio.
Arnaldo Vianna chegou a ser afastado no último ano de sua gestão, após se ver às voltas com denúncias de superfaturamento na contratação de artistas para se apresentaram na cidade. De acordo com o processo, cantores recebiam menos do que o declarado pela Prefeitura. O afastamento acabou revertido por sua defesa.
O ex-prefeito também foi alvo de uma ação movida pelo Ministério Público por suposto superfaturamento de obras em praças da cidade, orçadas em R$ 46 milhões, e condenado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) a devolver R$ 3 milhões referentes a obras que não foram realizadas. Adicionalmente, Arnaldo Vianna foi condenado a devolver R$ 1,8 milhão, que teria investido no desfile da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, que, no Carnaval de 2002, exaltou a cidade de Campos.
Em 2008 e novamente em 2012, Arnaldo Vianna teve registro de candidatura a Prefeito de Campos indeferido e os votos considerados nulos após ter suas contas rejeitadas pelo TCE e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Já em 2015, o TCU condenou Arnaldo Vianna a devolver R$ 276.498,54 ao Governo Federal e a pagar multa de R$ 25 mil por irregularidades no gasto do dinheiro destinado à implantação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) pela Prefeitura de Campos, entre os anos de 1999 e 2000. A decisão o tornou inelegível até 2023.
Em busca da reeleição
Neto do três vezes prefeito de Campos Zezé Barbosa e filho do ex-deputado estadual e ex-vereador Sérgio Diniz, ambos já falecidos, Rafael Diniz chegou à Prefeitura em 2016, após passagem pela Câmara Municipal de Campos.
Alçado ao poder em primeiro turno em uma eleição marcada pela rejeição ao grupo político de Garotinho, Rafael se aproxima de concluir seu primeiro mandato, durante o qual estabeleceu relações políticas próprias.
Com a gestão marcada pelo endividamento da gestão Rosinha e pela queda acentuada da arrecadação de royalties e participações especiais, o prefeito é lembrado pelas medidas de austeridade e criticado pela escolha de parte de seu secretariado, tido como afastado das necessidades da população.
Durante o processo eleitoral, Rafael pediu se desculpou com o eleitorado por não ter cumprido diversas das promessas feitas em 2016 e apresentou dados econômicos do Município para justificar a necessidade de reduzir investimentos e definir prioridades.
Com as contas aprovadas pelos órgãos de controle nos quatro anos de seu governo e sem processos na Justiça, ele tenta vencer a rejeição, a maior entre os quatro candidatos a prefeito, para conquistar a reeleição.
Encontro com o passado
(Foto: Carlos Grevi)
Filho dos ex-governadores do Estado do Rio de Janeiro e ex-prefeitos de Campos Anthony e Rosinha Garotinho, ambos inelegíveis, Wladimir Garotinho promete trilhar um caminho próprio em sua possível gestão. Contudo, ele pode ter que lidar com o passado familiar e administrativo do Município em breve, já que pede votos enquanto órgãos de controle, Ministério Público e a Justiça decidem o que fazer com as milhares de páginas de documentos que compõem os relatórios de quatro Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), que apontaram uma grande quantidade de irregularidades supostamente cometidas no mandato de sua mãe.
A CPI do PreviCampos apurou indícios de 11 crimes que teriam sido cometidos por 14 suspeitos, incluindo a ex-prefeita. Entre eles, estão como corrupção passiva, associação criminosa, apropriação indébita previdenciária e caixa II eleitoral.
Já a CPI do Fundecam, destinada a apurar possíveis irregularidades na concessão de créditos pelo Fundo de Desenvolvimento de Campos, apontou negligência da gestão da dívida com aumento da concessão de empréstimos e do índice de inadimplência. Isso teria gerado um passivo de mais de R$563 milhões no período de 2002 a 2016. Responsável pela 2ª Promotoria de Tutela Coletiva, Marcelo Lessa Bastos recomendou investigação penal.
Por sua vez, a CPI das Rosas investigou o contrato da prefeitura com a empresa Emec Obras e Serviços Ltda para manutenção civil e paisagística de canteiros, parques, praças e jardins, no valor total de R$ 76.150.706,73. O relatório final sugeriu indiciamento de Rosinha por formação de quadrilha e improbidade administrativa. Com base no texto, o MP abriu investigação criminal.
A CPI da Odebrecht, que apurou pagamentos irregulares da empreiteira à ex-prefeita e ao ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, elencou indícios da prática de crimes como associação criminosa, fraude de concorrência pública, crime de corrupção passiva, caixa dois eleitoral, lavagem de dinheiro, improbidade administrativa na construção de casas do Projeto Morar Feliz, entre 2009 e 2016.
A relação do casal Garotinho com a Odebrecht levou os dois temporariamente à prisão por duas vezes em 2019. Dois anos antes, os ex-governadores foram presos preventivamente durante durante a Operação Caixa D’Água, por suspeita da prática dos crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais.
Alçado ao poder em primeiro turno em uma eleição marcada pela rejeição ao grupo político de Garotinho, Rafael se aproxima de concluir seu primeiro mandato, durante o qual estabeleceu relações políticas próprias.
Com a gestão marcada pelo endividamento da gestão Rosinha e pela queda acentuada da arrecadação de royalties e participações especiais, o prefeito é lembrado pelas medidas de austeridade e criticado pela escolha de parte de seu secretariado, tido como afastado das necessidades da população.
Durante o processo eleitoral, Rafael pediu se desculpou com o eleitorado por não ter cumprido diversas das promessas feitas em 2016 e apresentou dados econômicos do Município para justificar a necessidade de reduzir investimentos e definir prioridades.
Com as contas aprovadas pelos órgãos de controle nos quatro anos de seu governo e sem processos na Justiça, ele tenta vencer a rejeição, a maior entre os quatro candidatos a prefeito, para conquistar a reeleição.
Encontro com o passado
(Foto: Carlos Grevi)
Filho dos ex-governadores do Estado do Rio de Janeiro e ex-prefeitos de Campos Anthony e Rosinha Garotinho, ambos inelegíveis, Wladimir Garotinho promete trilhar um caminho próprio em sua possível gestão. Contudo, ele pode ter que lidar com o passado familiar e administrativo do Município em breve, já que pede votos enquanto órgãos de controle, Ministério Público e a Justiça decidem o que fazer com as milhares de páginas de documentos que compõem os relatórios de quatro Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), que apontaram uma grande quantidade de irregularidades supostamente cometidas no mandato de sua mãe.
A CPI do PreviCampos apurou indícios de 11 crimes que teriam sido cometidos por 14 suspeitos, incluindo a ex-prefeita. Entre eles, estão como corrupção passiva, associação criminosa, apropriação indébita previdenciária e caixa II eleitoral.
Já a CPI do Fundecam, destinada a apurar possíveis irregularidades na concessão de créditos pelo Fundo de Desenvolvimento de Campos, apontou negligência da gestão da dívida com aumento da concessão de empréstimos e do índice de inadimplência. Isso teria gerado um passivo de mais de R$563 milhões no período de 2002 a 2016. Responsável pela 2ª Promotoria de Tutela Coletiva, Marcelo Lessa Bastos recomendou investigação penal.
Por sua vez, a CPI das Rosas investigou o contrato da prefeitura com a empresa Emec Obras e Serviços Ltda para manutenção civil e paisagística de canteiros, parques, praças e jardins, no valor total de R$ 76.150.706,73. O relatório final sugeriu indiciamento de Rosinha por formação de quadrilha e improbidade administrativa. Com base no texto, o MP abriu investigação criminal.
A CPI da Odebrecht, que apurou pagamentos irregulares da empreiteira à ex-prefeita e ao ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, elencou indícios da prática de crimes como associação criminosa, fraude de concorrência pública, crime de corrupção passiva, caixa dois eleitoral, lavagem de dinheiro, improbidade administrativa na construção de casas do Projeto Morar Feliz, entre 2009 e 2016.
A relação do casal Garotinho com a Odebrecht levou os dois temporariamente à prisão por duas vezes em 2019. Dois anos antes, os ex-governadores foram presos preventivamente durante durante a Operação Caixa D’Água, por suspeita da prática dos crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais.
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