O Pastor Everaldo depõe por videoconferência para desembargadores e deputados Foto: André Coelho / Agência O Globo
André CoelhoPreso desde 28 de agosto, o presidente do PSC, Pastor Everaldo pediu clemência e misericórdia ao depor, por videoconferência, para o Tribunal Especial Misto no processo de impeachment do governador afastado Wilson Witzel. Ele é a terceira testemunha a ser ouvida pelo tribunal. Ele se recusou a responder questionamentos do tribunal, alegando já ser alvo de inquérito no Superior Tribunal de Justiça pelos mesmos fatos apurados:
— Não estou em condições de prestar nenhum depoimento neste processo. Isso se deve ao fato de eu ser réu perante o STJ pelos mesmos fatos que são apurados no processo de impeachment, e meu foco é me defender naquela corte. Estou preso há precisamente 112 dias, a meu ver indevidamente.
Mesmo se recusando a responder, Everaldo continuou a ser questionado pelos integrantes do tribunal, e pediu "misericórdia":
— Mais uma vez pedindo misericórdia, perdão, clemência, eu não tenho como falar, pois sou réu sobre o mesmo assunto.
Everaldo já foi denunciado em três inquéritos do MPF, acusado de ser um dos chefes dos esquemas de corrupção no estado. Em uma das denúncias, ele é descrito como "veterano da corrupção" no Rio.
Após se recusar a responder uma pergunta do deputado Waldeck Carneiro (PT), sobre quando conheceu Wilson Witzel, questionamento tido como “genérico” e sem relação com os processos no STJ, o presidente do TJ-RJ. Cláudio de Mello Tavares, interveio, irritado:
— O senhor fala muito em misericórdia, mas queria que o senhor respondesse com misericórdia às perguntas que estão sendo feitas — disse. — Eu quero que o senhor responda com objetividade à pergunta que foi genérica e que não envolve o processo criminal!
Mesmo assim, Everaldo afirmou que “todas as perguntas estão interligadas”, voltou a pedir misericórdia e chorou ao dizer que está em difícil situação emocional.
— Eu estou com o filho com Covid no hospital, internado, pode morrer a qualquer hora.
A afirmação voltou a irritar Cláudio de Mello Tavares:
— Isso eu não posso aceitar! O senhor responda às perguntas!
Everaldo, então decidiu responder sobre quando conheceu Witzel, mas afirmou apenas que teria sido no ano de 2017, quando ele ainda era juiz federal:
— Não me recordo exatamente as circunstâncias.
Everaldo só respondeu à pergunta feita pelo deputado Carlos Macedo, que também é pastor evangélico e apelou para a fé do presidente do PSC e citou uma passagem bíblica ao perguntar se ele recebeu R$ 15 mil do governador Witzel, como afirmou o delator Edmar Santos, ex-secretário de Saúde:
— Me senti constrangido como evangélico e como pastor também — afirmou Macedo. — Por isso, faço um apelo por uma resposta por parte do senhor.
Após a intervenção, Everaldo deu a primeira resposta completa de seu interrogatório:
— Nunca recebi R$15 mil ou qualquer dinheiro do governador Witzel.
O interrogatório segue com apelos do TJ-RJ para que Everaldo responda às perguntas.
Fonte Extra
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