terça-feira, 30 de março de 2021

CCCC completa um ano em meio à maior crise da Covid-19 em Campos

Data é marcada por atraso nos salários dos profissionais da linha de frente, falta de leitos e aumento de casos em todo o Brasil


População faz fila em busca de atendimento no Centro de Controle e Combate do Coronavírus, na Beneficência. (Foto; Carlos Grevi)

Há exatamente um ano, a Prefeitura de Campos dos Goytacazes dava início às atividades do Centro de Controle e Combate ao Coronavírus (CCCC). Naquele 30 de março de 2020, a pandemia de Covid-19 já afetava um pequeno grupo de pessoas. O primeiro caso da doença no Brasil foi confirmado no dia 26, quatro dias antes da abertura do CCCC que passou a funcionar no hospital Beneficência Portuguesa. Na ocasião, havia 14 casos suspeitos de infecção em toda a cidade. Um ano depois, os casos confirmados da doença se aproximam de 24 mil, com 815 mortes registradas até o momento de publicação desta reportagem.

O Jornal Terceira Via questionou a Prefeitura de Campos sobre a avaliação do Centro de Controle e Combate ao Coronavírus e o enfrentamento da doença nesse período de 12 meses. Criado na gestão de Rafael Diniz (Cidadania), o CCCC foi incorporado pelo atual governo de Wladimir Garotinho (PSD). Por meio de nota, a assessoria de comunicação do Executivo considera que são muitos momentos difíceis enfrentados nesta pandemia. “Foram vários. No entanto, agora está muito complicado devido ao número de aumento de casos, mortes e pessoas em fila de espera por UTI e clínica médica”, cita.

Sede do CCC (Foto: Carlos Grevi)

Assim que foi criado o CCCC, nas redes sociais da Prefeitura e no site oficial do governo era informado que a estrutura receberia pacientes com sintomas graves, como febre alta e falta de ar. Pacientes com sintomas leves, como tosse, dor no corpo e febre baixa, deviam procurar orientação discando 192. Este procedimento mudou, pois atualmente todos os casos suspeitos devem ser notificados nas unidades de saúde do município que orientam pacientes para exames, e se há ou não necessidade de internação ou até mesmo tratamento em Unidade de Terapia Intensiva.

Nos últimos dias, desde que o prefeito Wladimir decretou medidas mais restritivas para o município durante a Fase Vermelha, a fim de combater o avanço da Covid-19, estima-se que com o novo lockdown os casos de contágio sejam diminuídos. No CCCC, a espera por vagas em leitos de enfermaria e de UTI preocupa governos, profissionais de saúde e boa parte da população. De acordo com o censo de acompanhamento diário de leitos, a ocupação em UTI passa de 100% nas redes SUS e Particular. A ocupação de Clínica Médica chega a 90,27%. Até o momento em que esta matéria era escrita, havia na fila de espera por leitos Covid, 32 pacientes.

O número de óbitos por causa da Covid-19 também tem preocupado governantes e profissionais de saúde que estão na linha de frente contra a doença. Nos últimos dias, Campos dos Goytacazes ultrapassou a marca de 800 mortes provocadas pelo coronavírus (eram 815 óbitos até o instante em que este texto foi escrito).

Primeira morte em Campos

Primeira morte por coronavírus: Hudson Santos tinha 39 anos e foi internado no CCC

A primeira morte registrada no Município aconteceu no dia 11 de abril de 2020. O caminhoneiro Hudson Pinto dos Santos, de 39 anos, era morador da Penha. Ficou internado por uma semana no Centro de Controle e Combate ao Coronavírus , foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu.

No ano passado, a Secretaria de Saúde informou que Hudson deu entrada no CCC em estado moderado da doença, mas evoluiu rapidamente para grave. Desde então, cerca de 24 mil pessoas foram diagnosticadas com Covid-19, mas de acordo com especialistas, o número de infectados pode ser bem maior devido aos casos assintomáticos, e por nem toda a população ter sido testada para o coronavírus, um ano depois do início da pandemia. Mais de 21 mil pessoas conseguiram se recuperar da doença.

Crise na Beneficência Portuguesa – CCCC

Funcionários da Beneficência no pátio da unidade (Foto: Arquivo)

Nas últimas semanas, o Jornal Terceira Via tem recebido uma série de reclamações de profissionais de saúde que atuam no Hospital Beneficência Portuguesa e no Centro de Controle e Combate ao Coronavírus, como atrasos de salários, falta de insumos e medicamentos, problemas de infraestrutura para funcionamento pleno do setor que envolvem a falta de leitos.

O desgaste físico e emocional é recorrente entre alguns profissionais que se manifestaram, mas que preferiram não se identificar. A sobrecarga dos profissionais motivou a direção da unidade a solicitar – via ofício à Secretaria de Saúde – o rodízio dos profissionais concursados, o que ainda não foi respondido. Questionada sobre as denúncias, a direção da instituição continua sem dar respostas à Imprensa sobre a solução para os problemas.

De acordo com fontes da reportagem, até segunda-feira (29) pediram demissão 18 profissionais de saúde. Dois enfermeiros, cinco fisioterapeutas e 11 técnicos de enfermagem decidiram sair da Beneficência Portuguesa, alegando atraso nos pagamentos, sobrecarga de trabalho, entre outras insatisfações. Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde informa que o atendimento está regular no CCCC (Centro de Controle e Combate ao Coronavírus), mesmo com a saída de alguns profissionais.

“A secretaria informa ainda que o repasse com a Instituição está em dia. O hospital recebeu no último dia 05/03 a verba federal no valor de R$1.298.33,34 e de repasse municipal o valor de R$51.732,97.Sobre a questão de pagamento aos profissionais, a responsabilidade é do hospital”, informou.
Fonte Terceira Via

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